UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: 2013

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ciclo 24

Calma, calma, o ano já está acabando.

Esta notícia é justamente para você, que achou o ano de 2013 dos mais turbulentos e está fechando o ciclo com um raminho de arruda atrás da orelha e gritando "saravá" da janela. É que os jornais online do dia trouxeram uma boa noticia: você não está só no universo.  

Para a alegria geral do nosso sistema solar - e mais além - o Sol também está concluindo, neste mês de dezembro, o ciclo solar 24 -  período de atividades que dura aproximadamente onze anos e durante o qual ocorre a inversão total do campo magnético do astro rei (http://oglobo.globo.com/ciencia/sol-vira-de-cabeca-para-baixo-intensifica-atividade-eletrica-11180098).

Em termos bestamente simples, significa que o sol ficou de cabeça para baixo - ou de pernas para o ar, como queira - exatamente como a sua vida ao longo deste ano. Não sou eu quem diz, é a NASA: "No período em que ocorrem as inversões magnéticas, as atividades solares se intensificam, o que favorece a ocorrência de erupções e manchas na estrela, além de ejeções de massa coronal - grandes erupções de gás ionizado a alta temperatura". Com isso, "os raios cósmicos também são afetados, o que favorece a ocorrência de explosões e eventos violentos na nossa galáxia". Ou seja, estamos todos no mesmo barco.

Agora que você percebeu que não foi o único a vivenciar revezes existenciais e achaques explosivos , alegre-se: 2014 está batendo à porta. Ciclo novo, com as bênçãos do Sol. Saravá!



sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Quebra de protocolos

Bom demais para ser verdade!

Erro no site de vendas da companhia aérea Delta Airlines, durante toda a manhã de hoje, permitiu com que os consumidores comprassem passagens aéreas por preços irrisórios: para se ter uma ideia, "voos domésticos chegaram a ser vendidos por menos de US$ 5 (R$ 12)", enquanto a travessia continental entre Nova Iorque e Seattle saiu pela bagatela de US$ 25 (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/12/1390412-erro-em-site-permite-a-compra-de-passagens-aereas-por-menos-de-us-5-nos-eua.shtml).

Obviamente, a alegria durou apenas o tempo que a empresa levou para perceber o erro e tirar o site do ar. Mas dessa quebra de protocolos ficou um consolo: "A companhia, que admitiu o erro, disse em nota que irá manter válidas as tarifas cobradas dos consumidores que conseguiram efetuar as compras mais baratas e assumirá o prejuízo". Menos mal.

Outra alegria que durou pouco foi ver o popular presidente do Uruguai, José Mujica, de sandalinhas franciscanas durante a "cerimônia de posse do seu novo ministro da Economia, Mario Bergara" (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/12/1390277-mujica-vai-de-sandalias-a-posse-de-ministro.shtml).

Mais do que plausível, a justificativa para a quebra de protocolos aplicar-se-ia, sem o menor problema, a qualquer contexto tropical: "O calor do Uruguai, acima dos 35°C, foi a justificativa para que Mujica optasse por sandálias e levantasse as calças quase na altura dos joelhos". E é claro que os sazonais e factíveis 40ºC de calor no Rio de Janeiro também seriam uma ótima desculpa para a quebra de protocolos, SE - e somente SE - nossos políticos trabalhassem neste período do ano.

De modo que, por falta de quorum, a quebra de protocolo na vestimenta foi adiada para o mês de junho, próximo ao solstício de inverno. Quanto às passagens aéreas com redução de preço, ficaremos a ver navios... mais uma vez!

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Natalinas tardias

Todo ano é a mesma coisa: nos dias que antecedem o Natal, o mundo parece que vai acabar!

Foi mais ou menos este o sentimento de quem viu ou teve notícia do movimento de pessoas na Rua 25 de Março, em São Paulo, às vésperas do Natal: quintessência do termo "superlotação", estima-se que um dos principais polos do comércio popular da maior cidade da América do Sul tenha recebido, "nas imediações do Natal, de 800 mil a 1 milhão de pessoas [que] passam por dia pela região, segundo a União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências (Univinco)" (http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/12/1389928-unico-comerciante-a-trabalhar-na-25-de-marco-no-natal-diz-e-so-pelo-habito.shtml).

Mas eis que nesta manhã do dia 25 de dezembro, tudo se inverte: equipe do caderno São Paulo do jornal Folha de S. Paulo acusou o movimento oposto, qual seja: um esvaziamento quase absoluto de uma das principais vias de comércio da capital paulistana. "A sãopaulo correu a 25 de Março de cima a baixo por três vezes. Contou 12 pessoas em 15 minutos: seu Manuel, oito policiais militares na labuta, um catador de latas e os dois clientes da Campeão".

Por conta desse esvaziamento costumeiro, o "seu" Manuel virou celebridade. Ele foi responsável pelo funcionamento do "único comércio aberto na via às 11h de hoje": o bar e churrascaria Campeão, situado na rua 25 de Março, esquina com Maria Benedita. A justificativa é para lá de conhecida: " 'É só pelo hábito. Trabalho porque tem que trabalhar', disse o dono do lugar, que pediu para não ser fotografado".

Seu Manoel: pois de todos as esquisitices experimentadas nesta vida, esta de fazer as coisas "por hábito" é a de que eu mais quero me curar. Não digo isso pelo fato de estarmos "transgredindo" a norma do descanso em dia de feriado (quase) consensual. Cá para nós, também estou escrevendo aqui, hoje, escrevendo em pleno Natal, e nem por isso não me sinto nem devedora nem lesada (nas duas acepções do termo: econômica e mental). Mas dar prosseguimento ao curso das coisas pela simples razão de que "sempre foi assim" é uma opção existencial que oscila entre o determinismo atávico e a total descrença no imponderável.

Se bem que, na solidão dos seus hábitos repetitivos, seu Manuel deve ter acalentado outras almas como as dele, sem família próxima ou porto seguro onde ancorar em um dia pleno de consensos. " 'Pouca gente mora por aqui. Os donos das lojas com certeza não vêm pra esses cantos, então só ficam os pobres coitados que ralam', disse Welington Sousa, 26, que trabalhou até as 16h de ontem como vendedor de uma loja de surf ali do lado".

Em caso de dúvida existencial, no entanto, basta limpar o balcão com um pano úmido e esperar secar as incertezas: "Amanhã começa a voltar tudo ao normal", disse seu Manoel à equipe da Folha de S. Paulo. "E eu vou continuar aqui." A menos que o imponderável se manifeste na forma de algum acontecimento imprevisto: milagre de Natal?


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Emendas e prognósticos

Deputados estaduais de Minas Gerais: emendem-se!

Depois de quererem passar uma emenda tenebrosa para reduzir uma área ocupada pela Mata do Cercadinho, no bairro Buritis, de 224 para 154 hectares, eis que alguma esperança desponta no horizonte. "A proposta rendeu polêmica desde a última segunda-feira, quando a Comissão de Meio Ambiente da Casa aprovou, na calada da noite, a emenda apontada pelo deputado estadual Fred Costa (PEN) como 'emenda Frankenstein', por não ter a ver com o assunto do projeto do Parque do Ibituruna", revela notícia publicada no jornal Hoje em Dia online (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/politica/cai-emenda-que-ameacava-mata-do-cercadinho-no-buritis-1.202925).

É bom mencionar que a iniciativa do redução da área verde - como se estivessem sobrando muitas aqui nessa cidade - partiu do deputado Gustavo Corrêa (DEM). Por favor, guardem esse nome nas próximas eleições e deem o troco, reduzindo sua candidatura a pó! Quanto ao futuro da mata, os prognósticos são incertos: "Corre o risco de algum deputado apresentar no ano que vem um projeto de lei para tratar da redução da área da Mata do Cercadinho, mas com a lei do Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza, vai ficar mais difícil”, relata o deputado Fred Costa, responsável pela derrubada da emenda Frankenstein.

Aliás, agora que o ano vai chegando (nada tranquilamente) ao fim, eu não me arrisco a nenhum prognóstico para o 2014, senão o seguinte: o ano de 2013 ainda não acabou! A bola estará rolando até o último segundo da prorrogação do segundo tempo.

E isso, amigos, vale para tudo e em todos os campos. Namastê para os que ficam!

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Simulacro

Simulacro. Desde a morte de Jean Baudrillard, o termo andava meio esquecido. Mas um aplicativo chamado "Santa Spy Cam", promete reviver o conceito em toda a sua plenitude.

Claro, a razão para tamanha arqueologia conceitual é comercial: "Um publicitário criou uma empresa de tecnologia para fazer crianças acreditarem em coisas que não existem, como Papai Noel, fada do dente, coelhinho da Páscoa etc." (http://classificados.folha.uol.com.br/negocios/2013/12/1386804-empresa-quer-faturar-provando-que-o-papai-noel-existe.shtml).

O aplicativo, que é o primeiro produto da empresa, nada mais faz do que apresentar narrativas em que Papai Noel, elfos e renas, encenados por atores e animais reais, interagem nos ambientes domésticos dos usuários, confirmando a teoria da "visita" natalina.

Os desenvolvedores alegam que são as crianças os principais demandantes do aplicativo: " 'As crianças sempre querem provas de que o Papai Noel e os elfos existem', explicou Wilson, diretor de criação de uma agência, ao site da revista 'Bloomberg Businessweek' ."

Bem, se a alegação tiver fundamento, então sinto que teremos problemas com as novas gerações. Seerão muitos os que insistirão em construir lareiras inúteis para um Natal veranesco, na esperança ver o bom velhinho enganchado com seu saco de presentes. E assim permanecerão iludidos até os 50, 60 ou 70 anos, até que alguém tenha o bom senso de inventar um aplicativo que desmistifique a existência do Papai Noel, dos elfos e das renas de nariz vermelho.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Não exatamente como nossos pais

Carga surpreendente é retida na alfândega do aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo: de acordo com a Receita Federal, a carga retida é composta por nada mais, nada menos que uma tonelada de cabelo humano, proveniente da Índia.

Motivo da retenção? É que mentira cabeluda também tem perna curta. A carga "tinha valor declarado de US$ 15 mil, muito inferior aos US$ 400 mil (cerca de R$ 1 milhão) que, segundo os fiscais do órgão, são seu valor real" (http://oglobo.globo.com/economia/uma-tonelada-de-cabelo-humano-retida-em-guarulhos-11083866).

Mas para quem acha que a Receita anda vendo cabelo em casca de ovo, dá-lhe mais uma irregularidade: "A Receita também constatou que o importador não era o real comprador da mercadoria". Com isso, calvos e quimioterapeutizados teriam muito o que temer, já que nem sempre o fornecedor deste tipo de matéria-prima respeita os requisitos sanitários exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 Aliás, condições sanitárias precárias envolvendo cabelos (naturais ou artificiais) têm se tornado um problema de alta capilaridade neste país. Prova disso é que o campus Leste da USP - que conta com mais de quatro mil membros, entre alunos, professores e funcionários - teve suas férias antecipadas "por conta de problemas envolvendo piolhos de pombo e a qualidade da água no campus" (http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2013/12/1386216-com-pombos-e-agua-impropria-usp-leste-decide-suspender-aulas.shtml).

De cabelos em pé, a direção da USP Leste não teve outra alternativa senão antecipar as férias, "após três salas de aula terem sido interditadas na semana passada por causa de infestação de piolhos de pombos". A despeito do alívio de muitos com a antecipação da férias, é bem provável que os alunos da USP Leste tenham a mesma nostalgia de seus pais, que entoaram, há anos, a célebre canção de Belchior: "já faz tempo e eu vi você na rua/ cabelo ao vento/ gente jovem reunida".

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Transparência

 Muitos clamaram por mais transparência nos processos seletivos da UNB.

O jeito encontrado então pela instituição foi reformular as normas que descrevem os objetos portáveis em dias de concurso naquela instituição, proibindo "que os candidatos portem recipientes plásticos — tais como garrafas de água e suco — que não sejam fabricados em material transparente" (http://oglobo.globo.com/economia/emprego/cespeunb-proibe-que-candidatos-levem-garrafas-que-nao-sejam-transparentes-em-concursos-11049254).

A ideia é "aumentar a segurança em dia de aplicações de provas de concursos públicos ou para ingresso na Universidade de Brasília (UnB) e reduzir o risco de irregularidades". Várias outras medidas de coibição à tão disputada cola foram implantadas, mas esta, de longe, é mais tautológica de todas: fabricado com material transparente, o invólucro acaba revelando seu conteúdo aos demais. Mas a transparência é também uma consequência: seremos tantos mais transparentes quanto mais nos mostrarmos.

Para garantir sua isonomia, a reformulação das regras de concurso só se esqueceu de um coisa: a opacidade das mentes torpes é terreno tão fértil, que ainda se há de criar outros meios de burlar a norma vigente e obter injustamente uso daquilo.

Isto posto, meus olhos estão turvos de sono. Chega de transparência por hoje. vou dormir. Abraços para quem fica.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Superlativos

Em tempos de mudança climática, a natureza anda cheia de superlativos. De um lado, cientistas conseguem recuperar a marca da menor temperatura registrada por satélite no nosso planeta: "O lugar mais frio da Terra atingiu a amarga marca de - 93.2 graus Celsius", relata notícia publicada no jornal Hoje em Dia online (http://oglobo.globo.com/ciencia/o-lugar-mais-frio-da-terra-11023131).

O interessante é que a descoberta foi retroativa, já que a "temperatura foi medida por satélite na Antártica, em agosto de 2010, de acordo com uma pesquisa apresentada durante o encontro da União Geofísica Americana, em São Francisco".

De outro lado, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil alerta que, "nos próximos quatro dias, pode chover a metade do esperado para todo o mês de dezembro em Belo Horizonte". Isto equivale a dizer que corremos o risco de ter cerca de 150mm de precipitação em quatro dias, ao passo que a média histórica mensal é de 319mm (http://www.hojeemdia.com.br/minas/nos-proximos-4-dias-pode-chover-metade-do-esperado-para-todo-o-mes-em-bh-1.200346).

Em meio a tantos extremos e recordes batidos, algumas explicações surgem cá e acolá. Se aqui, na Roça Grande, "a brusca mudança climática é decorrente da chegada de uma uma frente fria em Minas Gerais", lá embaixo, na Antártica, "geralmente, estas temperaturas superfrias ocorrem quando bolsões de ar ficam aprisionados na superfície da terra. Se o céu fica claro por alguns dias, o solo irradia o calor restante para o espaço, criando uma camada de ar super refrigerado acima da neve."


Não se sabe ao certo, mas se for mesmo verdade que aqueles dias de céu claro na Antártida eventualmente ocasionam chuva forte ao cerrado, então a solução para quem quer ver sol durante nossos dias quentes e chuvosos está fácil: basta pegar o primeiro voo para o polo sul.

Simples assim!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Contagem regressiva

17, 16, 15, 14, 13, 12, 11....

11 segundos! Tempo suficiente para que se pudesse testemunhar que "o sistema que colocaria o satélite sino-brasileiro CBERS-3 na velocidade correta parou de funcionar 11 segundos antes do tempo correto, já no último estágio do lançamento, provocando a queda do artefato" (http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/12/1383192-falha-nos-11-segundos-finais-da-propulsao-derrubou-satelite-sino-brasileiro.shtml).

Fatais, os onze segundos de antecipação fizeram com que a parceria com os amigos chineses amargasse um triste fim, já que o satélite, de acordo com notícia publicada no jornal Folha de S. Paulo online, "o quarto feito em parceria com a China, não conseguiu atingir nem a velocidade nem a órbita corretas", revela. As causas da falha ainda estão sendo apuradas, mas, ao que tudo indica, o problema "é a integração com os componentes chineses".

Frustrados com o adiantamento do lançamento do foguete, os cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) tentam dar o troco já pensando em adiantar o lançamento do CBERS-4, originalmente previsto para 2015. No entanto, "segundo uma estimativa do Inpe, para adiantar o cronograma de lançamento seriam necessários cerca de 50 engenheiros do país asiático trabalhando no Inpe para integrar os satélites."

Ora, ora! Irônico seria que imaginar que, no afã de superar os problemas de integração, Brasil e China acabassem integrando ainda mais sua expertise em exploração de mão de obra.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Não corta!

Acreditem, a vida é cheia de ironias. No dia exato em que Nelson Mandela sobe para o céu e se torna uma estrela, cá no País das Mil e Umas Plásticas, escolas ainda sombram na mais completa demonstração de intolerância.

O caso, que está sendo investigado pela Polícia Civil de Guarulhos e ganhou repercussão hoje na mídia eletrônica brasileira, envolve o menino Lucas, de 8 anos (http://oglobo.globo.com/pais/escola-investigada-por-racismo-apos-pedir-para-aluno-cortar-cabelo-black-power-10976962). O garoto teria sido impedido de se matricular na escola onde estuda por ter se recusado a cortar o cabelo "estilo black power" sob o pretexto de escolher um corte mais "adequado" ao regimento escolar.

Neste dia duplamente triste - Mandela que se vai, a intolerância que ainda grassa - faço dois pedidos simultâneos. A Lucas, peço penhoradamente que não seja nem mais nem menos "adequado" do que sua beleza natural permite. Aos dirigentes da escola de Lucas, peço que leiam as melhoras de Mandela, selecionadas especialmente para marcar sua passagem (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/mundo/dez-citac-es-marcantes-do-ex-presidente-da-africa-do-sul-nelson-mandela-1.198867).

Quem sabe Mandela não começa a fazer milagres logo no primeiro dia e consegue abrir um bocado a cabeça desse povo?

Inspiração é o que não falta.


Fonte: http://youtu.be/C8py3MaTT4Q

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Dança com fitas

"Como numa dança com fitas", disse o cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa,  Chao-Wei Tsai. Ele é o autor de artigo que será publicado semana que vem no Astrophysical Journal sobre descoberta recente realizada pelo observatório espacial infravermelho Wise.

Trata-se de dois buracos negros que parecem estar "muito próximos um do outro e gravitacionalmente ligados" no núcleo de uma galáxia denominada WISE J233237.05-505643.5. (http://oglobo.globo.com/blogs/sociencia/posts/2013/12/03/a-danca-mortal-de-dois-buracos-negros-gigantes-517069.asp). Frutos do choque entre galáxias, a novidade pode ajudar a explicar o surgimento dos buracos negros supermassivos, característicos do centro das galáxias: acredita-se que, "com os seus respectivos buracos negros centrais dando início a uma dança como a observada na WISE J233237.05-505643.5", a tendência é "que eventualmente se fundam em um único buraco negro".

"Acreditamos que o jato de um dos buracos negros está sendo desviado pelo outro, como uma dança com fitas", assim resume Tsai. Quem diria, pois, que a astronomia se prestaria à tamanha proeza poética? Não que o recurso explicativo das metáforas esteja pouco presentes nos textos de popularização da ciência. Mas a imagem da dança com fitas se prestou a mais de um propósito hoje: ela me lembrou daquelas situações da vida em que o impacto de duas forças devastadoras acaba sendo anulado e gravitacionalmente equilibrado pelo seu próprio potencial de destruição, numa espécie de "dança mortal", conforme descreve a notícia.

Bom... Pelo menos para quem assiste a 3,8 bilhões de anos-luz de distância, a dança com fitas entre os buracos negros é  metáfora rica e preciosa, que nos fala da essência da vida que alguns levam aqui na Terra, das nossas próprias lutas pela sobrevivência e pelo equilíbrio conquistado lá onde só caos teria lugar.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Harlem Globetrotters

Depois do smartphone, o "telefone inteligente", eis que surge a smartwig, a peruca esperta que faz o que todas as perucas fazem - e muito mais! Seu desenvolvedor, a Sony, aposta nas inúmeras vantagens "insuspeitas" da peruca - as quais vão muito além de meramente esconder a calvície.

A primeira vantagem da peruca é possuir um sistema integrado de GPS: "Esta peruca inteligente está conectada, sem fio, a um computador que dá instruções a seu usuário para guiá-lo a um destino determinado, identificando sua localização graças a um GPS integrado. O usuário é orientado através de vibrações em determinados pontos da cabeça" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/ci%C3%AAncia-e-tecnologia/sony-cria-smartwig-a-peruca-inteligente-com-gps-integrado-1.196849).

Mas a lista não acaba por aí: "graças a seus sensores, pode medir temperatura corporal, a tensão arterial e, inclusive, gravar sons que seu portador emitir". Inteligente, pelo visto, é a própria Sony, que conseguiu concorrer consigo mesma até no mercado fonográfico. Imagine só uma reles peruca revelando Paravottis e Carreras pelo mundo afora? 

Promessa de êxito comercial, a peruca promete dar novo rumo à vida dos carecas perdidos. Ou seja, a peruca de boba não tem realmente nada. Tudo o que ela precisa é de um calvo burro o suficiente para obedecer aos comandos de uma cabeleira com tanta funcionalidades que deixaria os Harlem Globetrotters no chinelo.

E por falar neles...

 




quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Gato mia

Estudos qualitativos sobre comportamento animal, que se utilizam de amostras reduzidas, são um tanto mais propensos a ataques e críticas metodológicas. Com este estudo conduzido no Japão sobre a reação de gatos ao chamado de seus donos não há de ser diferente: ele tira conclusões antipáticas sobre o comportamento dos felinos, o que, por si só, há de gerar alguma controvérsia, independentemente do rigor metodológico dos críticos.

Notícia publicada hoje no jornal O Globo online aborda estudo que confirma que os gatos preferem a liberdade de "não pertencer a ninguém". É o que dá a entender um novo estudo da Universidade do Japão que prova "que, embora os gatos de estimação sejam mais do que capazes de reconhecer a voz de seu dono, eles preferem ignorá-la, talvez por razões ligadas à história evolutiva do animal", revela (http://oglobo.globo.com/ciencia/gatos-reconhecem-voz-do-dono-mas-preferem-ignora-la-10900133).

A metodologia prevê a análise de reações comportamentais de gatos diante do chamado de distintas pessoas: "Conduzido por Atsuko Saito e Kazutaba Shinozuba, o estudo analisou como 20 gatos de estimação se comportam em suas casas quando seus donos estão fora de vista. Eles mostraram a gravação de três estranhos chamando os felinos. Depois, a voz do dono, fazendo a mesma coisa. Por último, mais um estranho", completa.

A pesquisa - de cuja utilidade ainda não fui convencida - envolve a análise minuciosa de movimentos da orelha, cauda, cabeça, além da vocalização e da dilatação e deslocamentos dos olhos. E conclui que "gatos não mostram um comportamento comunicativo aos donos que estejam fora de sua vista, mesmo que eles consigam distinguir estas vozes." O que equivale a dizer que os gatos são intencionalmente dissimulados: "sei que você aí, mas finjo que não está."

Mas afinal, o que os gatos ganham com isso?  Bem, pelo menos eles têm a vantagem de, contrariamente aos seres humanos, serem acusados de indiferença por razões meramente evolutivas:  "O estudo, publicado na revista 'Springer in the Animal Cognition', sugere que a razão para a falta de respostas do gato pode remeter à origem de sua domesticação, ao contrário do que ocorreu com os cachorros". Ou seja: para os autores, "os felinos 'se autodomesticaram' ", seja o que eles queiram dizer com isso.

Auto-domesticados ou não, os gatos têm, no mínimo, uma outra grande vantagem com relação aos seus donos: eles não perdem tempo com estudos inúteis com uma pequena amostra de seres humanos. Assim é.

A Cartamonte

Tarô, búzios, cartas...

Matéria da TV Folha sobre as videntes do Viaduto do Chá, na cidade de São Paulo, impressiona pela angulação da questão: são ossos do ofício que poucos - ou poucas, a bem da verdade - ousam abordar publicamente: a perseguição policial de trinta anos atrás, atendimentos por caridade, tentativas de suicídio evitadas com conselho e muitas outras histórias tocantes (http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/videocasts/2013/11/1376707-ja-evitei-varios-suicidios-conta-vidente-do-viaduto-do-cha-em-sp.shtml).

De assaltante de banco a mães desesperadas, são muitos os que passam por lá em busca de respostas. Claro, não pude deixar de pensar no trágico conto "A Cartomante", de Machado de Assis. No conto, Camilo, pivô de um triângulo amoroso, recorre à cartomante para saber do seu destino:

"Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável mais cautela; ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita... Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.
— A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante" (http://www.releituras.com/machadodeassis_cartomante.asp).


Entre as ilusões acenadas e o vislumbre da tragédia que se seguiria houve um fosso mortal: Camilo morreria horas depois, assassinado pelo marido de sua amante em um acerto de contas. Para alguns, a vida já é uma tragédia auto-imposta. Para estes, a cartomante pode mudar o rumo das coisas. Ou, pelo menos, as disposições internas e a fé no futuro, o que, em si, já não é tarefa fácil.

Saber algo de um futuro incerto, tão incerto quanto a hora de nossa morte: talvez o que muitos realmente busquem é um motivo a mais para permanecer neste mundo. E se, nas cartas, ele encontrar alguma razão para ficar, então o investimento já valeu a pena. 
 

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Trem das Onze

Não deixa de ser irônica a maneira como a questão do transporte entrou na pauta dos dirigentes da capital e do estado mais populoso do Brasil. Vídeo publicado em primeira mão pelo jornal Folha de S. Paulo online, coloca o prefeito Fernando Haddad (PT-SP) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) lado a lado, cantando a famosa canção "Trem das Onze" (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2013/11/1375796-video-mostra-haddad-e-alckmin-cantando-em-paris-no-inicio-dos-protestos-de-junho-veja.shtml).

O dueto aconteceu durante um show da Daniela Mercury, quando prefeito e governador de São Paulo "estavam em Paris para lançar a candidatura paulistana como sede da Expo 2020".  Bem, se fosse apenas uma questão de desafiar convenções partidárias e gostos musicais dominantes, ainda ia. O problema é que o vídeo revela que a inusitada parceria entre os dois políticos, pertencentes a partidos supostamente rivais, acontece no mesmo momento em que a cidade de São Paulo era sacudida pelos primeiros protestos do Movimento Passe Livre, no início do mês de junho deste ano.

Sem dúvida alguma, a canja constituiu uma resposta politicamente desafinada ao problema do transporte público. É que hoje em dia tem muita gente que mora bem depois de Jaçanã e que acaba perdendo uma parte considerável de horas do seu dia confinada em um transporte público insuficiente e caro.

Fato incontestável: todas as vezes que nossos dirigentes rebolam para nos colocar no mapa dos grandes eventos mundiais, dançamos todos. Com e sem música.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Batman sem mãe

Jocosa essa notícia publicada da edição de hoje do jornal Hoje em Dia online. Ela dá conhecimento e debocha sem piedade da prisão por assalto de um cingalês chamado Batman Bin Supaman, o que seria o equivalente a "Batman filho de Superman", em português (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/bizarro/batman-filho-de-superman-se-rende-a-vida-de-crimes-na-cingapura-1.192553).  

O meliante, além de roubar cerca de R$1.000 de uma loja em Cingapura, é usuário de heroína e teria, segundo a notícia, roubado o cartão do próprio irmão e realizado saques. "Qual será o nome do irmão? Robin, Homem Aranha, Lanterna Verde... Enfim, pelo nome de Batman, a  reunião da família deve ser 'Liga da Justiça' ".

Ainda que de gosto duvidoso, a maior piada de todas foi saber que, "devido ao nome, o cingalês virou celebridade na internet e tem no Facebook mais de 11 mil curtidas".

Celebrizado no escárnio, a sina do rapaz é triste: ao nomeá-lo, esqueceram-se de que nem o Super-Homem pode gerar, sozinho, uma nova vida.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Mercúrio retrógrado

Sexta-feira de Mercúrio retrógrado: melhor não inventar moda!

Neste importante momento de reavaliação, faxinas são bem-vindas. Mas em períodos de retrogradação, Mercúrio também pede parcimônia. E se ele não pedir, pediria por ele assim mesmo.

Não sem razão, o astrólogo Antonio Rosa quem pergunta: "Porque não olharmos para esta fase como uma espécie de bênção para nos acalmarmos, nos situarmos e entrarmos em nós mesmos?" (http://cova-do-urso.blogspot.com.br/2013/10/mercurio-retrogrado-outubro-novembro.html)

Boa pergunta, Antonio Rosa. Nesta 6ª feira de Mercúrio retrógrado, vou fazer como o Milton Nascimento: "vou descobrir o que me faz sentir eu, caçador de mim."


Fonte: http://youtu.be/Se9XYKHQi3Y

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Virgens e extravirgens

Vejam só: pureza agora é virtude em vias de extinção!

Pelo menos é o que dá a entender teste realizado pela Proteste - Associação de Consumidores. A entidade testou 19 marcas de azeite extravirgem e constatou que quatro delas "não podem nem ser consideradas azeites, e sim uma mistura de óleos refinados", ao passo que apenas oito "apresentam qualidade de extravirgem" (http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/azeites-de-oliva-so-no-rotulo-10710633).

Segundo notícia publicada no jornal O Globo online, "os quatro produtos declassificados pela entidade são, na verdade, uma mistura de óleos refinados, com adição de outros óleos e gorduras". São eles: Figueira da Foz, Tradição, Quinta d’Aldeia e Vila Real.

O que faz, então, com que o azeite seja, de fato, azeite? Ora, ora: a pureza. "As propriedades antioxidantes do azeite de oliva são o principal atrativo do produto, devido ao efeito benéfico à saúde. Mas para que o azeite mantenha suas características, é importante que ele não seja misturado a outras substâncias".

Como a pureza é virtude que já foi para as cucuias, o que sobrou no mercado dos azeites foi esculhambação: "Os testes realizados indicaram que os produtos não só apresentam falta de qualidade, como também apontaram a adição de óleos de sementes de oleaginosas, o que caracteriza a fraude". Do jeito que a coisa vai, daqui a pouco estaremos regando a salada com óleo diesel. E o que é pior: pagando caro pelo preço de azeite extravirgem. "A entidade ressalta que o consumidor paga mais caro, acreditando estar comprando o melhor tipo de azeite e leva para casa um produto de qualidade inferior."

Moral da história: com tanta fraude no mercado, o sonho dourado do consumidor brasileiro vai acabar sendo o de morrer, ir para o paraíso e encontrar como recompensa sete embalagens de azeite extravirgem a preços módicos, esperando por ele.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Fuga para a vitória

Não é todo dia que a nossa presidenta aparece sorridente nas fotos midiáticas. Mas hoje ela resolveu quebrar todos os protocolos, mostrando os 32 dentes quando perguntada sobre as eventuais "fugidelas" de seu esquema de segurança pessoal.

Segundo notícia publicada no jornal Hoje em Dia online, a presidenta Dilma Rousseff teria afirmado em entrevista concedida a veículos do Grupo RBS, na tarde de hoje, que "apesar de às vezes fugir dos seguranças, 'infelizmente' não faz isso para namorar" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/politica/descontraida-dilma-diz-que-fugas-n-o-s-o-pra-namorar-1.190475).

Isso realmente é uma pena, presidenta Dilma! Se fugisse por esta razão, seria por motivo mais que nobre. Mas já que é assim, fico daqui, torcendo para que o conselho de Lulu Santos seja acatado: vamos nos permitir!


Fonte: http://youtu.be/qvOYnSV26A8

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Era Mário Fofoca

"Sim, nós também. E daí?"

É o que dá a entender o relatório publicado pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) sobre ações de espionagem impetradas contra diplomatas estrangeiros no Brasil, envolvendo "dez operações secretas em andamento entre 2003 e 2004" (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/11/1366382-agencia-brasileira-espionou-funcionarios-estrangeiros.shtml).

Os principais alvos? Diplomatas da Rússia, Irã e Iraque.E quem realizou as missões? A própria Abin, dona do relatório em questão. E por que resolveu contar para todo mundo? Boa pergunta! Talvez para desqualificar as reações do governo brasileiro diante das tentativas de espionagem dos EUA e mostrar que a indignação local é mera firula (http://cronicasdejuvenal.blogspot.com.br/2013/07/es-pi-o-na-gem.html).

Bem, se era essa a intenção, o tiro pode ter saído pela culatra. De acordo com a Folha de S. Paulo, que teve acesso ao documento da agência de inteligência brasileira, "as operações descritas no relatório da Abin têm características modestas, e nem de longe podem ser comparadas com a sofisticação da estrutura montada pela Agência de Segurança Nacional americana, a NSA, para monitorar comunicações na internet".

Ou seja, fazemos igual, só que pior e em menor escala. E ainda saímos contando para todo mundo, numa atitude tão atrapalhada que me fez lembrar do personagem Mário Fofoca, um desajeitado detetive particular que figurou na telenovela Elas por Elas, nos idos anos de 1982. Mas com uma desvantagem: Mário Fofoca, pelo menos, nos fazia rir.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Festa na Floresta

Se é mesmo verdade que, à noite, todos os gatos são pardos, estão os ativistas chineses da província Jiangsu terão muito trabalho pela frente: "ativistas dos direitos dos animais estão vasculhando uma floresta no leste da China onde mais de mil gatos resgatados de um fornecedor de carne foram soltos pelas autoridades locais, informou um ativista nesta segunda-feira (4)", relato notícia publicada no jornal Hoje em Dia online (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/mundo/autoridades-chinesas-soltam-mil-gatos-em-floresta-1.189538).

Segundo teria afirmado um ativista da Wuxi Small Animal Protection Association ao jornal Beijing Youth Daily, a captura foi realizada por voluntários defensores dos animais e pela polícia local, os quais "interceptaram um caminhão repleto de gatos destinados ao consumo humano na semana passada."

No entanto, segundo versão do jornal chinês, "e as autoridades apreenderam os gatos porque o proprietário do caminhão não tinha seus documentos em ordem, mas decidiram libertar os animais na natureza por não terem recursos para mantê-los". O desafio agora é vasculhar "a floresta com gaiolas em uma tentativa de capturar os gatos, e esperam colocar aqueles encontrados para adoção", antes que eles virem (bem literalmente) churrasquinho.

Resta saber se a chegada dos gatos na floresta deixou as lebres mais alegres... Qual seja o resultado desta súbita superpopulação, os beagles de São Roque serão os primeiros a saudar os gatinhos de Jiangsu e pedir passagem.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Óculos bestas

Um comentário rápido para fechar com chave de ouro este dia cheio de emoções.

"A uruguaia Cecilia Abadie foi multada na quarta-feira (30) por dirigir seu carro enquanto usava os óculos conectados do Google, chamados Glass, em San Diego, Califórnia, cidade onde mora" (http://www1.folha.uol.com.br/tec/2013/10/1364892-mulher-e-multada-por-dirigir-usando-oculos-inteligentes-do-google-nos-eua.shtml).

De acordo com a notícia publicada no jornal Hoje em Dia online, a lei californiana proibe dirigir veículo motorizado "se um receptor de televisão, um monitor de vídeo, uma TV ou uma tela de vídeo, ou qualquer outro meio similar de exibição de sinal de vídeo que produza aplicações de entretenimento ou de negócios estiver operante e localizado em um ponto à frente da parte traseira do banco do condutor." Para tentar escapar da multa, a infratora  alegou "que estava com o aparelho desligado."

