UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Aparência e conceito

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Aparência e conceito

As aparências enganam, os conceitos idem. E os preconceitos, então, nem se fala...

Notícia publicada hoje em diversos jornais nacionais falam de um caso curioso, em que a mórbida obsessão nazista pela pureza racial acabou virando motivo de troça: "O bebê 'ariano ideal', cuja fotografia foi escolhida pelos nazistas e selecionada pelo próprio Joseph Goebbels para aparecer na capa de uma revista de propaganda, era, na verdade, judeu", relata a notícia publicada no jornal O Globo (http://oglobo.globo.com/mundo/bebe-ariano-ideal-estampado-em-capa-de-revista-nazista-era-judeu-13116678).

A revelação foi feita pela protagonista da foto, ou seja: pelo próprio "bebê ideal", Hessy Taft, hoje com 80 anos. Professora de química na Universidade de de St. John's, mãe de dois filhos e avó de quatro netos, Hessy foi escolhida "a melhor entre cem fotos clicadas pelos melhores fotógrafos alemães" e acabou se tornando capa da revista nazista 'Sonnie ins Hous'.

A foto foi submetida ao concurso, em 1935, pelo próprio fotógrafo, Hans Ballin, "um renomado fotógrafo em Berlim" que quis fazer os nazistas passarem pelo ridículo. Ironia da história: "a foto da menina também foi redistribuída em cartões postais em todo o país e até na Lituânia".

No entanto, apesar de a capa ter sido motivo de deboche na família da própria Hessy, foi justamente a "parecência" com o ideal que a manteve viva: "Eu posso rir disso agora. Mas se os nazistas soubessem quem eu realmente era, eu não estaria viva hoje", reconhece a modelo-mirim.

Se há um grande aprendizado a ser retido com esta história é a de que o "bebê ariano ideal" era (e continua a ser) um grande embuste. Os julgamentos morais calcados sobre a aparência de X ou Y também são. Contudo, nem todos, como a própria Hessy, seriam passíveis de serem julgados como modelo ideal. É que a desigualdade está em toda a parte, até na discriminação.





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