UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Obelix fujão

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Obelix fujão

Cá estou eu de volta após alguns percalços de ordem tecnológica: se meu computador antigo tinha apagãos repentinos, o novo resolveu ter uma parada cardíaca e ficar mais lento do que uma lesma. Minto: as lesmas são beeeeem mais rápidas!

Enfim... cá estou de volta e com tempo bastante para me inteirar apenas de duas ou três notícias do dia, porque o ano está acabando e minha bateria está indo junto com ele - não a do computador cardíaco, mas a minha mesmo. Mas a leitura de duas notícias foi o suficiente para perceber o quão equivocados podemos estar quanto ao fim do mundo.

Pois saibam que a NASA soltou nota para alertar os desavisados sobre a improbabilidade do fim do mundo. Nos dizeres de David Morrison, "cientista da Nasa e especialista da vida no espaço", "a ideia de que o mundo acabará subitamente, por uma causa qualquer, é absurda" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/profecia-maia-sobre-fim-do-mundo-n-o-sera-cumprida-garante-nasa-1.69197).

A matéria até que ficou didática: para cada risco, uma explicação cientificamente comprovada de que a profecia maia não está com nada no balaio. Por exemplo, contra a suposição de que o mundo acabará repentinamente, graças ao superaquecimento do sol, a agência explica que "a Terra existe há mais de 4 bilhões de anos e passarão muitos anos antes do Sol tornar nosso planeta inabitável”. Contra a probabilidade de que um asteróide ou algo parecido se chocar com a Terra, o centista explica que "não há asteroides tão grandes perto de nosso planeta como o que exterminou os dinossauros". E assim prossegue matéria, apresentando temores comuns e revelando sua escassa fundamentação cientifica.

Bem, tudo estaria redondinho se a argumentação da NASA não pecasse em dois aspectos: o mundo pode acabar não somente por razões de caráter cientificamente comprovável, mas também por hecatombes outras que nada têm a ver com as forças da natureza.

Podem ter certeza, por exemplo, de que a decisão do ator francês Gérard Depardieu de renegar a cidadania francesa e picar sua mula para a Bélgica foi a maior catástrofe política do governo Hollande. "O motivo da partida, que provocou polêmica na França, é o aumento de impostos sobre as grandes fortunas, medida adotada pelo governo socialista do presidente François Hollande - uma taxa de 75% sobre rendimentos superiores a € 1 milhão vigorará por dois anos", explica a notícia (http://oglobo.globo.com/mundo/exilio-de-depardieu-novo-reves-de-hollande-7080902). 

Como vocês podem ver, a razão para o fim do mundo na França não tem nada a ver nem com asteróides nem com pandemias virais. O máximo que se pode dizer é que a evasão de Depardieu lembra vagamente, pelo seu caráter conservador, o movimento da Contra Reforma, mas mesmo assim devo admitir que as razões históricas de um e outro evento são bem distintas.

O outro equívoco da NASA também não tem nada a ver com a fundamentação científica dos seus argumentos, mas com o público ao qual eles se destinam. Sou capaz de apostar meus óculos de grau que os arautos do Apocalipse maia estão pouco se lixando para as explicações científicas, sejam elas da NASA ou de qualquer outra autoridade governamental. Vir a público para tranquilizá-los é como  chover no molhado: tanto faz como tato fez, tanto antes pelo contrário.

E para os franceses, se isto não for o fim do mundo, então ele é o fim da França, pelo menos da forma como eles a conheceram. Certamente, terão de procurar outro ator para viver Obleix no cinema, já que o ator símbolo da nação francesa acaba de rasgar o passaporte para ir viver sua ficção de "nação" em outra freguesia. Pelo menos isso eles têm comum: assim como Depardieu, os gauleses eram bem avessos à tributação romana.

P.S.= Se o mundo vai acabar, eu não sei. Mas se acabar, este certamente será o primeiro fim do mundo blogado do começo ao fim!

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