O jeito então foi ela recorrer ao Google +, rede social da Google, para se queixar do multa. Outros usuários, tão ou menos esclarecidos que a senhora Abadie, confortaram-na sua dor: "A repercussão por parte de outros usuários do Glass foi imediata, com uma 'hashtag' criada para o assunto, #freececilia", incentivando-a a recorrer da multa.

Sinal de que o Google Glass, conhecido como "óculos inteligentes", infelizmente, ainda não foi capaz de contaminar seus usuários.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Animalesco

Ainda sobre a polêmica do uso de animais em testes de laboratório, penso que o verdadeiro problema é a inversão de papeis: seres humanos no lugar de ratos, cães no lugar de seres humanos, seres humanos no lugar de minhocas.

Olhem só como são as coisas: o vereador José Paulo Carvalho de Oliveira (PT do B-RJ), conhecido como "Russo da Autopeças", conseguiu colocar humanos abaixo da condição de minhocas. O distinto senhor teria afirmado, no dia 8 de outubro, em plena sessão comemorativa dos 25 anos da Constituição na cidade de Piraí (RJ), que "mendigo não tem que votar, mendigo não faz nada na vida. Aliás, acho que deveria até virar ração pra peixe" (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/10/1363923-vereador-se-desculpa-por-dizer-que-mendigo-deve-virar-racao-pra-peixe.shtml).

Por outro lado, pesquisa do Datafolha indica que, globalmente falando, os paulistanos são contra o uso de cães em testes de laboratório, mas a favor do uso de ratos como cobaias: "Enquanto o emprego de cães em pesquisas foi reprovado por 66% dos entrevistados, 59% reprovaram o uso de macacos, 57% rejeitam o uso de coelhos, e apenas 29% condenaram o uso de ratos" (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1363200-maioria-dos-paulistanos-defende-uso-de-rato-como-cobaia-diz-datafolha.shtml).

"Coitadinhos dos ratos", pensaram alguns. Outros, mais sensibilizados com sua pouca popularidade nas pesquisas, diriam que "os ratos deveriam ser tratados como qualquer outro animal". Mas, em um ponto, todos certamente concordariam com os extremistas: neste país de paradoxos, o que não dá é para tratar bicho que nem mendigo: sua condição fica abaixo da condição da minhoca, já que esta última ao menos pode ser isca e ter lá sua utilidade.

Mundo estranho esse nosso! 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Maya

Impactante o vídeo que mostra o resgate da surfista brasileira, Maya Gabeira, que sucumbiu às ondas da praia de Nazaré, em Portugal, na manhã desta 2ª feira (http://oglobo.globo.com/blogs/radicais/posts/2013/10/28/video-mostra-resgate-de-maya-gabeira-em-nazare-513445.asp).


Depois de cair de uma onda gigante, Maya esteve bem perto de desvelar todas as ilusões que este mundo do Absoluto, como sugere o significado do seu nome em sânscrito (http://pt.wikipedia.org/wiki/Maya_%28filosofia%29). Ela submergiu a ponto de não ter mais forças para se agarrar ao jetski do também surfista Carlos Burle (http://oglobo.globo.com/blogs/radicais/posts/2013/10/28/maya-gabeira-sofre-acidente-surfando-em-portugal-513430.asp).

Ao chegar à praia, Maya foi ressuscitada pela equipe de resgate e levada a um hospital na cidade de Leiria, onde foi constatada uma fratura no tornozelo. Sua coragem, no entanto, é de mais de 30 metros, tamanho provável da onda surfada. Maya acabou testemunhando os mistérios da Vida e da Morte, segundo narrou seu salvador e amigo: "Ela não tinha mais forças para pegar o sled (prancha de resgate). Falei para ela segurar a corda, acho que foi o último esforço que ela fez de vida ali, segurando a corda. Na próxima onda, ela estava boiando, sem consciência. Ela sumiu, mas graças a Deus apareceu de novo e pude pular e agarrar ela."

Filha do mar, Yemanjá te devolveu para os braços da mãe Terra. Odoiá, odoiá.


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Andanças

Não imaginava terminar esta 6ª feira com uma homenagem póstuma, mas hoje se foi Paulinho Tapajós, compositor de diversas canções famosas como "Sapato Velho", "Cantiga por Luciana" e "Até Voltar".

Em meio a tantas canções de sucesso, uma delas, "Andança", composta em parceria com Danilo Caymmi e Edmundo Souto, me fala alto ao coração. Não sem surpresa, acabei me deparando com este vídeo em que Beth Carvalho conta a história da composição e de como ela foi premiada no Terceiro Festival Internacional da Canção.


Sem mais para o momento, deixo, junto com o meu verso preferido, minha profunda reverência ao mestre Tapajós.

"Já me fiz a guerra por não saber
Que essa terra encerra o meu bem querer
Que jamais termina o meu caminhar
Só o amor me ensina onde vou chegar"

 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Pipoca no asfalto

Na onda das denúncias de maus tratos aos animais que vêm animando as manchetes desde 6ª feira passada, após a pirotécnica liberação dos cães da raça beagle de um laboratório na cidade de São Roque (SP) (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1360723-se-deixarem-busco-ratos-afirma-luisa-mell-sobre-maus-tratos-contra-animais.shtml), novas cenas de maus tratos animais usados como cobaias - a porcos, mais especificamente - ganham a mídia nacional.

Segundo relato publicado em matéria no jornal Folha de S. Paulo ,"cinco animais vivos, sedados, passavam por cirurgias experimentais de traqueostomia - abertura de um orifício na traqueia para permitir a respiração artificial - durante uma aula do curso de Medicina". (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/ativistas-invadem-laboratorio-e-filmam-uso-de-porcos-em-aula-de-medicina-1.185484).

Imbuída deste mesmo espírito preservacionista que impera pelo país afora, quero deixar aqui minha demonstração pública de preocupação com os pombos!

Em breve notícia publicada também no jornal Hoje em Dia online, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) adverte que o lote número 123 da marca de pipocas "Brasileira", fabricado no dia 1º de abril de 2013, cuja validade vai até 1º de março de 2014, contém um elevado teor de aflatoxina: "Segundo a ANS, a aflatoxina é uma substância produzida por um fungo que, em grandes concentrações, pode ter efeito cancerígeno" (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1361388-anvisa-suspende-venda-de-pipoca-com-substancia-cancerigena.shtml).

Estupefata com os possíveis danos à saúde dos grandes consumidores de pipoca, deixo meu conselho a título de contribuição: aos pombos, dê apenas milho.

"E para as crianças? Devemos dar pipoca?"

Bem, como este nosso país é cheio de paradoxos, alguns reacionários facilmente sustentariam que as crianças mais pobres - e somente elas - deveriam ser constantemente nutridas com essas iguarias. Depois, deixaríamos que elas crescessem junto com algum câncer maligno para que, ao chegarem aos hospitais públicos, sirvam de cobaias para os médicos residentes: estes, certamente, saberão sedá-las como porcos, tal qual como se faz nas faculdades de medicina pelo país afora.

Riscos do paradoxo! E há quem acredite, veementemente, que os indigentes sociais valem menos do que qualquer animal de laboratório.

P.S. = Voltando aos pombos: se estiver fazendo o calor que fez hoje, cancele também o milho: há um grande risco de virar pipoca no asfalto.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Sobras e faltas

O que acabo de ler chama para a reflexão: "Levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que 47% dos consumidores brasileiros já pagou por algum produto que não usou" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/economia-e-negocios/quase-metade-dos-consumidores-ja-comprou-algo-que-n-o-usou-1.184447). Ou seja, quase metade da nossa população já jogou dinheiro fora em algum momento da sua vida.

Bem, se fôssemos uma sociedade da abundância compartilhada (em que todos têm acesso à cesta básica), mais igualitária (sem os mais de 20% da população vivendo em estado de indigência) e com os maiores índices de escolaridade do planeta, ainda ia. Mas não somos. Pelo contrário, ainda temos 28% da população morando em áreas precárias (http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/08/brasil-avanca-mas-e-quarto-pais-mais-desigual-da-america-latina-diz-onu.html).

Mas a situação parece bem pior do que se imagina. De acordo com a notícia publicada no jornal Hoje em Dia online, "seis em cada dez entrevistados admitem que já ficaram endividados por adquirir algum bem que não precisavam ter comprado".

A explicação para tamanha estupidez? Nada alentadora, já vou avisando: "isso acontece, segundo a pesquisa, porque o consumidor brasileiro tende a se preocupar com a imagem que transmite às pessoas do seu convívio, idealizando para si próprio um padrão de consumo que muitas vezes não corresponde ao orçamento pessoal".

Como diria aquela velha expressão: "eu poderia ter ido dormir sem essa".

Boa noite para quem fica!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Retóricas

Claro está que o poder político não pode - e talvez nem consiga! - prescindir da retórica. Mas tem coisas nessa arena da política internacional que parecem saído do arco da velha.

