UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: dezembro 2012

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Veranescas

Este calor extremo que persiste há dias me remeteu hoje a duas notícias que passeiam pelo mesmo campo semântico: calor, inferno, refrigeração, suadouro, graus Celsius, massa de ar quente, recorde abosluto de todos os tempos de todas as galáxias, etc, etc, etc.

A primeira das duas notícias nos coloca face a face com a dura realidade da preservação dos acervos  na cidade do Rio Janeiro: "Desde maio, o sistema de ar-condicionado da Biblioteca Nacional, no Centro, está desligado, provocando temperaturas de 47 graus, 100% acima do ideal para o acervo, e reduzindo a visitação" (http://oglobo.globo.com/rio/dentro-da-biblioteca-nacional-47-graus-sombra-dos-livros-7149922).

Obviamente, não podemos nos compadecer dos acervos de livros sem nos sensibilizar também com as condições insalubres do "acervo humano" que cuida desses mesmos livros. Afinal, 47ºC foi  a também sensação térmica ontem no bairro de Santa Cruz, Rio de Janeiro, já que um "bônus" de humidade em cerca de 4ºC a sensação térmica.

Desse jeito, os funcionários da Biblioteca Nacional só tem duas alternativas: a) entrar no prédio fazendo sinal da Santa Cruz para não morrerem desidratados; b) transferir o mobiliário de escritório para qualquer esquina de Santa Cruz: ao menos assim os livros ficam a céu aberto; se pegarem fogo por lá, tenho certeza de que ninguém duvidará da tese de combustão espontânea.

A segunda notícia do dia, apesar de dramática, servirá ao menos para refrescar as ideias: "Um aquário gigante explodiu em um shopping de Xangai, na China, deixando 15 pessoas feridas" (http://www.hojeemdia.com.br/m-blogs/r%C3%A1dio-patrulha-1.530/aqu%C3%A1rio-explode-mata-tubar%C3%B5es-e-fere-15-pessoas-na-china-confira-v%C3%ADdeo-1.72673).

Não se sabe ao certo o que fez o aquário de vidro acrílico de 15 cm de espessura se romper, matando "três tubarões-limão e dezenas de tartarugas e peixes menores". Mas sabe-se com uma certa segurança que o desfecho da notícia publicada a respeito no jornal Hoje em Dia online poderia ter sido mais inteligente. Afinal, qual o interesse em saber que "Chen Yongping, um funcionário da direção do centro de compras, disse que o estabelecimento não pretende ter outro aquário no futuro"?


Tivesse um aquário desse se rompido em plena Biblioteca Nacional na tarde de hoje, era bem provável que os três tubarões-limão tivesse se transformado em postas grelhadas, ali mesmo, no ladrilho da instituição. Com vantagem nítida com relação às tartarugas e aos peixes menores: os turbarões-limão já estariam devidamente temperados.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A cruz e a caldeirinha

Agora acabei de crer que aquela conversa de alinhamento da Terra com o seu sol e Alcione, aquela estrela/buraco negro situada no centro da nossa galáxia, só pode ser verdade!

As manchetes dos jornais não me deixam mentir: o calor grassa pelo país afora tal qual fogo na palha. E tudo indica que a metáfora será cada vez menos metafórica e mais literal se algo não for feito na esfera celeste: o calor bate recorde por todos os lados nesse país.

Aqui na Roça Grande, por exemplo, estamos sofrendo o mês de dezembro mais seco dos últimos 37 anos: "Neste mês, choveu o equivalente a 70,1 milímetros na região metropolitana de Belo Horizonte, apenas 24% do esperado para dezembro, cuja média histórica é de 319 milímetros" (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1206599-belo-horizonte-mg-tem-dezembro-mais-seco-dos-ultimos-37-anos.shtml).

Os jornais falam de uma massa quente que não larga do nosso pé: a estiagem prolongada "é causada pela atuação de uma massa de ar quente que dificulta a formação de nuvens sobre a capital mineira e bloqueia a chegada de frentes frias vindas do Sul do país, além de ser influenciada pelo fenômeno El Niño", explica matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo online.

