Com a aproximação do dia 21 de dezembro de 2012, o assunto acaba sendo inevitável na grande imprensa: o tão proclamado fim do mundo acontecerá realmente?
Conquanto a resposta possa relevar do entendimento individual de cada um, o "problema" do fim do fim do mundo começa agora a ganhar dimensões de histeria coletiva - a tal ponto que o jornal Folha de S. Paulo anunciou hoje uma ampla mobilização de diversas autoridades russas para conter os ânimos da população daqueles lados (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1198008-cidades-russas-entram-em-panico-com-aproximacao-do-fim-do-mundo.shtml).
Dentre a lista de autoridades citadas, encontram-se não só "o ministro responsável pelas situações de emergência da Rússia", como também o "médico que chefia a saúde
pública da Rússia, uma alta autoridade da Igreja Ortodoxa Russa, pelos
legisladores da Duma e por um ex-DJ da Sibéria que recentemente se
destacou no programa de televisão 'Batalha de Médiuns' ". Isso mesmo, minha gente, foi isso mesmo que vocês leram: até um ex-DJ foi convocado para dar o seu pitarco.
Bem, cada país convoca as autoridades que mais estima. E cada autoridade aborda o "problema" do fim do mundo da forma que mais lhe convém: "Por sua vez, o Estado de Yucatán, no México, que tem uma grande
população maia, encara com leveza o boato sobre o fim do mundo. O
governo planeja um festival maia em 21 de dezembro e, para mostrar que
tudo continuará bem após essa data, uma nova edição do festival está
programada para 2013", prossegue a notícia.
Nem alarmismo russo, nem otimismo mexicano. Apesar disso, a população daqui da Roça Grande também já começou a ver o fim do mundo pela greta: "Uma forte chuva atingiu Belo Horizonte e Região Metropolitana deixando
vários pontos de alagamento e pessoas ilhadas no final da tarde e início
da noite desta segunda-feira (10)", relata notícia publicada no início da noite no jornal Hoje em Dia (http://www.hojeemdia.com.br/minas/chuva-forte-deixa-varios-pontos-alagados-e-pessoas-ilhadas-em-bh-1.66600).
Catástrofes (anunciadas ou sofridas) à parte, há pelo menos uma diferença básica que nos separa dos russos e dos mexicanos: se depender da pró-atividade das autoridades locais para nos preparar para o fim do mundo, esperaremos o fim do próximo ciclo de 5.125 anos do Calendário Maia.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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