UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: setembro 2012

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Frio?!

Sim, frio! Em plena noite de primavera, faz um frio de doer os ossos.

Pois esta notícia é em homenagem aos (inesperados, imprevisíveis e incompreensíveis) 13º C que está fazendo neste exato momento aqui na Roça Grande. E aquela que deveria ser uma bela noite enluarada de primavera certamente será também testemunha de algumas das mais baixas temperaturas do ano

Segundo notícia do jornal Folha de S. Paulo online, "a Universidade Cornell conduziu um estudo para medir o impacto da temperatura do ar condicionado no comportamento de funcionários de uma empresa de seguro" (http://classificados.folha.uol.com.br/empregos/1159746-temperatura-do-ar-condicionado-influencia-produtividade-diz-estudo.shtml).

Os resultados não poderiam ter sido diferentes: "Quando o termômetro, atingia cerca de 20º C, os empregados cometiam 44% mais erros e sua produtividade era a metade da obtida à temperatura de 25ºC". (Aliás, fico aqui imaginando só mesmo o incômodo do ar condicionado para explicar porque um jornalista da Folha separou sujeito e predicado por vírgula, como na frase anterior...).

Mas voltando à vaca fria: de acordo com Marcia Bandini, diretora da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, "se o corpo está ocupado em tentar manter um nível de temperatura, as capacidades de concentração e de análise vão diminuir".

Ótimo poder ler isto em um jornal de circulação nacional como a Folha de S, Paulo: hora de mandar um exemplar dele para São Pedro e lembrá-lo de que o inverno... já acabou. Hora de desligar o ar condicionado!















quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Yabay

Esta veio do fundo da gaveta da alma:




Obrigada por existir, Dhafer Youssef!

Listas

Deu hoje no jornal Folha de S. Paulo online: a rede social LinkedIn, direcionada para o estabelecimento de relações profissionais, organizou uma lista de 10 objetos, aparelhos ou hábitos que estão em vias de extinção nos escritórios e que podem desaparcer nos próximos cinco anos (http://classificados.folha.uol.com.br/empregos/1158950-dez-coisas-que-devem-sumir-dos-escritorios.shtml).

A lista, que é resultado de uma pesquisa entre seus usuários, não deixou de ser surpreendente. Excetuando alguns exemplos bastante auto-evidentes, como a máquina de fax (com 81% dos votos) e os gravadores de fita (com 47%), confesso que a lista conseguiu levantar questões intrigantes sobre como seria o mundo sem algumas dessas geringonças.

Entre as coisas que devem sair do cenário dos escritórios deste mundo globalizado figuram - pasmem! - "escritório com porta" (em 7o lugar, com 26% dos votos), "telefones de mesa" (9o lugar, com 23%) e "cartões de visita" (10o lugar da lista, com 17%).

Diante das opções apresentas, não pude deixar de ficar preocupada com o meu futuro agora. Ora, se os escritórios em breve não terão mais portas, então o máximo que eu posso fazer é ficar torcendo para que as janelas sejam construídas bem rente ao chão para que se possa ter acesso ao seu interior. E para os escritórios situados acima do 3o andar, peço encarecidamente que andaimes sejam deixados do lado de fora das janelas, possibilitando a entrada dos trabalhadores mais obstinados. Do contrário, terão que contratar o Homem Aranha para serviços administrativos de toda ordem.

Raciocínio semelhante deve ser aplicado aos telefones de mesa: fica difícil imaginar um lugar melhor para dispor o aparelho do que sobre a mesa de trabalho. Aliás, talvez nem exista mesmo outro lugar. Na parede, seria extremamente cansativo - a menos que se incorpore a modalidade de conversa em viva voz nos escritórios para que cada funcionário possa dar seu grito mais alto, como em um pregão da bolsa de valores.

Por último, vou precisar me preparar psicologicamente para o réquiem do cartão de visitas. Também fiquei bastante abalada com a notícia de sua desparição em tão curto prazo. Muito da minha tristeza resulta do fato de que ainda nem sequer fiz meu primeiro cartão de visitas. E mais: se ele desaperecer em tempo hábil, o que faremos com as visitas? Elas virão até nós, mesmo sem cartão?

Estas são, contudo, questões de difícil resposta. Para obtê-las, teríamos que consultar alguma instância divinatória superior - algo como o Oráculo de Delfos. Mas ainda assim, teremos problemas. Pode ser que os oráculos tenham entrado em vias de extinção em listas anteriores... juntamente com as enceradeiras!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Audemars

Tem aquela máxima - campeoníssima de cinismo - que diz que "ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão". Mas e se fosse para comprar de ladrão, os 100 de perdão ainda valeriam?

Pois eu acredito que se valessem mesmo, o leilão dos relógios de pulso do ex-líder do narcotráfico, Juan Carlos Ramirez Abadia, não teria sido o fiasco que foi. Das 20 peças à venda, apenas uma foi arremata - e pelo singelo lance de R$ 9.659 (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1158698-leilao-de-relogios-do-traficante-carlos-abadia-so-tem-uma-peca-vendida.shtml).

Difícil, no entanto, é imaginar como Abadia, que já foi condenado em primeira instância no ano de 2008, deve estar acompanhando, de longe, o desmantelamento de sua coleção megalomaníaca de relógios suiços.

Sim, porque se o fiasco do leilão das peças de Abadia teve uma função neste mundo, ele certamente foi o de me abrir os olhos para um universo paralelo - o dos relógios de luxo a preços que correspondem, sem risco de exagerar, ao de um apartamento em bairro de classe B aqui na Roça Grande: "Entre as peças disponíveis, há um Audemars Piguet Suisse, avaliado em US$ 219 mil (R$ 447 mil), um Frack Muller Geneve, que vale cerca de US$ 190 mil (R$ 388 mil), e um Cartier Swiss avaliado em US$ 189 mil (R$ 386 mil)", conforme relata notícia publicada hoje no Jornal Folha de S. Paulo online.

Fora esses, "também há dois Rolex, ambos prateados, um com fundo com pedras brilhantes transparentes, contorno de pedras azuis e pulseira em couro azul (avaliado em R$ 185,7 mil) e outro com pulseira metálica em três cores - ouro, prata e bronze - (R$ 112,7 mil), e três Bvlgari, dois prateados (R$ 54 mil e R$ 34 mil) e outro dourado (R$ 54,2 mil), todos com pulseiras de couro".

No meu humilde entender, um leilão desses é, sem dúvida, um passaporte para entrar no mundo das pessoas sem noção. E sabem por quê? Porque por mais genuíno e deslumbrante que seja o relógio Audemars Piguet Suisse do senhor Abadia, ele não será capaz de fazer os anos de condenação passarem mais rápido!







sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Das literalidades e absurdos

2012, além de ser um ano supersônico (ele passa primeiro e só depois é que você ouve o barulho), é também o ano dos absurdos - conforme nos mostra esta notícia publicada hoje no jornal Hoje em Dia online: Sarah Moss, uma atriz britânica de 26 anos, esteve prestes - literalmente! - a engolir um sapo. (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/bizarro/britanica-encontra-sapo-morto-em-pacote-de-espinafre-1.36143)

Absurdo nº 1:  "Sarah, que contou ter ficado em choque, encontrou um sapo morto em um pacote de espinafre que comprou em um supermercado da rede Tesco, no Reino Unido, conforme publicou o jornal 'Hackney Gazette'." 

Absurdo nº 2: a repulsa e o estado de choque da cliente foram considerados de pouca valia para a rede de supermercados Tesco, já que "a atriz recebeu uma compensação de 10 libras (cerca de R$ 33)".

Absurdo nº 3 (forjado para angariar mais leitores para este blog): a atriz teria sido vista aos beijos com o sapo, na esperança de que ele vire príncipe e lhe pague um sanduíche decente na rede de supermercados concorrrente.

Sejamos menos literais, por favor!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Tornado

Ser a pessoa certa no lugar certo. Quem nunca desejou esta sorte para si? Pois este parece ter sido o caso de um cineasta australiano, em mais um episódio para a série "Das coisas que não acreditei que veria em 2012".

Os detalhes do evento que motivou tamanha distinção foram trazidos a público por uma notícia publicada hoje no Jornal Folha de S. Paulo online. Trata-se de um fenômeno raro registrado antes de ontem, 2a feira, do outro lado do globo terrestre: "Um tornado de fogo foi registrado nesta segunda-feira em Alice Springs, na região central da Austrália. O fenômeno, chamado de demônio de fogo, é raro"(http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1155873-raro-tornado-de-fogo-atinge-regiao-central-da-australia.shtml).

Bem, todos já ouvimos falar do estrago que tornados são capazes de gerar em outros países, como nos EUA, por exemplo. Mas o poder de destruição de um tornado de fogo é muito pior do qualquer um poderia imaginar: "O maior fenômeno registrado do gênero aconteceu no Japão, em 1923, durando 15 minutos e causando a morte de 38 mil pessoas".

Apesar dos pesares, há quem tenha tirado proveito da passagem do tornado. Este foi o caso do cineasta Chris Tanger, "que buscava locações para um novo filme" e pôde registrar o raro evento: "o redemoinho tinha 30 metros de altura" e "soava como um avião supersônico", afirma.

Sabe-se, no entanto, que "o fenômeno do tornado de fogo é raro e dura em média dois minutos. O redemoinho é formado quando uma coluna de ar quente que sobe para a atmosfera entra em contato com fogo no solo". Pois bem: ser o homem certo no lugar certo não é para qualquer um: Tanger afirma que o evento durou cerca de 40 minutos, quase três vezes mais do que o maior fenômeno registrado oficialmente até então.

.E mais: o caráter disruptivo do fenômeno só vem a confirmar a excepcionalidade da sua presença naquele lugar, naquele momento: "O tempo estava perfeito e a temperatura chegava uns 25 graus. Era um dia inteiramente previsível. Eu faço filmagens há 23 anos e nunca vi nada como aquilo".

Sinceramente? Nem eu. Mais uma surpresa que 2012 guardava na manga!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Preguiça

Sim, meus caros: estou cada dia mais convencida de que minha mãe tinha razão quando ela balançava a cabeça e vaticinava: "o povo não sabe mais o que inventa"....

Como a sabedoria é um atributo muito presente na família, já fui logo conferindo esta notícia no jornal Hoje em Dia online sobre produtos feitos especialmente para preguiçosos. Não que miha mãe fosse vidente, mas a matéria parece ter sido feita para ela: "Uma tela que promete definir a barriga como tanquinho, um sapato que serve para limpar o piso ou certo equipamento que ajuda a calçar as meias são apenas alguns exemplos dos diversos aparelhos inusitados que chamam a atenção nas mídias sociais" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/bizarro/produtos-esquisitos-para-preguicosos-viram-febre-na-internet-1.34832).

Existe, contudo, um quê de continuidade na suposta onda produtos para este público-alvo. É que, mesmo se já vai longe no tempo aquelas publicidades de TV das meias Vivarina e das facas Ginsu, a confrontação lógica dos slogans de ambas as marcas acabou criando uma contradição performativa irresolúvel até os dias atuais: as meias que nunca rasgam podem ser cortadas pelas facas que tudo cortam?

Não resolvido até hoje o problema lógico criado por slogans de cunho universalista, ficamos à mercê das promessas ambiciosas que tais produtos nos fazem. Mas a melhor de todas elas, sem dúvida, é a máquina de produzir "barriga de tanquinho": parece uma grelha de churrasco! Na verdade, ela serve para comprimir o ventre, mas se o indivíduo for para o sol com um troço desses, corre o risco de ser passado na farofa e devorado pelo primeiro glutão (ou glutona) que passar.

Em segundo lugar na escala das promessas publicitárias estapafúrdias, encontramos este simpático pinguim que cronometra o tempo de infusão do chá, retirando o saquinho em tempo hábil. Nada contra o pinguim, mas acho que ele se adaptaria mal ao calor sufocante das xícaras de chá fumegantes. E acaso algum de vocês decida comprar um desses, é bom ir logo sabendo  que um pinguim raramente duraria duas semanas em um emprego semelhante. A menos que ele tenha se resfriado em cima da geladeira

Por último, mas não menos importante, a matéria cita  um produto de grande utilidade para quem pensa seriamente que o mundo deveria acabar em barranco - que é para poder morrer escorado: "Imagine chegar em casa depois do expediente cansativo e não precisar fazer nenhum esforço sequer para passar as páginas do livro enquanto lê!?". Pois sim: trata-se de um painel automático que sustenta e passa as páginas de um livro, enquanto você concentra todas as suas energias na fruição da sua leitura predileta. Tão mágico quanto as tradicionais meias Vivarina - ou as facas Ginsu.

Nao que eu tivesse algo contra os preguiçosos! A bem da verdade, eu fiquei foi com uma baita inveja dos produtos dedicados aos preguiçosos: por que será que ainda não inventaram um blog que se auto-escreve automaticamente? Se precisarem de cobaia. cá estou!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Macaco-lesula

Intrigante o olhar desse nova espécie de macaco que encontraram na África: batizado cientificamente de Cercopithecus lomamiensis, o macaco chamou atenção da imprensa pela penugem loura e, claro, pelo fato de ter sido achado pulando louramente os galhos das árvores da bacia do Rio Lomami (Congo) (http://oglobo.globo.com/ciencia/macaco-louro-descoberto-por-cientistas-na-africa-6081965).

Incrível, aliás, foi perceber que em nenhum momento o redator da notícia se comoveu com seu olhar. O máximo que se fez foi descrever outras características anatômicas do animal: "O cercopithecus tem porte médio, corpo magro e o rosto parcialmente livre de pelos. Quanto mais jovem, mais loira é a pelagem", relata a notícia.

E eu pergunto: como assim?! Depois do sorriso da Monalisa, o olhar do Cercopithecus há de se tornar o grande enigma imagético da nossa era.

Pois bem, dou um prêmio para quem melhor souber adjetivar aquele olhar! Eu, cá do meu lado, arriscaria a opinião de que aqeueles olhos traduzem um misto de tédio e complacência, como se estivessem  - quem sabe? - dizendo ao leitor da notícia um displicente: "Ai, me poupem!"

Pois vou dormir muito grata a você, macaco-lesula, por ter sido a grande inspiração para o meu dia. Afinal, macaquear é preciso!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Presentes da tribo

A vida é uma troca constante que, vez por outra, acontece na forma de presentes.

Pois eu hoje ganhei, no mínimo, dois exemplares. O primeiro deles foi uma citação de Nietzsche :

" ‘Eu fiz isso’, diz minha memória.
‘Eu não posso ter feito isso’, diz meu orgulho,
e permanece inflexível. Por fim _ a memória cede."
(Friedrich Nietzsche, Para Além do Bem e do Mal)

O segundo presente foi "Benke", uma canção-antídoto para a memória que cede, eternizada pela voz de Milton Nascimento:



Conquanto alguns presentes estejam cifrados em linguagem pouco acessível, outros, em contrapartida, são de tamanha obviedade que só merecem transcrição. Assim sendo, transcrevê-los-ei, de modo que a memória e orgulho possam em breve se reconciliar.


 



Miopia anti-social

Como respeitar o limite entre seu quintal e o quintal do vizinho, se a cerca que antes o separava deixou de ser "visível"?

Pois bem: estou falando metaforicamente desse tipo de polimento social que coloca limites (necessários) nos ímpetos de agressão verbal e psicológica entre pares; que torna o convívio social possível e minimamente suportável; e que alija palavras rudes e preconceituosas antes mesmo que elas aflorem no palato do cidadão comum.

A notícia que suscitou o tema figura entre as mais lidas da Folha de S. Paulo online de hoje: "Um funcionário da empresa de acessórios Visou foi obrigado a fazer uma retratação pública por ofender, via rede social, uma consumidora que não recebeu a compra que fez e resolveu reclamar com o perfil da loja na rede social Facebook" (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1151709-funcionario-manda-cliente-insatisfeita-procurar-um-macho-loja-diz-que-fez-estorno.shtml).

Tomando partido da denunciante, a matéria da Folha reproduz um trecho do diálogo entre as partes que revela os pormenores da agressão verbal à cliente. A conduta do funcionário encarregado da mediação da empresa via redes sociais foi a tal ponto grosseira que beirou o surrealismo. É ao funcionário que se atribui a seguinte sequência de deselegâncias (peço perdão aos estômagos mais sensíveis, mas uma tal conduta precisa ser exposta para, no mínimo, causar bastante constrangimento ao seu autor):

- "Aproveita e leva isso para eles: VAI SE FODER SUA COMUNISTAZINHA DE MERDA.
e não vamos enviar merda nenhuma
vai transar sua mal comida
nem foto põe de tão feia que deve ser"

Diante de provas tão contundentes de tamanha inadequação social, creio não ser preciso esmiuçar o rico manancial de preconceitos que subjaz à mensagem.

Para mim, a questão é a seguinte: essa conversa mole de defesa das "mídias sociais" - um termo da moda que me faz subir nas tamancas, pois induz o leitor a pensar que as mídias convencionais prescindem das relações sociais - omite uma série de questões relevantes sobre limites socialmente aceitos e coletivamente construídos.

Em primeiro lugar, acredito que muitas pessoas hoje estão sendo acometidas de uma espécie de miopia social que não as deixa ver muito mais além do seu próprio umbigo. Em segundo lugar, acredito que muita gente anda perdendo o tino para perceber - e respeitar! - o limite colocado pelo outro. E mais: penso cada vez mais que uma boa parte dos "consumidores de mídias sociais" não sabe mais fazer a distinção entre o seu quintal e a praça pública, pois os limites entre esses dois espaços tão importantes - conquanto distintos - para a constituição da subjetividade foram a tal ponto banalizados, que eles nem sabem mais como e quando a adequação é necessária.

Em um mundo como o nosso, eivado de preconceito e individualismo, fica claro o risco que se corre: que a cerca  que antes delimitava o comportamento socialmente aceitável está sendo totalmente ignorada pelos míopes das mídias anti-sociais.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Máscaras e melancias

Em tempos turbulentos e/ou propensos a mudanças intempestivas como os nossos, as coisas que convencionamos chamar de "normais" podem ser revestidas de um novo sentido ou, simplesmente, perder totalmente o sentido que até então faziam para os reles mortais.

Não faz sentido, por exemplo, motoristas arriscarem suas vidas - e as nossas! - de maneira totalmente irresponsável nas estradas deste país. Mas este foi o caso deste motorista de um caminhão cegonha que foi preso por direção perigosa durante o feriado da Independência.

Segundo notícia publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo online, "policiais receberam a denúncia que um caminhoneiro na BR-324 estava jogando os carros que trafegavam na via para fora da pista. A polícia localizou o suspeito na altura do km 550, dirigindo com uma máscara" (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1151139-caminhoneiro-mascarado-e-preso-apos-assustar-motoristas-na-ba.shtml).

O toque pitoresco da história foi perceber que a máscara que o motorista usava para assustar os demais motoristas era a imagem do próprio demo - o que fez com que as coisas, de repente, passassem a fazer o maior sentido: irresponsabilidade e um excesso gritante de identificação com a máscara, diriam alguns.

Enquanto isso, do outro lado do globo terrestre, o russo Alex Anuchkin vira celebridade nas redes sociais por um fato não menos pitoresco: ele encontrou um cogumelo gigante de 8kg em uma floresta na região de Kemerovo. "Conforme publicou o jornal 'Komsomolskaya Pravda', o cogumelo gigante mais parecia uma melancia", relata notícia publicada no jornal Hoje em Dia online (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/bizarro/cogumelo-gigante-tem-aparencia-de-melancia-1.32198).

Quem já teve o desatino de comer um melancia inteira - ou meia melancia, que seja - sabe muito bem o quão indigestas as danadas podem ser. Assim o é também com os cogumelos tóxicos: uma escolha mal-feita e você corre o risco de esticar as canelas mais cedo: se ele for do "bom" exemplar, um caminhão de proteínas estarão nos aguardando para desfrute gastronômico; mas se ele for do "mau", os sintomas variarão de intoxicação moderada à possibilidade de desenvolvimento de quadro de insuficiência renal, dependendo do tipo ingerido.

Pois o cogumelo de 8kg tem a cara do momento em que vivemos. A impressão que fica é que o resultado de nossas escolhas podem nos catapultar para o céu ou para o inferno, alternadamente, sem que tenhamos sequer o tempo de ponderar sobre nossos erros. Guardadas as devidas proporções, o caminhoneiro irresponsável vive um problema da mesma ordem do dilema do cogumelo-melancia: quando as coisas que fazemos habitualmente perdem totalmente o sentido originário, a ponto de sermos levados aos extremos das nossas falhas ou dos nossos êxitos, uma coisa é certa: por mais que nos escforcemos, não haverá máscara que nos esconda de nós mesmos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Cardíacos

Hoje serei breve, pois os olhos já estão caídos pela metade.

Cardíacos do mundo inteiro: animai-vos! Novos estudos revelam que reanimação cardíaca prolongada em pacientes com parada cardiorespiratória aumenta as chances de sobrevida.

De acordo com notícia publicada na edição do jornal Folha de S. Paulo online de hoje, o estudo "é um dos maiores de seu tipo e um dos primeiros a vincular a duração dos esforços de reanimação aos índices de sobrevivência" (http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1148795-reanimacao-cardiaca-prolongada-traz-beneficios-mostra-estudo.shtml).

Bem, se você é leigo como eu e achou a questão da eficácia da reanimação prolongada de uma obviedade sem tamanho, saiba que o pensamento médico dominante até então pensava o contrário: "As descobertas contradizem o pensamento médico convencional, segundo o qual uma reanimação prolongada em pacientes hospitalizados geralmente é inútil, porque, quando os pacientes sobrevivem, frequentemente sofrem danos neurológicos permanentes". Contrariamente a este pensamento, os pesquisadores descobriram "que os pacientes que sobreviveram à reanimação cardíaca prolongada e tiveram alta hospitalar se saíram tão bem quanto os que foram reanimados em pouco tempo.

Os novos achados, contudo, concluem outra coisa: "Os pesquisadores descobriram, pelo contrário, que os pacientes que sobreviveram à reanimação cardíaca prolongada e tiveram alta hospitalar se saíram tão bem quanto os que foram reanimados em pouco tempo".

De fato, reanimar corações agonizantes não deve ser tarefa fácil. Como eu sou totalmente a favor da reanimação dos corações sofridos, resolvi juntar um clássico de George Harrison - especialista super-especializado em reanimação cardíaca prolongada pela via auditiva - para desejar paz, amor e uma ótima noite de sono a todos os cardíacos.

 



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Analogias

Alguns dizem que é o fim dos tempos. Outros dizem que é início de uma nova era. Qualquer que seja a perspectiva, se tem algo que já é tido como certo, esse 'algo' é o fim do sistema analógico de TV, que começará a deixar de existir no Brasil a partir do ano de 2013.

De acordo com notícia publicada no jornal Hoje em Dia online, "o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse nesta terça-feira (4) que o desligamento do sinal da TV analógica, na frequência de 700 megahertz (MHz), poderá começar em 2013 em 'duas ou três cidades', de forma experimental" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/economia-e-negocios/desligamento-do-sinal-analogico-pode-comecar-em-2013-1.30258).

O interessante nesta história é que, ao contrário das obras prometidas para a Copa do Mundo, que vivem sendo postergadas, o desligamento do sistema analógico acabou sendo antecipado: "Originalmente, no projeto da TV Digital, o desligamento completo do sinal analógico estava previsto para julho de 2016", prossegue a notícia.

Apesar das divergências aparantes, as razões na origem de tanta celeridade no processo de desopilação da frequência de700 MHz são, no entanto, bastante semelhantes à lógica das desocupações que vem sendo realizadas para viabilizar a Copa do Mundo: é a velha máxima do "sai da frente, que atrás vem gente". "A ideia do governo é utilizar a faixa de 700 MHz para a banda larga de 4G, como forma de complementar a frequência de 2,5 gigahertz (GHz), licitada em junho deste ano. Bernardo já afirmou que o leilão poderá acontecer no segundo semestre de 2013".

Enfim... com tanta determinação em "antecipar o futuro" da TV analógica no país, só uma coisa poderá 'melar' os projetos do governo brasileiro: o mundo realmente acabar em 2012!

Em caso de fim de mundo, lembre-se: não há analogia que se configure eterna.

Estradinha para o inferno

Se de boas intenções o inferno já andava cheio, agora é que ele vai ficar lotado mesmo!

Uma inglesa desesperada conseguiu a façanha de ser presa quatro vezes, ao longo de um período de 26 horas, por ouvir em volume absurdamente alto a canção "Highway to Hell", do grupo AC/DC (http://f5.folha.uol.com.br/humanos/1147672-mulher-e-presa-quatro-vezes-em-26-horas-por-ouvir-highway-to-hell-muito-alto.shtml).

Não satisfeita por ter desrespeitado três vezes a advertênciada das autoridades com relação ao volume do som, a quarta e última incursão policial foi motivada por uma agressão física contra o sobrinho: "Joyce [Coffey] foi então presa pela quarta vez após seu sobrinho chamar a polícia. Ele tentou retirar seus pertences da casa da tia roqueira, mas ela jogou uma frigideira nele", relata notícia publicada na Folha de S. Paulo online de hoje.

Em que pese seu extremo bom gosto, seu grau de incivilidade foi suficiente para encaminhá-la para uma visita ao xilindró. Conviver com alguém assim é, sem dúvida, padecer em uma via pavimentada para o inferno: não tem frigideira voadora que dê jeito. A única solução para seu egoísmo é presenteá-la com soluções individualistas: "Depois de acabar na cadeia na sexta-feira, o canal WMUR-TV disse que a juíza recomendou que, da próxima vez, ela use fones de ouvido para evitar confusão".

Pois eu sou capaz de apostar que a repercussao da insensatez da nobre dama fez a popularidade da faixa do AC/DC subir nas alturas noYoutube. Enfim... não sei se é bem este o caso, mas vou deixar aqui a minha contribuição auditiva:



Fora o infortúnio da reincidência, não há muito o que comentar: enquanto ela descansar na cadeia, todos os seus vizinhos poderão dormir na santa paz dos céus. E o seu sobrinho usará a frigideira para fins mais nobres.