Com isso, estamos esperimentando temperaturas 4ºC mais elevadas do que a temperatura média máxima para esta época do ano, que fica em torno de 28ºC. Mas tenho certeza de que tem o dedo de Alcione aí no meio: a coisa anda tão feia que o Rio de Janeiro registrou hoje, 4a feira, o dia mais quentte em 97 anos: "Em Santa Cruz (um dos bairros mais afastados do centro), na zona oeste, os termômetros marcaram 43,2ºC".

Tudo indica que a atual cruz de quem mora em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, é o calor: com a anuência e colaboração enfática de Alcione, "com a elevada umidade do ar e o vento quente que sopra vindo do norte, a sensação térmica foi ainda maior: 47ºC" naquele bairro. O que fez de lá um estranho parodoxo: Santa Cruz foi hoje a própria filial do inferno na cidade do Rio de Janeiro.

Ao contrário do Rio, a temperatura máxima na cidade de São Paulo foi medida na Zona Leste: "Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência), a maior temperatura foi de 32,7ºC, na Penha, zona leste, por volta das 14h" (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1206732-sao-paulo-tem-maxima-de-327c-na-tarde-desta-quarta-feira.shtml). "Na média, a capital paulista teve 30,7ºC", índice considerado elevado para aquela cidade.

Trocando em miúdos: enquanto a secura paira por todos os lados na Roça Grande, o El Niño não deixa nenhuma frente fria subir do Sul; sem alternativa, São Paulo frita à leste, ao passo que o Rio ferve mesmo é à oeste. E no centro da Galáxia, lá está Alcione, rindo de tudo e de todos.

Simplesmente não temos para onde correr: se correr, o bicho pega; e se ficar: o bicho morre assado!






segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Solstício 2

Meu solstício de Natal tem lua, asa, poesia e liberdade. E tem a amplidão do espaço para sonhar com dias cada vez melhores.

Que o seu solstício pessoal seja assim também: um desafio às próprias limitações, um salto pleno na confiança no que não se conhece e que ainda está por vir.

Abraços a todos!







domingo, 23 de dezembro de 2012

E o fim do mundo?

Uai, não acabou, não?

Então, levanta, serve um café que o mundo NÃO acabou!


Dou notícias quando o café tiver terminado!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Trufas negras

Dizem que o segredo é a alma do negócio. Mas pode ser também sua derrocada, como mostra com propriedade essa notícia sobre o desaparecimento das trufas negras, publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo online (http://www1.folha.uol.com.br/comida/1204588-cientistas-afirmam-que-a-mudanca-climatica-esta-afetando-a-producao-de-trufas-negras.shtml).

Não, não estou falando daquele bombom de chocolate macio, mas, sim, do fungo do gênero Tuber, que cresce geralmente na raiz de certas árvores da região mediterrêna da Europa. "Apesar do avanço nas técnicas de cultivo, a trufa ainda é farejada por cães treinados e retirada à mão das raízes em que cresce. O custo dela, claro, é naturalmente alto", relata a notícia.

Com o aquecimento global, prossegue a notícia, tem chovido cada vez menos na Espanha e na França. Cientistas da revista Nature "acreditam que, com isso, as árvores hospedeiras e os fungos acabam competindo pela água e isso reduziria a produção". Por isso, o fungo está ficando cada vez mais raro nas regiões mediterrâneas, fazendo com que o preço fique ainda mais elevado a cada ano: "Em Paris, o pound da trufa negra (cerca de 0,45kg) está custando €2 mil (por volta de R$5.450)".

O problema é que, até bem recentemente, o segredo na produção/coleta de champignons raros era tido como algo altamente estratégico: não contar sua localização era uma forma de reserva de mercado, configurando uma prática que ainda conserva grau elevado de artesanalidade. Claro, "o fato de os produtores de cogumelos não compartilharem informações dificulta o trabalho realizado por eles".

Senhoras e senhores, coletores de champignon em geral: lembrem-se de que, se o mundo realmente acabar hoje, seguindo as (supostas) profecias maias, o segredo da localização das trufas negras vai para o beleléu junto com todo o resto.