Depois do descabelamento diplomático com as atividades de espionagem dos EUA, executado em praça pública mundial pela nossa presidenta Dilma - e uma crescente simpatia mundial pela figura de Edward Snowden, hoje seguramente o dedo-duro mais procurado do planeta (http://cronicasdejuvenal.blogspot.com.br/2013/07/unissono.html) - chegou a vez dos franceses subirem nas tamancas.

Não que estes últimos lhe tenham oferecido abertamente asilo político, como sugerido pelos nossos senadores. No entanto, como era de se esperar, "novas revelações sobre a espionagem em massa dos serviços norte-americanos provocaram reações iradas da França, que convocou o embaixador dos Estados Unidos em Paris" (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/10/1359895-todos-os-paises-espionam-responde-a-casa-branca-as-acusacoes-da-franca.shtml).

E onde entra a retórica (sem "r" maiúsculo mesmo) nisso tudo? No tom teatral das trocas públicas de argumento. Nessas horas, o estardalhaço sempre começa por uma boa reportagem investigativa (e não seria a investigação um nome mais elegante para espionagem?): "Segundo o jornal 'Le Monde', em sua edição desta segunda-feira, a agência americana de Segurança realizou 70,3 milhões de gravações de dados telefônicos de franceses em um período de 30 dias entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013."

A cena seguinte é quase tão previsível quanto engarrafamento em véspera de Natal: as autoridades máximas saem de suas alcovas e vêm a público demonstrar, em alto e bom som, sua indignação: " 'Estou profundamente escandalizado', declarou nesta segunda-feira em Copenhague o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault". "Nós também estamos!", vocifera a plateia mundial. E seguem-se as vaias.

E os EUA com isso? Estão que nem rádio velho: nem ligando! " 'Já deixamos claro que os Estados Unidos recolhem informações de inteligência no exterior do mesmo modo que todos os países recolhem', afirmou a porta-voz da agência [de Segurança Nacional americana], Caitlin Hayden". O drama do dia então se encerra com um simples telefonema diplomático: o presidente americano Barack Obama liga para François Hollande para explicar o inexplicável - mesmo porque o incabível não tem mesmo cabimento.

O problema é que, sob um certo aspecto, Hayden e Obama estão cobertos de razão: espionagem todo mundo faz. E a França também. Basta dar uma olhada no que dizem alguns jornais europeus já há alguns anos sobre as práticas de espionagem industrial nada ortodoxas que vêm sendo executadas pelo país hexagonal: "Telegramas divulgados pelo WikiLeaks e publicados hoje pelo diário norueguês Aftenposten indicam que a França é o país mais activo em matéria de espionagem industrial, relegando para segundo plano países como a China ou a Rússia" (http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1748461&seccao=Europa).

E fica a pergunta: então, pra quê tanta conversa jogada fora? Na melhor das hipóteses, para garantir a colônia de férias vitalícia para Edward Snowden.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Sonhos acessíveis

Sonhos, pensamentos e ideias cada vez mais palpáveis? Sim, para cegos.

Graças às novíssimas impressoras 3D que a Yahoo desenvolveu no Japão, é possível materializar sonhos e ideias para que as crianças cegas possam experimentá-las. Funcionando como uma espécie de "Google tátil", a impressora "utiliza o mesmo sistema dos buscadores para fazer com que crianças cegas possam sentir o resultado de suas pesquisas com o tato" (http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2013/10/1358658-impressora-3d-permite-que-criancas-cegas-descubram-formas-de-animais-e-objetos.shtml).

Acoplada a um sistema de voz, a "Hands on Search" (como ela é chamada) só precisa de um comando sonoro coletado por microfone para buscar o objeto mencionado e criar "o que ouviu na forma de uma miniatura": "Após dizer 'girafa', por exemplo, um menino recebe uma versão do animal que cabe em suas mãos. O mesmo acontece com tiranossauros, prédios e carros", explica notícia publicada hoje pelo jornal Folha de S. Paulo.

Duvidou do feito? Dê uma olhada em um vídeo bacaninha (com cara de comercial, lógico) lá na notícia e tire suas próprias conclusões. De resto, a ideia é sedutora: tocar nos conceitos, agora, vai passar de metáfora a realidade.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Caixa de fósforo

Viver nesse mundão grande sem porteira requer muitos esforços adaptativos. Por um lado, a vida requer suaves práticas de deslizamento em barranco (basta ver, no comentário de ontem, como os elefantes têm saído bem nessa tarefa). Por outro, ela requer encolhimentos e desapegos, para não dizer verdadeiras amputações.

Este parece ser o caso dos chamados novos "xodós do mercado" imobiliário de São Paulo: apartamentos de 30m2 que, segundo matéria publicada na Folha de S. Paulo online, acabaram se tornando "um dos segmentos preferidos das construtoras nos últimos anos" (http://classificados.folha.uol.com.br/imoveis/2013/10/1355586-xodos-do-mercado-imoveis-de-1-quarto-encolhem-organiza-espacos-e-desafio.shtml).

Facílimo entender tanto apreço: o preço! "Um imóvel com 30 m² e com metro quadrado de cerca de R$ 12 mil sai por R$ 360 mil, o que atrai muitos investidores de olho em garantir rentabilidade com aluguel". Eis aí, seguramente, a caixa de fósforo mais cara do mercado.

Perguntado sobre o "processo de adaptação" necessário aos novos padrões espaciais do imóvel, o empresário Airton Lozano, de 56 anos, posou sorrindo para a foto. E afirmou: "É prático manter o apartamento, além de o edifício ter infraestrutura de hotel, com manobrista, camareira e serviço de manutenção". A ideia principal é poder oferecer um apartamento pequeno, funcional e bem localizado.

Realmente, levar um carrinho de compras da pseudossala para a pseudocozinha deve requerer uma manobra imensa. Feliz da camareira que conseguir achar uma cama para ser arrumada: na foto 1, por exemplo, a única coisa felpuda e digna de receber um "corpitcho" cansado é o tapete. Na foto 2, eu suspeito que a cama seja o sofá e vice-versa. E na foto 3, a cama está de frente para o forno, o que deve conferir uma sensação de "aconchego" bastante particular às noites de verão.

E  - pasmem! - a coisa está mudando rapidamente: "Levantamento da Folha com base em dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio) aponta que o tamanho médio de um imóvel na cidade de São Paulo passou de 110 m² em 2006 para 71,6 m² neste ano até agosto."

Nomes variados qualificam o mesmo tipo de imóvel. Para quem vende, o nome disso é "praticidade". Para quem compra, "infraestrutura de hotel". E para quem observa de longe: combinação ímpar de "perda de qualidade de vida" + "especulação imobiliária".

Acho que vou preferir descer barranco com os elefantes! 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Barranco filosófico

Você começa a segunda-feira cansado(a), com o corpo doído, sem a menor vontade de fazer o quer que seja. Que expressão lhe vem à mente?

Certamente, alguns terão pensado na célebre frase: "o mundo podia acabar em barranco para eu morrer encostado". Outros, mesmo sem ter pensado logo de partida, concordarão com a escolha. Mas estes elefantes da África do Sul não vão achar a menor graça nessa modalidade de fim de mundo.

Notícia publicada hoje no jornal Hoje em Dia online relata o drama registrado pelas lentes de Christophe Beaudufe, "um fotógrafo amador [que] flagrou o momento em que uma manada de elefantes deslizou em uma encosta íngreme a caminho do rio Sabie no Parque Nacional Kruger na África do Sul. Cerca de 60 mamíferos estavam no grupo e, em menos de 20 minutos, estavam todos no vale tomando água" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/bizarro/fotografo-flagra-elefantes-deslizando-em-barranco-na-africa-do-sul-1.181075).

Segundo o jornal britânico Daily Mail, de onde a notícia brasileira foi pinçada, "Beaudufe fazia um safári na África quando avistou o grupo escorregando e parou para registrar a cena". Não fossem as fotos que Beaudufe tirou do "ski-bunda' dos elefantes um espetáculo auto-evidente, era bem provável que as impressões pessoais do fotógrafo, transcritas entre aspas pelo jornal britânico, ofuscassem o evento em si, tamanho seu poder de sedução: "Eu não conseguia ver nenhum elefante caindo sobre o outro, e todos eles pareciam dominar as técnicas de deslizamento", de acordo com o fotógrafo. "Não havia nenhum sinal de estresse nos elefantes", avalia, para então conclui terminantemente: "No começo, eu pensei que tinham perdido o equilíbrio, mas eles continuaram a deslizar como crianças em um playground."

Moral da história: quer ser feliz na segunda-feira? Domine o estresse aprimorando técnicas de deslizamento. Na pior das hipóteses, você vai estar pronto(a) para o fim do mundo, caso este venha acabar em barranco.

