As bombas, contudo, não se referem aqui a artefatos bélicos ou à reprovação escolar. O título da matéria publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo online explica bem o tipo de "bomba" que se quer desarmar: "Mais de um terço dos jovens nos EUA toma suplemento para aumentar músculos" (http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1188275-mais-de-um-terco-dos-jovens-nos-eua-toma-suplemento-para-aumentar-musculos.shtml).
Os dados andaram deixando os pediatras e psiquiatras de cabelo em pé: "Num estudo publicado na revista médica 'Pediatrics', mais de 40% dos adolescentes (dos 12 aos 18 anos, aproximadamente) disseram que malham regularmente para aumentar sua massa muscular. Trinta e oito por cento deles disseram que tomam suplementos de proteínas. Quase 6% revelaram já ter tomado esteroides". Impressionante, mas incrivelmente verossímel para a realidade brasileira.
Segundo Harrison Pope, professor de psiquiatria em Harvard, o elevado consumo de suplementos revela mudanças profundas relacionadas com a imagem corporal masculina nos últimos 30 anos. O problema é querer acelerar quimicamente algo que somente a genética poderia presentear. Resultado: "os esteroides anabólicos trazem perigo para jovens cujo corpo ainda está em desenvolvimento", pois, além de interromperem "a produção de testosterona no homem", acabam "levando a problemas terríveis de abstinência quando rapazes ainda em crescimento tentam parar de tomá-los".
Hipertrofia do lado de fora, atrofia do lado de dentro: um corpo bombado não é, necessariamente, um corpo mais afetivo. E de todos os músculos do corpo humano, o miocárdio - aquele que faz seu coração bater - é o mais cético quanto aos efeitos dos esteróides anabolizantes: quando não há espaço para sentimentos puros e genuínos, ele prefere a morte súbita à uma vida de ilusões. E como diria Alceu Valença: " e a gente se ilude, dizendo 'já não há mais coração' ".
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