Na minha humilde opinião, mais vale um gosto satisfeito, do que um gosto adiado. Portanto, senhoras e senhores coletores de trufas negras, convidem alguém de suas relações para compartilhar o paradeiro das trufas negras. Faça um macarrão ao molho de trufas, saboreiem uma bebida de seu agrado e olhem, juntos, para o firmamento: há muito mais coisas entre o céu e a terra do julga nossa vã filosofia. Depois, brindem o cosmos e se esqueçam das trufas: elas não valerão um centavo em um cenário de ficção científica.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Hermanas

Enquanto derretemos de calor nessa terra e só pensamos no fim do mundo, nossos quase antípodas, os sul-coreanos, gelaram o pé para eleger a primeira mulher como presidente: "Em dia eleitoral que foi feriado, 40,5 milhões de sul-coreanos estavam registrados para comparecer às urnas, 76% dos quais se dirigiram às sessões eleitorais, um número alto se forem levadas em conta as temperaturas no país, que giravam em torno dos -10 Celsius" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/coreia-do-sul-elege-primeira-mulher-como-presidente-1.70263).
 
A presidente eleita, Park Geun-Hye, 60 anos, é "filha de Park Chung-Hee, ditador que comandou o país durante 18 anos até seu assassinato em 1979". Seu principal adversário neste pleito foi Moon Jae-in, 59 anos, um "filho de refugiados norte-coreanos e ex-advogado de direitos humanos" que "já foi preso por protestar contra o regime de Park Cung-He".

Praticamente da mesma idade, ambos já foram - e continuam sendo - separados por cisões ideológicas profundas. Mas o mundo gira. E ei-los mais uma vez separados por mais uma oposição política.

Serão Moon e Park amigos algum dia? Não sei. Mas nestes tempos de intensa mudança, nada impede que eles dêem a volta por cima do passado e das credenciais políticas para construir uma parceria inesperada.

Parcerias, conquanto inesperadas, podem também ser ousadas e harmoniosas... como este belíssimo encontro entre Mercedes Sosa e Anna Saeki. A letra já diz tudo:

"Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Y una hermana muy hermosa
Que se llama libertad"

Fica como legado esta linda referência à liberdade de compor com opostos - e, quem sabe um dia, até com seus quase antípodas.




quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Alinhamentos

Esses tempos de transição entre algo e outra coisa - do contrário, não seria transição! - têm levado muita gente a olhar eventos corriqueiros sob as lentes de aumento da tragédia. Assim foi recebido o dia de calor, hoje, aqui na Roça Grande: um sinal claro do final dos tempos!
Se bem que esse tom de tragédia esteve mais na fala das pessoas ao longo do dia, do que na mídia impressa propriamente dita: "nesta terça-feira (18), o termômetro chegou aos 32ºC em BH e a umidade relativa do ar ficou em 31%, considerada baixa para esta época do ano" (http://www.hojeemdia.com.br/minas/previs-o-de-calor-e-chuva-nos-proximos-dias-em-bh-e-regi-o-metropolitana-1.69849).

Sem as frentes frias, tão comuns para esta época do ano, o clima geral acabou sendo mesmo de consternação. E muito embora os termômetros da capital já tenham marcarado temperaturas bem mais elevadas do que essa, a impressão que fica é a de que a sensação térmica era compatível com a de um dia típico do deserto do Saara.

"Por que será?", pergunto eu. "Simples", respondo para mim mesma. A razão só pode estar no tão propalado alinhamento cósmico entre nosso sol, o planeta Terra e o sol central, que fica no centro da galáxia. Não tem outra alternativa: só o alinhamento com dois sóis explica o calor absurdo que fez hoje!

Obviamente, estou ironizando mais o calor do que o alinhamento, seja ele com que sol for. Aliás, para combinar com a temática do momento, até fui ontem fazer um realinhamento postural - quadríceps, pélvis, ombros, maxilar e por aí vai. Se a Terra derrreter no meio dou desses dois sóis, pelo menos eu me vou desse mundo alinhada que só.