De qualquer forma, evite praticar próximo a um ou mais elefantes: eles pode ser mais experientes e passar por cima de você. Literalmente!   


sábado, 12 de outubro de 2013

Falso positivo

Neste mundo de aparências, em que nada é e tudo pode ser, fica difícil discernir o incerto do duvidoso. Não faltam, portanto, originais falseados em imitações de imitações. No final das contas, nunca dá para ter muita certeza do terreno onde estamos pisando. E as notícias diárias estão lá para nos prover de casos flagrantes de falsificação ou indefinição "identitária".

Assim foi com a interdição, hoje, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, de nove produtos com farinha de milho. "Os alimentos foram interditados preventivamente por 90 dias, por apresentarem teores de ferro inferiores a 4,2mg/100g. Ou seja, estão em desacordo com a legislação vigente e não contribuem para prevenir a ocorrência de anemia ferropriva, segundo informou a reguladora" (http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/anvisa-proibe-venda-de-nove-produtos-de-farinha-de-milho-10334735). Em outras palavras, os produtos até lembram o milho, mas, contudo, sem os benefícios agregados.

Ainda no campo das indefinições, a notícia desta vez causa espanto: pesquisadores estariam "trabalhando para identificar a carcaça de um animal encontrado em agosto em uma praia de Almería, na Espanha. A criatura tem chifres e mede entre quatro e cinco metros de cumprimento", explica a notícia (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/bizarro/pesquisadores-tentam-identificar-animal-encontrado-morto-em-praia-da-espanha-1.179959). O difícil reconhecimento do animal, já que ele foi achado em estágio avançado de decomposição, contrasta bastante com a rapidez com que pude perceber dois errinhos ortográficos em uma exígua nota que não excede cinco linhas: "fauna marina" e "indetificação". Valha-me Deus!

Pois a única felicidade autêntica que nos foi trazida pelas notícias dos jornais do dia de hoje foi a localização da estátua da Samaritana, peça de Aleijadinho desaparecida desde os anos 1970. "A peça esculpida por Aleijadinho (1737-1814) faz parte do conjunto arquitetônico de Ouro Preto e integrava um chafariz instalado nos fundos do casarão onde atualmente funciona o museu Casa Guignard", mas fora retirada do local de origem sem autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1355244-estatua-de-aleijadinho-desaparecida-ha-37-anos-e-encontrada-em-bh.shtml).

Agora, sobre a índole da Samaritana, pouco se sabe. Boa ou má, isto tem muito pouca importância; sabe-se, contudo, que mercadores e colecionadores de arte são os melhores artífices na identificação de falsificações. Se fosse o contrário, os herdeiros do interceptador final da Samaritana, o empresário e colecionador de arte Arthur Vale Mendes, não teriam tido que devolver ao Iphan nada mais, nada menos do que 28 peças sacras adquiridas ilicitamente, dentre as quais figuram esculturas de Aleijadinho e um quadro do Mestre Athaíde.

É mole?

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Ecosport violento

Você já foi barrado em festa, evento ou qualquer outro lugar bacaninha só porque não estava vestido à altura? Se a resposta for sim e você já tiver se recuperado do trauma, parabéns. Se a resposta for não e o ato de exclusão ainda for doído, então está na hora de saber que o inverso também é não só constrangedor, como também perigoso.

É o que sugere esta notícia sobre o sequestro relâmpago do pedreiro Paulo de Jesus, ocorrido na Roça Grande (http://www.hojeemdia.com.br/minas/pedreiro-e-vitima-de-sequestro-relampago-por-engano-em-bh-1.178687). "Segundo os policiais, o pedreiro, de 53 anos, e um colega, estavam em um Ecosport, de cor prata, na rua Raimundo Lopes Figueiredo, quando foram  surpreendidos pelos suspeitos, que anunciaram o assalto e ordenaram que a vítima fosse para o banco de trás do veículo", relata a notícia publicada hoje no jornal Hoje em Dia online. "Em seguida, eles foram até Contagem e, no bairro Cidade Industrial, forçaram a vítima a fornecer seus cartões bancários com as respectivas senhas".

Na realidade, o verdadeiro alvo do sequestro, nos dizeres da notícia, "era um diretor da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) que mora na casa onde Paulo de Jesus iria prestar um serviço". Obviamente, os sequestradores custaram a constatar que eram verdadeiras as alegações da vítima de que ele não era o empresário e que tampouco tinha dinheiro na conta bancária.

Moral da história: com vida, a vítima foi abandonada na Via Expressa e acabou ficando sem seu celular e aproximadamente R$ 100 em dinheiro. Com vida, sim, mas totalmente abalado. E, sou capaz de apostar, ele dificilmente vai querer entrar em um Ecosport nos próximos 20 anos...  

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Panóptico

Câmeras, câmera e mais câmeras. Tudo em prol da tão almejada e fugidia segurança.

Bem, se você achava que ainda existia algum recôncavo mal-convexo deste mundo que estivesse ao abrigo das câmeras vigilância, saiba então que está chegando o dia de perder de vez todas as suas esperanças. A gota d'água será a instalação de câmeras na Catedral Metropolitana de São Sebastião, em Ribeirão Preto (SP), por motivos de segurança.

Tudo porque o padre local, Eduardo Tibério, acabou sendo roubado dentro da própria igreja após ouvir mulher em confissão: "O furto que envolveu o padre ocorreu após ele ouvir a confissão de uma mulher bem vestida e com idade entre 35 e 40 anos. Ele diz que não costuma levar o telefone para o confessionário, mas, naquele momento, aguardava uma ligação importante de sua família que reside em outra cidade", afirmou o padre em notícia publicada hoje no jornal Hoje em Dia online (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/apos-se-confessar-mulher-furta-celular-do-padre-dentro-da-igreja-1.178144). 

"Apesar do prejuízo", prossegue a notícia, o padre "não quis registrar queixa na polícia e disse que perdoa a ladra com base nos dogmas cristãos". Difíceis dias os nossos. Que o padre tenha agido por coerência de princípios ou por mera praticidade, pouco importa. Fato é que, antes de roubá-lo, a dama em questão já era ré confessa.

Consolo besta: quando soarem as trombetas do Apocalipse, estaremos sendo filmados!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Acidez básica

Tá vendo? Nisso é que dá ficar reclamando das aulas de química do colégio, alegando que vai fazer jornalismo e que nunca mais vai precisar saber de nada daquilo.

Notícia displicente, publicada no jornal Hoje em Dia online, fala do inquietante lago Natrão, na Tanzânia, capaz de transformar animais vivos em estátua.... graças à "combinação de acidez e temperatura alta [que] deixa a água letal para os animais da região. Os que têm contato com o líquido acabam mortos e calcificados, formando um cemitério de estátuas" (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/mundo/lago-na-africa-tem-agua-mortal-que-transforma-animais-em-estatuas-1.176777).

Até aí, tudo bem. O problema é quando o(a) dileto(a) repórter tenta dar uma ideia do que significa uma água ácida: "A água do local tem o pH natural (acidez), que varia entre 9 e 10.5. O normal para o consumo é 7. A temperatura da água chega a alcançar 60 ºC". Se ele (ou ela) não tivesse matado a aula de química para jogar fliperama (avô do playstation), saberia que o ph acima de 7, considerado ponto neutro, é básico e não ácido.

Bem, poderíamos ter ido dormir com essa, mas o implacável redator nos premiou com uma segunda nota digna de comentário: seu desleixo com o texto foi tão grande que ele(a) próprio(a) até conseguiu entrar em contradição consigo mesmo: "O único animal que sobrevive a esse tipo de água é o peixe Alcolapia alcalina, um tipo de tilápia conhecido por ser muito resitente (sic!)".

Bem, se é alcalino, logo não é ácido. E se é básico, também pode se dizer alcalino, pois os termos, neste contexto, são intercambiáveis.  Difícil é engolir que a tilápia alcalina não morre por causa da acidez da água. Melhor seria comê-la com sal, possível composto resultante dessa barafunda química.


Vou dormir. Essa conversa toda me deu azia. Boa noite para quem fica.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

Aparição pública

Não tem sido fácil o retorno ao mundo dos vivos. E encontrar algo digno de menção em meio às  mazelas diárias narradas nos jornais tem sido um outro desafio.

Mas eis que consigo pinçar uma pérola em meio às inúmeras notícias insossas sobre celebridades inexpressivas: "O escritor colombiano Gabriel García Márquez, 85, fez neste domingo (29/9) uma rara aparição pública na Cidade do México, onde vive" (www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/09/1349636-garcia-marquez-vai-a-inauguracao-de-boliche-no-mexico-e-mostra-dedo-para-fotografo.shtml).

A bem da verdade, o enfoque da notícia não ajuda em nada a distinção do meu autor preferido em relação às demais celebridades inexpressivas, visto que o tema da notícia insossa foi sua aparição em inauguração de boliche na cidade do México. Teria sido uma cobertura banal - com ênfase no que comeu e com quem foi - se, e somente se, García Márquez não fosse o gênio que é: em foto replicada nos quatro cantos do mundo pela agência de notícias Notimex, "Gabo", como é conhecido entre os íntimos, enfrentou as câmeras com deliberado ato libidinoso e deu uma solene "dedada" para os fotógrafos.

