UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Longevos

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Longevos

Não deu outra! A tão esperada morte de Oscar Niemeyer, aos seus 104 anos de idade, ganhou as manchetes da imprensa nacional ao final do dia de hoje. Em contrapartida, a morte do ícone do jazz americano, Dave Brubeck, na véspera de completar 92 anos, ganhou uma projeção um pouco mais modesta por aqui.

Não cabe aqui discutir se uma estrela merecia, de fato, mais atenção do que a outra. Aliás, acho péssima a ideia de que quando uma pessoa morre, ela vira estrela. Na verdade, o adágio cria uma situação muito desconfortável para as estrelas maiores que, em função do seu porte, tendem a se tornar um buraco negro ao se apagarem. E buraco negro, como todos sabemos, carrega consigo tudo o que está no seu entorno, inclusive a luz.

Bobagem! Iluminados que eram, não careceriam nunca de levar consigo a luz alheia. Pelo contrário, deixam para trás pérolas de iluminação. De Niemeyer vem humildade resignada: "a vida é mais importante que a arquitetura" (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1183366-a-vida-e-mais-importante-do-que-a-arquitetura-escreveu-oscar-niemeyer.shtml). De Brubeck, a crença em um código capaz de transcender as barreiras humanas: "Não entendo russo, mas entendo linguagem corporal", teria dito o músico ao ver o ex-presidente Mikhail Gorbachev tamborilar os pés ao ritmo da música (http://oglobo.globo.com/cultura/morre-musico-de-jazz-dave-brubeck-6937638).

Numa noite tão estrelada, nada melhor que lembrar que as estrelas podem até morrer. Mas os mitos... ah, estes, sim, são imortais!


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