Isto é o que eu chamo de consolo besta!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Obelix fujão

Cá estou eu de volta após alguns percalços de ordem tecnológica: se meu computador antigo tinha apagãos repentinos, o novo resolveu ter uma parada cardíaca e ficar mais lento do que uma lesma. Minto: as lesmas são beeeeem mais rápidas!

Enfim... cá estou de volta e com tempo bastante para me inteirar apenas de duas ou três notícias do dia, porque o ano está acabando e minha bateria está indo junto com ele - não a do computador cardíaco, mas a minha mesmo. Mas a leitura de duas notícias foi o suficiente para perceber o quão equivocados podemos estar quanto ao fim do mundo.

Pois saibam que a NASA soltou nota para alertar os desavisados sobre a improbabilidade do fim do mundo. Nos dizeres de David Morrison, "cientista da Nasa e especialista da vida no espaço", "a ideia de que o mundo acabará subitamente, por uma causa qualquer, é absurda" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/profecia-maia-sobre-fim-do-mundo-n-o-sera-cumprida-garante-nasa-1.69197).

A matéria até que ficou didática: para cada risco, uma explicação cientificamente comprovada de que a profecia maia não está com nada no balaio. Por exemplo, contra a suposição de que o mundo acabará repentinamente, graças ao superaquecimento do sol, a agência explica que "a Terra existe há mais de 4 bilhões de anos e passarão muitos anos antes do Sol tornar nosso planeta inabitável”. Contra a probabilidade de que um asteróide ou algo parecido se chocar com a Terra, o centista explica que "não há asteroides tão grandes perto de nosso planeta como o que exterminou os dinossauros". E assim prossegue matéria, apresentando temores comuns e revelando sua escassa fundamentação cientifica.

Bem, tudo estaria redondinho se a argumentação da NASA não pecasse em dois aspectos: o mundo pode acabar não somente por razões de caráter cientificamente comprovável, mas também por hecatombes outras que nada têm a ver com as forças da natureza.

Podem ter certeza, por exemplo, de que a decisão do ator francês Gérard Depardieu de renegar a cidadania francesa e picar sua mula para a Bélgica foi a maior catástrofe política do governo Hollande. "O motivo da partida, que provocou polêmica na França, é o aumento de impostos sobre as grandes fortunas, medida adotada pelo governo socialista do presidente François Hollande - uma taxa de 75% sobre rendimentos superiores a € 1 milhão vigorará por dois anos", explica a notícia (http://oglobo.globo.com/mundo/exilio-de-depardieu-novo-reves-de-hollande-7080902). 

Como vocês podem ver, a razão para o fim do mundo na França não tem nada a ver nem com asteróides nem com pandemias virais. O máximo que se pode dizer é que a evasão de Depardieu lembra vagamente, pelo seu caráter conservador, o movimento da Contra Reforma, mas mesmo assim devo admitir que as razões históricas de um e outro evento são bem distintas.

O outro equívoco da NASA também não tem nada a ver com a fundamentação científica dos seus argumentos, mas com o público ao qual eles se destinam. Sou capaz de apostar meus óculos de grau que os arautos do Apocalipse maia estão pouco se lixando para as explicações científicas, sejam elas da NASA ou de qualquer outra autoridade governamental. Vir a público para tranquilizá-los é como  chover no molhado: tanto faz como tato fez, tanto antes pelo contrário.

E para os franceses, se isto não for o fim do mundo, então ele é o fim da França, pelo menos da forma como eles a conheceram. Certamente, terão de procurar outro ator para viver Obleix no cinema, já que o ator símbolo da nação francesa acaba de rasgar o passaporte para ir viver sua ficção de "nação" em outra freguesia. Pelo menos isso eles têm comum: assim como Depardieu, os gauleses eram bem avessos à tributação romana.

P.S.= Se o mundo vai acabar, eu não sei. Mas se acabar, este certamente será o primeiro fim do mundo blogado do começo ao fim!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Negativas

Como a iminência - fictícia ou real - do fim do mundo, nada mais oportuno do que colocar os pingos nos "is". Ou lenha na fogueira, como queiram. A hora é agora, porque se o mundo acabar mesmo, pelo menos fica o consolo de que você  não passou desta para melhor engasgado com as asneiras que vê pela frente todos os dias.

Pois bem, meus amigos, o fim do mundo não está próximo: ele já está aí, o tempo todo, do seu ladinho. Na verdade, o mundo já vem acabando a passos lentos há muito tempo. A prova cabal desta lenta degradação da existência feliz e livre de pré-concepções auto-limitadoras é a busca obsessiva por um padrão de beleza esteticamente impossível de se obter pelas vias naturais. Ou pior ainda: um padrão estético incompatível com a própria saúde física - o que em si já atesta uma certa descompensação mental e emocional.

Vejamos, pois, o motivo de tanto escárnio: senhoras e senhores, a bola da vez em termos de padrão de beleza - pasmem! - é um negócio que se chama "barriga negativa". "O que vem a ser: um abdome com curvatura invertida. Nesse corpo, os ossos do quadril e das costelas são mais proeminentes que a barriga" (http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1198390-barriga-negativa-e-a-ultima-loucura-na-busca-do-corpo-perfeito.shtml).

Mas o que há de tão grotesco nisso - perguntariam as almas mais ingênuas - afora o fato de ser este um objetivo praticamente inalcançável pelos métodos "naturais" fornecidos pela Mãe Natureza (aliás, um pecadinho muito do venial aqui no País das Mil e Uma Plásticas)?

Bem, até os especialistas da área convergem neste ponto: nos dizeres do fisiologista do esporte Turíbio Leite de Barros, "não tem como inverter a curvatura do músculo. Para ter uma barriga côncava, a pessoa precisa perder, além de gordura, massa magra". Ou seja, a moda se apoia numa combinação de dietas e exercícios que acabam virando, no final das contas, uma anti-ginástica.

E tem mais gente endossando a conclusão de que a obsessão por esssa tal de barriga negativa constitui a mais deslavada burrice dos últimos tempos: "na opinião do educador físico Saturno de Almeida, é uma estética na contramão da saúde" e pode constituir um indicativo de anorexia.

Barrigas negativadas, cérebros idem. Para obtê-las será necessário expulsar seu amor próprio e pedir que ele não volte nunca mais. No final das contas, acabar com a barriga neste nível e com o mundo, é tudo parte de um processo só. E tenho dito: antes que o mundo acabe mesmo.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Autoridades

Com a aproximação do dia 21 de dezembro de 2012, o assunto acaba sendo inevitável na grande imprensa: o tão proclamado fim do mundo acontecerá realmente?

Conquanto a resposta possa relevar do entendimento individual de cada um, o "problema" do fim do fim do mundo começa agora a ganhar dimensões de histeria coletiva - a tal ponto que o jornal Folha de S. Paulo anunciou hoje uma ampla mobilização de diversas autoridades russas para conter os ânimos da população daqueles lados (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1198008-cidades-russas-entram-em-panico-com-aproximacao-do-fim-do-mundo.shtml).

Dentre a lista de autoridades citadas, encontram-se não só "o ministro responsável pelas situações de emergência da Rússia", como também o "médico que chefia a saúde pública da Rússia, uma alta autoridade da Igreja Ortodoxa Russa, pelos legisladores da Duma e por um ex-DJ da Sibéria que recentemente se destacou no programa de televisão 'Batalha de Médiuns' ". Isso mesmo, minha gente, foi isso mesmo que vocês leram: até um ex-DJ foi convocado para dar o seu pitarco.

Bem, cada país convoca as autoridades que mais estima. E cada autoridade aborda o "problema" do fim do mundo da forma que mais lhe convém: "Por sua vez, o Estado de Yucatán, no México, que tem uma grande população maia, encara com leveza o boato sobre o fim do mundo. O governo planeja um festival maia em 21 de dezembro e, para mostrar que tudo continuará bem após essa data, uma nova edição do festival está programada para 2013", prossegue a notícia.

