Tato, este sentido supremo, é capaz de tecer fios invisíveis, unindo o coração de quem toca ao objeto tocado. Tocar é um passo necessário para a consumação do amor. É que as pontas dos dedos têm razões que até a razão duvida.
Mas há quem pense diferente. Esta notícia publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo online prevê um tipo de "mediação" inusitado entre o ser tocante e o objeto tocado: "Hoje a noite quem visitar o museu da BMW em Munique (Alemanha) poderá tocar nos carros. Desde que use luvas, o público estará livre para acariciar as raridades" (http://classificados.folha.uol.com.br/veiculos/1190194-visitante-pode-tocar-carros-do-museu-da-bmw-com-luvas.shtml).
Denominado de Night of the White Gloves, o evento está experimentando a sua quinta edição. Para quem não sabe, "o museu conta os 95 anos de história da marca e tem 125 carros." E antes que alguém reclame das luvas, é melhor ir se conformando: a regra por lá é pegar (com luvas) ou largar, pois, "nos demais dias de funcionamento é proibido tocar nos carros. Com ou sem luvas."
Bom, certamente muitos estarão felizes só de experimentar este amor mediado e semi-tátil. Normal para quem começou a amar depois do advento do HIV. Estranho para gerações pregressas, talvez. Então, já que é assim, acabo de mudar de ideia: melhor com luvas, do que simplesmente não tocar.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Luvas brancas
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