UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Acreanas

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Acreanas

Quando eu disse que vinha para o Acre, alguns desavisados me perguntaram: "o Acre existe mesmo?"

Sim, meus caros, o Acre existe! Mas ele existe também na sua condição de ficção política e, por esta razão, não menos ficcional do que qualquer outro estado, como Minas Gerais ou São Paulo. O Acre é uma especie de ficção política nascida de uma negociação de Estado com Bolívia e consumada em uma prática de nacionalização de fronteiras territoriais. E onde quer que você vá, lá está a bandeira do Acre para lembrar ao passante que o território virou estado ainda na década de 1960. Vai-se o território, ficam as práticas de demarcação do território.


Rio Branco, capital do império, mostra que nem só de bandeiras hasteadas vive o Acre. Seu rio é seu grande patrimônio. Com ele, aprendemos as regras da fluência da vida e da permanência da mudança. Aprendemos, inclusive, sobre a possibilidade de mudanças sem crise. O rio é um velho que sabe das coisas!




O rio nos levou e nos trouxe de volta da mata, outro patrimônio sem preço. Depois de pularmos um abobral - cuidado com as ramas! - e saudarmos bananeiras e tangerineiras ribeirinhas, descobrimos que a mata nativa estava logo ali, a dois ou três passos da margem. 






O tempo e a distância que nos levaram até esta magnifica Samaúma, contudo, estão alem de qualquer medida. Não se tem notícia, no mundo dos homens, de quanto tempo se leva para chegar até ela. Diz-se que a Samaúma começa com as raízes neste mundo e só vai terminar em outra dimensão, lá onde as galhas se espalham e os olhos não alcançam mais. Segundo as crenças dos nativos desta terra, a Samaúma é morada dos Espíritos. Fomos lá ver. Ao que tudo indica, estavam todos dormindo quando chegamos.







O rio, a mata, a samaúma... e as amizades. O Acre nos presenteou com seus quatro patrimônios. E nos deixou de olhos vidrados no céu, plenos de gratidão. Quanta beleza nessa terra!




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