Senhoras e senhores: não é só na superfície política do nosso país, ou nas terras belicosas do Oriente Médio, que as coisas andam tumultuadas.
Cientistas japoneses acabam de registrar, pela primeira vez na história deste planeta, a ocorrência de um microssismo onda S, que é também conhecido como microssismo em onda secundária.
Mas o que vem a ser isto?
Microssismos são tremores muito fracos. Os microssismos onda S, além de fracos, são lentos, com ocorrência em uma faixa de frequência entre 0.05 e 0.5 Hertz. Eles "se movem apenas através de rochas", contrastando, portanto, com os microssismos onda P, que "se movem rápido" e podem ser detectados durante grandes furacões. Os onda P são aqueles que os animais conseguem reconhecer um pouco antes de um terremoto.
A novidade, segundo estudo publicado na Revista Science desta semana, é que um microssismo onda S, "um raro e profundo tremor de terra", teve localização rastreada em uma tempestade oceânica entre a Groenlândia e a Islândia. Denominada "bomba climática", a tempestade, apesar de potente, é de pequena amplitude, mas vai ganhando "força à medida que a pressão aumenta".
Rastreada com o auxílio de equipamentos sísmicos posicionados em terra e no fundo do mar, o estudo "detalha como os pesquisadores rastrearam a direção e a distância até a origem das ondas, e os caminhos que elas percorreram", aumentando nosso conhecimento sobre "a crosta mais profunda e a estrutura do manto superior".
E o que de bom, metaforicamente falando, podemos concluir disso tudo?
Que a potência de uma tempestade na superfície pode esconder outros abalos, tanto mais profundos e de velocidade ainda mais lenta, a ponto de permanecer praticamente imperceptíveis aos nossos olhos.
Um consolo (se é que há algum) é que os microssismos de onda S podem nos ajudar a conhecer melhor e mais profundamente as nossas camadas mais internas.
Sem mais para o momento, despeço-me sob protestos, protestos, protestos...
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário