UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: novembro 2012

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Marés vermelhas

Paisagens mudam, todos sabemos. Mas algumas mudanças são mais impactantes do que outras.

De acordo com notícia publicada no jornal Folha de S. Paulo, hoje foi o terceiro dia em que a costa leste da Austrália presenciou um estranho fenômeno: "uma maré vermelha" que "se espalhou pela costa leste da Austrália e causou a interdição de diversas praias próximas a Sydney" (http://f5.folha.uol.com.br/estranho/1193079-mare-vermelha-se-espalha-pela-costa-leste-da-australia.shtml).

O fenômeno, que deixa a água do mar com coloração sanguínea, seria atribuído a um protista de nome Noctiluca scintillans. "Este organismo libera amônia que pode causar irritações na pele, por isso, banhistas são recomendados a evitar o contato com a 'maré vermelha' ", explica a notícia.

Além do efeitos negativos sobre a pele humana, a rápida proliferação da Noctiluca scintillans -atribuída supostamente a mudanças circunstanciais como "um aumento súbito na temperatura da água e uma grande umidade na atmosfera" - poderia inclusive causar "a morte de peixes na região".

Sem perder o pouco de humor que me resta - e já de olho nas milhares de narrativas espraiadas aos quatro ventos sobre um suposto fim do mundo - gostaria de lembrar que há várias formas possíveis de se abordar e narrar um evento, tendo em vista o perfil psicológico do narrrador. As supostas causas da coloração vermelha do mar na Austrália certamente variariam de acordo com predisposições individuais do responsável pela transmissão da notícia.

Por exemplo, fosse o evento narrado por um alcóolatra, ele certamente preferiria acreditar que o mar da Austrália estivesse mudando da água para o vinho. Aos olhos dos valentões, tudo não passaria de briga de macho: quiçás, os verdadeiros culpados seriam o peixe-espada e o peixe-martelo, mortalmente feridos em briga por ciúmes de uma estrela-do-mar. Já as leitoras de revistas de fofocas estariam ávidas por uma entrevista picante e exclusiva com o grupo de orcas ninfomaníacas, de apetite insaciável, responsável pela súbita mudança de coloração da água.

Bem, melhor parar por aqui, por total falta de inspiração. Claro, não sem antes esclarecer que, segundo a notícia real, "amostras estão em análise para estabelecer as causas da rápida proliferação do fenômeno." Que elas fiquem prontas logo, por favor, de preferência antes do fim do mundo e da morte da narrativa.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pégaso

Minha gente, quem avisa amigo é: este ano de 2012 pede cuidados e atenção redobrada aos detalhes.

Sabe aquelas coisas que você vive pedindo que caiam do céu em sua vida? Pois bem: em um ano maluco como este, existe alguma chance consistente de que a coisa realmente caia... e dos lugares mais inusitados!

Não, não é exagero meu. A notícia publicada hoje no jornal Hoje em Dia online só vem a reforçar a opinião que toda atenção é pouca em ano de fechamento de ciclo do calendário maia: "Um cavalo morreu depois de cair dentro de uma casa, no bairro Jardim dos Comerciários, em Venda Nova, na noite desta quarta-feira", relata a notícia (http://www.hojeemdia.com.br/minas/cavalo-morre-ao-cais-dentro-de-casa-em-venda-nova-1.62077).

Nesta altura do campeonato, vocês devem estar se perguntando como - cargas d'água! - esse cavalo foi parar no telhado. Ao que responde singelamente a notícia: "De acordo com o Corpo de Bombeiros, o animal teria subido no telhado da residência, que fica no mesmo nível do terreno, antes de cair. Com o peso dele, a telha quebrou e o cavalo caiu num cômodo em construção, não resistindo aos ferimentos e morrendo".

Réquiem para o cavalo, coitado. Se ele não tivesse morrido com a queda, certamente teria morrido de susto. Ao contrário da figura mitica alada, este pobre arremedo de Pégaso não sabe o que é imortalidade, e nem tampouco poderá pleitear o papel de rena na próxima seleção de atores para o Natal do seu shopping center.

Descanse em paz, cavalinho, que 2012 já está acabando!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A Comores, com flores

Ok, seu dia foi duro. O meu também.

A impressão que dá, quando se chega ao final de dias assim, é que tudo esteve fora de lugar. E como a sucessão natural dos fatos começa a desafiar qualquer entendimento racional, a melhor coisa a fazer é tentar sair dessa lama existencial, tentando colocar a culpa na lua. Sim, culpa na lua cheia, que resolveu aprontar das suas por detrás das nuvens, deixando os motoristas da Roça Grande ainda mais insanos e as maternidades abarrotadas.

De certo, há algo na inconstância da lua que me intriga. É que além de mudar várias vezes de fases durante o mês, ela ainda se dá ao luxo de distribuir milagres ao seu bel prazer, seguindo contingências que ela só ela conhece.

Pois sendo assim, por um motivo ou por outro - não se sabe ao certo - a lua quis que tudo hoje fosse flores nas Ilhas Comores! A razão é simples: "Um avião caiu nesta terça-feira no oceano Índico, perto das Ilhas Comores, após sofrer problemas mecânicos, mas todas as 29 pessoas a bordo sobreviveram", relata notícia publicada no jornal O Globo online. (http://oglobo.globo.com/mundo/aviao-cai-perto-de-ilhas-comores-todos-bordo-sobrevivem-6850444#ixzz2DThYxdlo).

Bom, como nem tudo pode ser só flores o tempo todo - nem nas Ilhas Comores - bastou descer mais uma linha na dita notícia para descobrir que: 1) a queda do avião aconteceu supostamente em razão de vazamento de combustível; 2) o avião em questão era da Embraer.

"O jato Embraer caiu a 200 metros do aeroporto de Moroni, cinco minutos após decolar nesta manhã, de acordo com autoridades". Voltamos, pois, à estaca zero: como explicar que 25 passageiros e quatro tripulantes tenham sobrevivido à queda de um avião da Embraer? Desafiando a ordem natural das coisas, sobreviveram todos. Mas a dúvida persiste: a lua cheia tem mistérios que certamente nem a própria lua entende!
.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Contagem regressiva

Ainda há pouco, li na rede social Facebook, o comentário de um amigo que pedia, em plena 2a feira, para a semana terminar logo!

Mas não é que este ano de 2012 realmente passou rápido, apesar de ter acontecido de tudo e mais um pouco? Pois cá estamos nós a praticamente um mês do dia 21 de dezembro, uma data ambiavelente que marca  tanto o solstício de verão no hemisfério sul (coisa que acontece, via de regra, todos os anos), como também o fim de uma longa era de 5.200 anos de duração (se nos fiarmos no calendário maia).

Bem, 2012 pode não ter sido o ano mais ameno da sua vida, mas você pelo menos há de convir que este foi - ou melhor, está sendo - um ano que soube realmente manter o suspense em alta. Aliás, não só o suspense, como a pressão arterial de alguns mais suscetíveis às oscilações de humor dos deuses maias. Pois bem: parece que o descontentamente anda não só entre os deuses maias, como também entre seus atuais descendentes que vivem no México, na Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador.

Segundo notícia publicada hoje no jornal Hoje em Dia online, "o afã mercantilista fez com que grupos indígenas acusassem governos e empresários de comercializar e corromper o sentido de mudança de ciclo, aplicando o que o líder indígena Álvaro Pop qualificou como uma interpretação ao estilo de Hollywood" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/maias-e-a-contagem-regressiva-para-o-fim-de-uma-era-1.60966).

Na Guatemala, por exemplo "espera-se que o 'fim do mundo maia' atraia 8% mais turistas" por meio de distintas atividades distribuídas em "13 sítios arqueológicos ou turísticos". Mas o ápice do evento será realmente no dia do tão esperado solstício: "Ao amanhecer de 21 de dezembro, Tikal, que foi uma das mais poderosas cidades maias, será cenário de uma cerimônia com a presença do presidente Otto Pérez, com previsão de transmissão via satélite".

Via satélite, do quintal dos maias para o mundo: quem viver, verá. Quanto a mim, mal estou dando conta de terminar o dia, quiça uma longa era de 5.200 anos. Vou deixar isto para os maias mais experientes. E para você, que ficou acordado lendo isto, espero que seu dia acabe, serena e tranquilamente, sem pirotecnia nem transmissão via satélite.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Luvas brancas

Tato, este sentido supremo, é capaz de tecer fios invisíveis, unindo o coração de quem toca ao objeto tocado. Tocar é um passo necessário para a consumação do amor. É que as pontas dos dedos têm razões que até a razão duvida.

Mas há quem pense diferente. Esta notícia publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo online prevê um tipo de "mediação" inusitado entre o ser tocante e o objeto tocado: "Hoje a noite quem visitar o museu da BMW em Munique (Alemanha) poderá tocar nos carros. Desde que use luvas, o público estará livre para acariciar as raridades" (http://classificados.folha.uol.com.br/veiculos/1190194-visitante-pode-tocar-carros-do-museu-da-bmw-com-luvas.shtml).

Denominado de Night of the White Gloves, o evento está experimentando a sua quinta edição. Para quem não sabe, "o museu conta os 95 anos de história da marca e tem 125 carros." E antes que alguém reclame das luvas, é melhor ir se conformando: a regra por lá é pegar (com luvas) ou largar, pois, "nos demais dias de funcionamento é proibido tocar nos carros. Com ou sem luvas."

Bom, certamente muitos estarão felizes só de experimentar este amor mediado e semi-tátil. Normal para quem começou a amar depois do advento do HIV. Estranho para gerações pregressas, talvez. Então, já que é assim, acabo de mudar de ideia: melhor com luvas, do que simplesmente não tocar.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Pré-Natal

Todo final de ano, o ritual se repete: correria desenfreada, ruas cheias, chuva fora de hora, trânsito caótico. Este período que antecede o Natal é tanto mais complexo quando se percebe que o pré-natal deveria ser um momento de gestação da vida. Mas não! Nessa época, tem-se justamente a impressão oposta: está todo mundo correndo como se estivesse pela hora da morte.

A prova mais cabal deste estado de espírito - nada natalino, por sinal - é que os bebês de hoje já estão cansados de antes de virem ao mundo. Pelo menos, é o que sugere notícia publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo online. "Os seres humanos adquirem a capacidade de bocejar ainda na barriga da mãe, indica um estudo publicado na revista científica de acesso livre 'PLoS ONE' " (http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1189189-fetos-sao-capazes-de-bocejar-afirma-pesquisa-britanica.shtml).

Realizada por pesquisadores da Universidade de Durham e da Universidade de Lancaster (RU), a descoberta "foi feita usando a tecnologia 4D, um tipo de ultrassom que permite ver detalhes tridimensionais dos fetos em tempo real". Foram analisados 15 fetos em diferentes fases do pré-natal, entre a 24ª e a 36ª semana de gestação.

Isto posto, só me resta desejar aos meus leitores insones um "pré-natal" mais sereno e mais pleno de vitalidade, porque para mim, já deu.  Estou igual a esses fetos: só bocejando!

Bombinhas

Ironias deste ano de 2012: enquanto a Secretária de Estado Hillary Clinton e o chanceler egípcio Mohamed Kamel Amr anunciam o cessar-fogo na Faixa de Gaza (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/palestinos-e-israelenses-chegam-a-acordo-sobre-cessar-fogo-1.59419), mais de um terço dos jovens dos EUA tomam bomba.

As bombas, contudo, não se referem aqui a artefatos bélicos ou à reprovação escolar. O título da matéria publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo online explica bem o tipo de "bomba" que se quer desarmar: "Mais de um terço dos jovens nos EUA toma suplemento para aumentar músculos" (http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1188275-mais-de-um-terco-dos-jovens-nos-eua-toma-suplemento-para-aumentar-musculos.shtml).

Os dados andaram deixando os pediatras e psiquiatras de cabelo em pé: "Num estudo publicado na revista médica 'Pediatrics', mais de 40% dos adolescentes (dos 12 aos 18 anos, aproximadamente) disseram que malham regularmente para aumentar sua massa muscular. Trinta e oito por cento deles disseram que tomam suplementos de proteínas. Quase 6% revelaram já ter tomado esteroides". Impressionante, mas incrivelmente verossímel para a realidade brasileira.

Segundo Harrison Pope, professor de psiquiatria em Harvard, o elevado consumo de suplementos revela mudanças profundas relacionadas com a imagem corporal masculina nos últimos 30 anos. O problema é querer acelerar quimicamente algo que somente a genética poderia presentear. Resultado: "os esteroides anabólicos trazem perigo para jovens cujo corpo ainda está em desenvolvimento", pois, além de interromperem "a produção de testosterona no homem", acabam "levando a problemas terríveis de abstinência quando rapazes ainda em crescimento tentam parar de tomá-los".

Hipertrofia do lado de fora, atrofia do lado de dentro: um corpo bombado não é, necessariamente, um corpo mais afetivo. E de todos os músculos do corpo humano, o miocárdio - aquele que faz seu coração bater - é o mais cético quanto aos efeitos dos esteróides anabolizantes: quando não há espaço para sentimentos puros e genuínos, ele prefere a morte súbita à uma vida de ilusões. E como diria Alceu Valença: " e a gente se ilude, dizendo 'já não há mais coração' ".







terça-feira, 20 de novembro de 2012

Saudades da Aurora

O tema é cercado de tabus, mistérios e receios, mas nunca não deixa de mobilizar a curiosidade alheia...

Pois bem, se você morre de vontade de saber quando será a sua derradeira hora... então, de fato, chegou a sua hora - se não de passar desta para melhor, pelo menos de saber que o provável horário da sua morte está determinado geneticamente em você.

De acordo com notícia publicada no jornal O Globo online, "pesquisadores da Beth Israel Deaconess Medical Center (BIDMC), dos Estados Unidos, descobriram uma variação genética que afeta o relógio biológico do corpo humano de uma maneira que torna possível prever a hora do dia em que uma pessoa está mais propensa a morrer" (http://oglobo.globo.com/saude/gene-preve-hora-do-dia-em-que-pessoas-tendem-morrer-6770800#ixzz2CoTWD5Yy).
A notícia relata que, após analisarem o padrão de sono de 1.200 adultos saudáveis com 65 anos idade, os pesquisaadores conseguiram isolar uma molécula próxima a gene específico - o "period 1" - em grupos com comportamento de sono distintos. "Os resultados mostraram que pessoas com genótipos específicos tendem a morrer em horários também específicos, facilmente identificáveis", conclui a notícia.

Segundo o autor da pesquisa, Andrew Lim, a motivação genética para a morte estaria relacionada com o nosso relógio biológico interno, que "regula vários aspectos da biologia e do comportamento humano, tais como horários de sono preferidos, pico de desempenho cognitivo, e a duração de muitos processos fisiológicos". Dito de outra forma, significa dizer que o relógio biológico "também influencia o calendário de problemas agudos de saúde como derrame e ataque cardíaco."

Resta saber, claro, se a molécula dá uma forcinha para descobrir os horários prováveis para se morrer de de bala perdida (ou bem achada) e acidente de automóvel, isto é, de outras causas que não são geneticamente influenciadas, como o câncer e o acidente vascular cerebral.

Enfim, se esta determinação for um dia realmente possível, de uma coisa a gente já pode ter certeza: aquele sambinha vai perder totalmente a sua razão de ser: "Sei que vou morrer/ não sei a hora/ levarei saudades da Aurora".

Invertidas

Assistindo estarrecida ao ataque à Faixa de Gaza, não pude evitar a ideia de que 2012 será certamente conhecido como "o ano que deixou nossas vidas de pernas para o ar". Apostando nesta constatação, conquanto de maneira humorística, o jornal  Hoje em Dia online conseguiu alanvacar duas variações sobre o mesmo tema: a bizarrice das coisas invertidas.

Em primeiro plano, está a notícia sobre a casa construída em 2006 pelo empresário polonês Daniel Czapiewski (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/bizarro/casa-de-cabeca-para-baixo-e-contra-injusticas-do-mundo-1.58300). A foto confirma para os leitores incautos que, por ventura, vierem a ler a notícia: a casa de Czapiewski  foi construída de cabeça baixo, de modo que "os móveis da residência também estão em posição invertida, o que aguça a curiosidade de quem entra na residência".

A curiosidade despertada, no entanto, não deve ter um fim em si mesma: "a ideia é transformar a atração em um símbolo de todas a injustiças contra a humanidade", já que nela se encontra "uma exposição de pinturas polacas que ilustram temas como pobreza, terrorismo, desastres naturais, guerra, comunismo e fascismo".

Também achando graça em ver inveertida a posição das coisas ordinárias está a canadense Hana Pesut, que decidiu "transformar fotos divertidas em livro" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/bizarro/imagens-de-casais-invertidos-v-o-virar-livro-1.58365). A peculiaridade da iniciativa da canadense reside no fato de que as fotos foam cedidas gentilmente por casais de internautas que toparam tirar fotos, lado a lado, em duas situações distintas: primeiro, cada qual com sua própria roupa; em seguida, cada qual com a roupa do companheiro(a).

Uma pena, no entanto, a notícia em questão terminar abruptamente, com uma frase pela metade, evidenciando o descuido do repórter responsável. O máximo que ficamos sabendo é que, "chamada de 'Switcheroo', a iniciativa ficou famosa na web".

Na falta de elementos adicionais, cabem apenas elocubrações: e se o "experimento" de Pesut tivesse um sentido mais político? Mas caso a autora ainda não tenha pensado nessa possibilidade, fica aqui a minha sugestão: inverter, em suas fotos, casais que representem credos, cores, nacionalidades, religiões e filiações políticas rivais.

Bem, talvez faltem fotos suficientes que justifiquem uma extensa coletânea. Mas o exercício de reflexão não deixa de ser válido. Afinal, de onde vem a empatia senão do esforço de tentar se colocar - humilde e humanamente - na posição ocupada pelo outro?  

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Muitas pernas

Pernas, para que te quero?

Perdão pelo trocadilho, mas a pergunta é tão antiga quanto andar para frente. Mas foi a esta mesma pergunta que o Illacme plenipes, espécie que os cientistas acreditam ser aquela que possui o maior número de pernas no reino animal, achou um jeito muito próprio de responder (http://f5.folha.uol.com.br/estranho/1186068-cientistas-revelam-segredos-de-criatura-de-3-cm-e-750-pernas.shtml).

"Apesar de medir em média somente três centímetros de comprimento, o Illacme plenipes é o animal com o maior número de pernas do mundo, chegando a ter 750 membros", relata notícia publicada no jornal Folha de S. Paulo online.

O motivo para tanta perna? De acordo com o cientista Paul Marek, da Universidade do Arizona, "a grande quantidade é uma adaptação ao estilo de vida subterrâneo, já que a espécie mora a cerca de 10 a 15 centímetros de baixo da terra".

Sim, são muitas as pernas. Mas neste feriado em que o trabalho extra e a chuva deram as mãos e saíram cantarolando pelo dia afora, fico eu aqui pensando no que faria se tivesse 750 membros como Illacme plenipes. Nem precisei gastar minha imaginação: simplesmente dividiria os 750 membros por dois e obteria 375 pares de pernas. Daí, escolheria 375 destinações nesse mundão sem porteira. Cada par de pernas teria cumpriria sua missão diplomática de levar os demais sentidos aos mais longínquos recôncavos desse que Zé Ramalho chamou de "asteroide pequeno que todos chamam de Terra".

Bem, certamente minha missão diplomática iria requerer menos adaptação ao estilo de vida subterrâneo do que para o Illacme plenipes. Além, claro, da preocupação adicional de coordenar todas as pernas e suas diferentes destinações. Mas isso eu tiro de letra! Difícil vai ser calçar todos estes pés com tênis de trekking impermeáveis.

Taí uma boa campanha para o meu próximo Natal... Prometo pensar seriamente no assunto.

Excepcionalidades

O que confere valor às coisas é seu teor de excepcionalidade. Mas valor não é preço, apesar de muitos acreditarem piamente nesta equação.

Por exemplo, um diamante indiano raríssimo, de alto teor de pureza, acaba de ser leiloado por preço recorde: US$ 21,47 milhões, o equivalente a aproximadamente R$ 42 milhões (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/diamante-indiano-e-leiloado-pelo-preco-recorde-de-r-42-milh-es-1.56626).

Apelidado de "Archduke Joseph", o diamante é "de cor D, o branco mais puro, um recorde mundial para um diamante procedente das minas de Golconda, na Índia", relata a notícia publicada hoje no jornal Hoje em Dia online. "Do tamanho de uma peça de dominó", o diamante tem preço, mas é de um valor inestimável: "as minas de diamantes de Golconda foram fechadas depois que suas reservas foram esgotadas".

Já escutar a música "Cambia todo cambia", na voz de Mercedes Sosa, é totalmente gratuito no Youtube. É gratuito, mas não tem preço. O valor? O mesmo do "Archduke Joseph": inestimável!

Joia rara que fala de mudanças, a canção de Sosa é um lenitivo para almas "de cor D".

Sirvam-se sem moderação!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Os nobres e seus brioches

Hoje, uma amiga indignada compartilhou uma espécie de comentário-denúncia lá no seu perfil do Facebook, solicitando que eu escrevesse algo a respeito do tema em questão. O tal comentário fazia alarde de algumas mal-traçadas linhas atribuídas, em princípio, a um suposto jornalista que atende pela alcunha de Walter Navarro, supostamente articulista do jornal O Tempo.

Bem, se as informações que lhe estão sendo atribuídas forem verídicas, as tais linhas foram, realmente, muito mal-traçadas. Elas são de um racismo tão escancarado, de uma irresponsabilidade tão absurda e de um etnocentrismo tão mal-ajambrado, que nem perderei meu tempo reproduzindo aqui mais do que um único comentário: "Os guaranis kaiowá não passam de recolhedores de mel no meio do mato. É o povo mais primitivo do mundo, nem chegou à Idade da Pedra", teria dito o nobre senhor.

Isso mesmo, quis dizer "nobre" senhor. No sentido mais rasteiro da palavra, "nobreza" é uma distinção por linhagem - conquanto alguns exemplos históricos tenham demonstrado que ela também pudesse ser comprada ou negociada por vias matrimoniais. Pois bem: em seu sentido menos nobre, "nobreza" significa atribuição de privilégios e status a quem teve a "sorte" de nascer do lado de lá da linha de distinção que separa os afortunados dos infelizes.

O problema é que, em uma perspectiva propriamente moderna, emancipatória e igualitária, a "nobreza" é um retrocesso nas relações humanas, visto que ela legitima a opressão e a exploração de um grupo sobre o outro, com base em status atribuído ao nascimento. Portanto, seguindo esta ordem de pensamento, se os Guarani-Kaiwovás são supostamente da "Idade da Pedra", como afirma o "nobre" senhor, então este último é filho autêntico do Antigo Regime, amigo íntimo de Maria Antonieta, e tão mal-informado sobre o conceito de sociedade pluralista que só a guilhotina dos jacobinos daria jeito na coisa.

Mas devo confessar que minha maior frustração foi ter clicado no link que supostamente me levaria ao texto supracitado (http://www.otempo.com.br/otempo/colunas/?IdColunaEdicao=20331%2COTE) e me deparado com uma lista de colunistas da qual o nome do "nobre" senhor prima pela ausência. Uma pena, devo insistir! Queria ter aprofundado minha exegese do texto do "nobre" senhor e fiquei a ver navios. Se bem que, a julgar pelas "amostras-grátis" que são oferecidas no tal comentário-denúncia, não me surpreenderia se me deparasse com uma frase do tipo: "se não tem pão, que comam brioches", a exemplo da louca Antonieta.

Quanto ao jornal O Tempo, só me resta lamentar que este veículo esteja se tornando uma espécie de filial de Klu Klux Klan, instalada no coração dos preconceitos da Roça Grande.

P.S.= Em tempo: li, após a publicação deste comentário, que o autor da pérola "Índio bom é índio morto" teria sido despedido horas depois desse crime de lesa-pátria. Pois se é assim, então lá vai: jornalista irresponsável "bom", é jornalista irresponsável decapitado! Tomou, papudo!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Carcaça

Com tanta coisa louca e sem sentido acontecendo neste ano de 2012, há espaço para todo tipo de evento e - consequentemente - para todo tipo de conjectura.

Pois bem: hoje, 2a feira brava, dia atípico para os grandes engarrafamentos, acabou sendo um dia em que o caos andou de mãos dadas com o trânsito da Roça Grande. Mas não falo de um caos qualquer, falo do caos elevado à enésima potência. Só que sem motivo aparente!
Isto é, "nada" excetuando o fato de estarmos a apenas cinco semanas do Natal, da correria, da loucura, da luta das sombrinhas por espaço na rua lotada, das lojas entupidas, do estoque esgotado, do ônibus demorado, dos encontros desencontrados, pois ninguém consegue chegar a lugar nenhum no horário desejado.

Já ia terminar o dia assim, perplexa diante do imponderável, quando dei de cara com uma notícia publicada hoje no jornal Hoje em Dia online. Ela me deu um vislumbre de explicação para tanto caos em dia insuspeito. Sim, talvez seja isto: uma carreta carregando uma carcaça de baleia passou em plena hora do rush. "Motoristas ficaram chocados ao observarem uma baleia enorme e podre passando, na hora do rush, sobre uma enorme carreta" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/carcaca-de-baleia-e-transportada-em-carreta-na-hora-do-rush-1.56046).

E vocês hão de perguntar: por que uma carcaça de uma baleia em plena hora do rush? Ora, uma coisa de cada vez! Em primeiro lugar, nem se sabe ao certo o porquê da baleia ter virado carcaça: "especialistas disseram que a baleia pode ter sido atacada por tubarões brancos que teriam arrancado várias partes de seu corpo. Mas a causa da morte do animal ainda não está totalmente esclarecida."

Em segundo lugar, vocês hão de convir que somente o desfile póstumo de uma baleia na hora do rush para explicar tamanho congestionamento na capital mineira... Bem, a única ressalva que eu faria é que o dito desfile aconteceu em outro continente: "Segundo o jornal 'The Sun', o mamífero foi levado de Capricorn Beach, na Cidade do Cabo, África do Sul, até a chegada dos responsáveis por mover o animal".

Tudo bem, também sei que vocês hão de protestar contra a precariedade das minhas hilações, já que um evento jamais poderia ter relação plausível com o outro. Mas, meus amigos, acordem! Estamos no estranho ano de 2012. E se tem uma coisa que todos estes eventos - a verdadeira causa da morte da baleia, o congestionamento na Roça Grande, a carreta desfilando na hora do rush na Cidade do Cabo - têm em comum, é o próprio fato de eles no colocarem face a face com o imponderável.

Bem, como nada mais parece fazer sentido neste estranho e surpreendente ano de 2012, eu hoje estou prefirindo ir dormir mais leve e sossegada, no embalo das explicações fáceis e superficiais. E se um evento não explica realmente o outro, para mim isto pouco importa. Vou guardar minha perplexidade para outros eventos de maior envergadura.

Quer saber? Melhor mesmo é ir dormir logo. Mais cinco minutos online e serei capaz de provar por A + B que a baleia morreu mesmo foi de enfarte com o trânsito caótico da Roça Grande.

Boa noite para quem fica!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Cadialina e outros refinamentos linguísticos

Para fechar a semana, nada melhor do que "cadialina 25mmg"!

Bem... seria cômico, se não fosse trágico. Mas fato é que um médico da cidade de Salvador teve o desplante de receitar este "santo" remédio à senhora Adriana Santos, de 33 anos(http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1183165-medico-que-receitou-cadeado-na-boca-para-mulher-emagrecer-e-afastado.shtmls).

Intrigada com o nome do suposto remédio, a paciente pergunta ao soutor onde poderia comprá-lo. Foi aí que médico em questão, dono de um refinamento linguístico digno de um animal de carga, mandou Adriana procurar um ferreiro e comprar 6 cadeados: " 'Um para a sua boca, outro para a geladeira, outro para o armário, outro para o freezer, outro para o congelador e outro para o cofre de casa', relatou ontem à Folha a mulher, que diz ter 1,53 m de altura e 100 kg".

Como se não bastasse a afronta verbal - afronta esta que foi devidamente registrada por escrito em formulário de receita médica - o doutor "Desplante" ainda foi capaz de se defender em entrevista à TV Itapoan, alegando que Adriana Santos "vive numa comunidade que não tem capacidade de abstrair as coisas".

Prezada Adriana, você deve um favor ao mundo: não abstraia! E não deixe de comprar um sétimo cadeado para trancar a boca do referido médico, para que nada parecido saia de lá.

Fechando os nossos trabalhos, 1, 2, 3... Ora de ir para a cama. Boa noite!

As Ilimitadas

Eu já ia quase acreditando, quando li que "num esforço para estimular a criatividade dos funcionários, reduzir a rotatividade e evitar o esgotamento, algumas empresas nos Estados Unidos estão oferecendo aos empregados o benefício máximo: férias ilimitadas" (http://oglobo.globo.com/emprego/empresas-lancam-mao-de-ferias-ilimitadas-para-estimular-funcionarios-6655782#ixzz2BgUL90bo).

Não, amigos, a coisa não é exatamente aquilo que parece ser. Quando, na matéria do O Globo online se diz que as férias são "ilimitadas", não se quer dizer que elas podem durar ad infinitum. E nem que irão superar em número de horas os dias trabalhados. A diretora de recursos humanos da empresa Red Frog Events, Stephanie Schroeder, dirigente de uma empresa que adota a política de férias ilimitadas, explica que "muitos de seus 80 empregados 'tiram a dois ou três dias aqui e ali' para recarregar as energias ou cumprir obrigações pessoais, tais como ir ao casamento de um amigo; mas ninguém abusou da política da empresa de férias ilimitadas".

Bem, antes que alguém solte um rojão, dizendo que a política de férias ilimitadas é um conto de fadas, é bom avisar que, na prática, a cinderela é meio banguela. Nos EUA, "a maioria das empresas oferece um período de férias fixo: o trabalhador americano mediano de tempo integral recebeu 2,6 semanas de férias no ano passado". Ou seja, ter férias dispersas no ano quando as empresas oferecem aos seus empregados uma média de 20 dias de férias é muito menos atraente do que pode parecer em princípio.

Além disso, ao contrário do Brasil, onde "são concedidos 30 dias de férias, que podem ser usufruídos integralmente ou divididos em dois períodos em algumas empresas", nos EUA não existe tempo mínimo de férias previsto por lei. Ou seja, o empregado fica muito mais à mercê do empregador do que aqui, em terras tupuniquins. Mas isso, claro, não está dito na matéria, que fala das tais férias ilimitadas como a grande novidade da vez.

Aliás, se for para jogar mais areia na farofa do leitor ávido de férias "ilimitadas", o depoimento de Jay Jamrog, vice-presidente sênior de pesquisas do Instituto para a Produtividade Empresarial, que a matéria traz é perfeito: ele "diz que o tempo de férias ilimitado é uma forma de baixo custo de ganhar a lealdade dos funcionários, e pode ajudar a compensar fatores como baixos salários, congelamento salarial ou perda de bonificações". Ou seja, quem ganha, mais uma vez, é o empregador, que continua pagando pouco e oferecendo quase nada.

Ah, claro. Só mais um adendo: o nome disso na matéria é outro e se chama "benefício máximo", pois "ao mostrar que confiam em seus funcionários, dizem os empregadores, acreditam estar cultivando uma cultura de confiança ainda mais profunda". No final das contas, rapaziada, fica claro que as  "férias ilimitadas" têm lá eus limites.

Como dizem aqui na Roça Grande: "vai que eu tô te vendo".

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Poesia na Terra do Fogo

Findo o dia, eis o que trago no peito.


O poema do Rodrigo Liboni:

"Ju
Um cheiro suave
Fortemente suave
Das terras de longe

Um toque nas profundesas da brasa
A leveza da chama trêmula
Que libera da madeira o cheiro suave

Fogo tatum
Fogo infinitum
Fogo momentum

Chama-me"


A canção "Firelands", de Tracey Hewatt:



E o sono que chega... Boa noite!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Integral, uma pinoia!

É do tempo do onça o adágio, segundo o qual não se deve julgar pelas aparências. Agora, é sabido e notório que não se deve também julgar pelos rótulos... principalmente pelos rótulos de embalagem de pão integral.

Análise do órgão de defesa do consumidor, Proteste, revela que pão integral industrializado é que nem cabeça de bacalhau: dizem que existe, mas ninguém nunca viu de verdade. Ou melhor, de integral mesmo ele tem muito pouco: "Quatro entre sete marcas testadas têm mais farinha tradicional do que a não refinada na composição", relata notícia publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo online (http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1180530-teste-mostra-que-pao-integral-tem-mais-farinha-branca-do-que-nao-refinada.shtml).

"A análise mediu a quantidade de fibras dos produtos (todos tinham mais do que o indicado no rótulo) e avaliou a lista de ingredientes da embalagem que, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, devem ser organizados em ordem decrescente de quantidade". O resultado revela que em 4 marcas, a farinha branca era o primeiro ingrediente da lista.

No frigir dos ovos, ficou evidente que as marcas se aproveitam da ausência de um marco regulatório claro que determine o que é um alimento "integral", isto é, "quanto de grãos não processados um alimento precisa ter para ser vendido como 'integral'?"

Na prática a resposta é outra: muita farinha branca com um amontoado de fibras. É... Estamos todos levando gato por lebre para casa. No caso, gato branco por lebre integral. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Frasco pequeno

É verdade, a semana passada foi a semana dos recordes: de calor aqui, de chuva acolá, de mudanças para todo lado. Mas quero começar esta semana falando de um outro tipo de recorde. O recorde da insignificância!

Bem, não é todo dia que se consegue reverter uma desvantagem explícita em vantagem competitiva; e muito menos em vantagem premiada. Mas o exemplo da cadelinha  Meysi mostra que isto pode ser possível.

Nascida com apenas 45 gramas, "Meysi foi confundida com um pedaço de placenta na hora do nascimento e quase foi jogada no lixo" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/menor-que-um-copo-cadela-pode-entrar-para-o-livro-dos-recordes-1.53183). Como se isso não fosse material suficiente para vários anos de terapia em grupo, "a cachorrinha não pode ser alimentada pela mãe já que não conseguia disputar o leite com seus quatro irmãos, que eram três vezes maior que ela."

"Pouco maior que um hamster", ou seja, com apenas 250 gr distribuídos sobre exíguos 7 cm de altura por 12 cm de cumprimento, Meysi está a 9 meses de entrar para o Guinness World Record como a  menor cadela do mundo.

Com apenas 3 meses de idade, seu maior desafio por hora é sobreviver até completar um ano de vida, quando deverá passar por avaliação para saber se destrona ou não o Boo Hoo, um chihuahua do Kentucky (USA) que detém o recorde desde de 2007.

Melhores perfumes, piores venenos. Boo Hoo e Meysi provavelmente ainda não se conhecem, mas saberão, em um futuro não muito longíquo, que tamanho não pode até não ser documento... mas precisa ser bem documentado!



sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Provadia, Sal e Memória

Arqueólogos divulgam escavação daquela que está sendo considerada como a cidade mais antiga da Europa.

Localizado no sul da Bulgária, o sítio arqueológico da cidade de Provadia contém vestígios que, segundo testes de datação de carbono, remontam ao período "Calcolítico (Idade do Cobre) médio e tardio, entre 4.700 e 4.200 anos antes de Cristo" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/arqueologos-descobrem-na-bulgaria-cidade-pre-historica-mais-antiga-da-europa-1.52117).

Estima-se que o assentamento de casas, com local de culto e muros altos, tenha concentrado cerca de 350 pessoas. Além disso, "a área é rica em grandes depósitos de sal rochoso, uns dos maiores no sul da Europa e o único a ser explorado até o sexto milênio antes de Cristo", conforme explica Vasil Nikolov, pesquisador do Instituto Nacional de Arqueologia da Bulgária.

Há 7 mil anos atrás, o sal era tão precioso quanto o ouro "por ser necessário tanto para as vidas das pessoas e como um método de comércio e moeda". Os habitantes da região de Provadia provavelmente sabiam que o sal que conserva e preserva intactos não só os nutrientes dos alimentos, como também a fibras das memórias mais singelas e voláteis.

Sal, precioso sal. O mesmo sal que me trouxe à lembrança outras lembranças felizes de um passado que se foi e que teima em voltar em sonho.

O sal pode ter sido tão precioso quanto o ouro, mas, decididamente, nada se compara à prata dessa primavera de 2012.


"Silver Springs" - Fleetwood Mac - Fonte: http://youtu.be/rYwk8IE38PA

 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Destempero

O dia de hoje conheceu a quintessência do termo destempero, pelo menos no que se refere aos recordes meteorológicos.

Aqui na Roça Grande, os termômetros acusavam recorde de calor quando, por volta das 16h da tarde de hoje, mediram 37,1º C. De acordo com o site Climatempo, esta foi simplesmente a maior temperatura registrada na cidade desde que se começou a registrar oficialmente as temperaturas, em março de 1910 (http://www.climatempo.com.br/destaques/tag/belo-horizonte/).

Já lá em Nova Iorque, os recordes são outros: "A tempestade provocou um aumento do nível das águas de quase quatro metros no centro de Manhattan, bem acima do recorde anterior, de três metros, registrado na passagem do furacão Donna, em 1960, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia" (http://oglobo.globo.com/mundo/inundacao-provocada-por-sandy-deixa-metro-de-ny-sem-circular-por-4-dias-6584839#ixzz2AvsDIH00).

No final das contas, é o ano de 2012 que não cansa de surpreender: quando você que ele rendeu tudo o que tinha que render, ele salta por cima dos termômetros e estatísticas, derrubando tudo no chão, estabanado como todo ano de intensa transformação.

Quer saber? Entre o calor daqui e as enchentes de lá, sou mais a solução do Lulu Santos: "não vá para Nova Iorque, amor, não vá/ Eu quero tudo com você/ Não vá..."