Nem alarmismo russo, nem otimismo mexicano. Apesar disso, a população daqui da Roça Grande também já começou a ver o fim do mundo pela greta: "Uma forte chuva atingiu Belo Horizonte e Região Metropolitana deixando vários pontos de alagamento e pessoas ilhadas no final da tarde e início da noite desta segunda-feira (10)", relata notícia publicada no início da noite no jornal Hoje em Dia (http://www.hojeemdia.com.br/minas/chuva-forte-deixa-varios-pontos-alagados-e-pessoas-ilhadas-em-bh-1.66600). 

Catástrofes (anunciadas ou sofridas) à parte, há pelo menos uma diferença básica que nos separa dos russos e dos mexicanos: se depender da pró-atividade das autoridades locais para nos preparar para o fim do mundo, esperaremos o fim do próximo ciclo de 5.125 anos do Calendário Maia.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Longevos

Não deu outra! A tão esperada morte de Oscar Niemeyer, aos seus 104 anos de idade, ganhou as manchetes da imprensa nacional ao final do dia de hoje. Em contrapartida, a morte do ícone do jazz americano, Dave Brubeck, na véspera de completar 92 anos, ganhou uma projeção um pouco mais modesta por aqui.

Não cabe aqui discutir se uma estrela merecia, de fato, mais atenção do que a outra. Aliás, acho péssima a ideia de que quando uma pessoa morre, ela vira estrela. Na verdade, o adágio cria uma situação muito desconfortável para as estrelas maiores que, em função do seu porte, tendem a se tornar um buraco negro ao se apagarem. E buraco negro, como todos sabemos, carrega consigo tudo o que está no seu entorno, inclusive a luz.

Bobagem! Iluminados que eram, não careceriam nunca de levar consigo a luz alheia. Pelo contrário, deixam para trás pérolas de iluminação. De Niemeyer vem humildade resignada: "a vida é mais importante que a arquitetura" (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1183366-a-vida-e-mais-importante-do-que-a-arquitetura-escreveu-oscar-niemeyer.shtml). De Brubeck, a crença em um código capaz de transcender as barreiras humanas: "Não entendo russo, mas entendo linguagem corporal", teria dito o músico ao ver o ex-presidente Mikhail Gorbachev tamborilar os pés ao ritmo da música (http://oglobo.globo.com/cultura/morre-musico-de-jazz-dave-brubeck-6937638).

Numa noite tão estrelada, nada melhor que lembrar que as estrelas podem até morrer. Mas os mitos... ah, estes, sim, são imortais!


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Legumes chineses

Legumes chineses plantados em Marte: quanto você pagaria por eles?

Bem, se nunca pensou nisso porque simplesmente achava que era improvável que se plantasse algo de bom em Marte, é bom começar a colocar o capacete espacial na sua sacola de feira.

De acordo com a agência de notícias estatal chinesa, "os astronautas chineses poderão no futuro cultivar legumes em Marte e na Lua, de acordo com o sucesso de uma experiência científica preliminar realizada em Pequim" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/bizarro/chineses-querem-plantar-legumes-em-marte-1.63955).

De acordo com informação divulgada pela agência de notícias oficial chinesa em nota publicada hoje pelo jornal Hoje em Dia online, "quatro tipos diferentes de vegetais" cresceram em "um espaço de 300 m3 destinado a permitir que os astronautas produzam as próprias reservas de ar, água e alimentos durante as missões fora da atmosfera".

Mas ainda segundo a agência estatal de notícias, "a China aspira ser o primeiro país asiático a chegar à Lua". Certamente, o fato de existirem poucos obervadores da Human Rights Watch de plantão nesse ponto reforça ainda o caráter estratégico do empreendimento. Aliás, nada mais própício para os novos ares de transição democrática na China do que uma colônia pena no lado obscuro da Lua.

Infelizmente, não foram informadas as variedades de legumes produzidas no chamado "dispositivo de ecossistema artificial". Que pena! E boa noite para quem fica!