Mas o melhor mesmo da notícia foi a hermenêutica da imagem proposta pela própria agência de notícias: " 'Gabo' estendeu o dedo médio para um fotógrafo da Notimex que registrava sua presença no local - não está claro se o fez em tom de brincadeira ou se estava irritado".

Não está claro? Por via das dúvidas, a notícia pressente a imbecilidade do seu leitor médio ao lhe propor o seguinte diagnóstico: "O autor de 'Cem Anos de Solidão' e 'Ninguém Escreve ao Coronel' sofre de demência senil, segundo revelou seu irmão Jaime no ano passado".

Um gênio esse García Márquez! Quase tão bom quanto Einstein fazendo careta...

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Aventura 4 x 4 : 4o dia

Chegamos, portanto, ao quarto e último dia de aventura: o dia do retorno a San Pedro de Atacama. Já havia comentado, há dias atrás, que a história desta viagem seria contada de maneira retrospectiva, por falta de acesso a Internet ao longo do trajeto.

Olhando agora para trás, vejo coincidir, à medida que narro esta última parte da minha viagem, três despedidas diferentes: a despedida da Bolívia, a despedida de San Pedro de Atacama (ambas ocorridas no dia 20/09) e a despedida de Santiago (que acontece neste exato momento).

A despedida da Bolívia aconteceu não sem um certo aperto no coração. Agora, cada um de nós cinco seguiria o rumo de suas vidas: Matt e Sara voltariam no dia seguinte para Santiago, onde moram; Juliana e Rodrigo seguiriam viagem para La Paz e, em seguida, para o Peru. E eu passaria mais alguns dias em Santiago, para onde partiria também no dia seguinte, só que em outro vôo.

A verdade é que as despedidas nunca são fáceis. Principalmente, quando se vive um ciclo de transformações internas tão intenso como o vivido durante esses poucos dias. A verdadeira viagem é aquela que nos transforma de maneira estrutural. E essa viagem, posso dizer sem risco de estar cometendo um exagero, alterou profundamente minhas disposições internas. Não sei exatamente quando isso se deu. Talvez o processo ainda nem sequer tenha terminado. Mas fato é que terminei essa viagem diferente de quando comecei. E sou muito grata a vida por esta possibilidade de transformação.

Basicamente, o caminho de volta se deu na ausência de qualquer atrativo. Ficamos hospedados em um vilarejo mais ou menos próximo da fronteira, para facilitar a passagem. Fizemos tudo o que fizemos na vinda, só que ao contrário: passamos pela alfândega boliviana primeiro, e pela chilena em seguida. Cheguei em San Pedro por volta das 13h, tempo o suficiente para tomar um banho longo, almoçar comida típica chilena e encomendar meu último passeio, que aconteceria entre 16h e 19h30 daquele mesmo dia, na Cordillera de la Sal, no Valle de la Luna e no Valle de la Muerte.

Confesso que foi um passeio com cara de final de festa. As pessoas eram outras, o clima era outro. Foi legal para fechar o ciclo e para dizer que terminei minha viagem a San Pedro com um belo pôr do sol.

Os dias seguintes, em Santiago, foram de natureza distinta das dias anteriores: menos contemplativa, talvez, se bem que igualmente introspectiva. Na capital do Chile, fiz dois tours de bicicleta com a turma de "La Bicicleta Verde", os quais foram essenciais para conhecer Santiago de maneira inusitada: aulas de história e cultura sendo dadas ao longo de paradas estratégicas na cidade. E posso até não ter visto os principais pontos turísticos da cidade, mas tive a grata oportunidade de rever Pedro Reyes, meu colega de doutorado no Canadá. Infelizmente, não pude tirar fotos com meu celular, cuja câmera resolveu dar biziu. Por isso, esta última parte da viagem fica sem registros fotográficos, pelo menos por enquanto.

Resumindo bem resumido: a hora de partir é também a hora de chegar. Fecha-se um ciclo e abre-se outro, ao mesmo tempo. Eis a riqueza e a beleza da vida dos que vieram antes de nós e também daqueles que virão depois.

domingo, 22 de setembro de 2013

Aventura 4 x 4: 3o dia

O terceiro e último dia de aventura é o dia em que se visita o salar propriamente dito. E o dia começa às 4h da manhã, cedo o suficiente para prepararmos nossas mochilas e cairmos no 4 x 4. Destino final: Isla Incahuasi para ver o sol nascer.

Essa ilha já foi, de fato, cercada de água. Mas isso foi há uns 40 mil anos atrás, antes do grande lago Michin secar. Do grande lago (que já fora mar), sobrou uma ilha com marcas de corais, cactus gigantes e mais de 10 mil km2 de sal no seu entorno, o que faz do Uyuni o maior deserto de sal do mundo.

O nascer do sol foi especial. De um lado, a lua cheia se punha. De outro, nos saudava o grande astro rei. E lá estávamos nós no meio, divididos entre o belo e o esplendoroso.

Tomamos o café da manha à beira do lago e demos início àquela que seria a parte mais lúdica da viagem: as fotos com jogos de perspectiva! O salar, por ser branco e continuo, é um verdadeiro paraíso para brincar com a perspectiva e fazer pessoas parecerem miniaturas, dependendo da distância que se toma da câmera. Sensação pura de ter voltado à infância!

A parada seguinte foi no Hotel de Sal, desativado, mas que funciona como "museu" de esculturas de sal e como ponto de venda de artesanato boliviano. Sai de lá com um poncho e um chapéu para o meu pai. O hotel também prima pelo exotismo ao oferecer banheiros a céu aberto. Felizmente estamos em um deserto!

Paramos em seguida para ver os "olhos" do deserto, que nada mais são do que buracos de onde borbulham água e gases. Depois, as "minas" de sal, onde se separa e beneficia sal para consumo humano.

Finalmente, o cemitério de trens, outro lugar perfeito para reviver outra vez a infância. Dali para um mercado de Uyuni foi um pulo, seguido de almoço e nostalgia. Nosso passeio estava chegando ao fim. De nós cinco, dois ficariam em Uyuni para seguir viagem para La Paz. E o resto voltaria no dia seguinte para San Pedro de Atacama.

Deserto: foi bom te conhecer! Há tempos que não me divertia tanto.

sábado, 21 de setembro de 2013

Aventura 4 x 4: 2o dia

Ai, ai, ai! É a segunda vez que o aplicativo do Blogger para celular me apronta essa! Depois de escrever um longuíssimo comentário poético (exigências da paisagem), ele me deleta tudo e eu tenho que recomeçar do zero. Paciência! O que eu tenho para contar não dá mesmo para ser esquecido em 25 minutos de escrita apagada.

Bom, dormidas algumas malfadadas horas - efeito dos 4.700m de altitude, das agulhadas na cabeça e da dificuldade de respirar em um deserto que tem pouca vegetação e, por isso mesmo, pouco oxigênio - fomos tropeçando nas próprias pernas até cair na mesa do café da manhã. A nossa pequena "família" de cinco pessoas já havia aprendido a rir dos próprios cabelos duros de sal e poeira, numa mistura de sintonia e cumplicidade que só o deserto pode proporcionar. Aliás, com ele aprendemos a várias coisas, entre elas a arte do desapego e do despojamento, da simplificação, do corte dos excessos e da mudança de prioridades. E uma prioridade agora era o silêncio.

A bem da verdade, não sei se o silêncio satisfez igualmente a todos. Mas, conversando com o Matt e a Sara na volta para San Pedro de Atacama, descobri que eles também ficaram felizes com o silêncio que reinou naquele carro. Em parte, culpa do Rafael, nosso anjo-motorista, um homem de poucas palavras que nem sequer tocou no rádio. De qualquer forma, o silêncio para mim foi um conforto e uma exigência do momento: ele descansou a mente para que as imagens pudessem entrar pelos olhos e escorrer ate o coração, onde tudo era processado. Um silêncio bastante eloquente, portanto.

As imagens a seguir dão uma impressão modesta e limitada da grandeza daquilo que vimos, sentimos e presenciamos. A rota começa com o primeiro deserto, onde está localizado o "arbol de piedra", um ícone do trajeto até o salar. Em seguida, vem a Laguna Honda, onde os ventos podem chegar a 350km/h. Depois a Laguna Hedionda que, a despeito do nome que carrega, compraz todos os flamingos que fugiram de San Pedro do Atacama. Depois, vem a Laguna Cachapa, localizada em frente de montanha do mesmo nome; o segundo deserto, ao lado de vulcão em atividade.
 
No caminho do nosso abrigo noturno, um povoado onde esticamos as pernas e testemunhamos os campos de quinoa que têm por lá. Por fim, nosso ponto de descanso, com direito a banho de chuveiro (uma raridade!), recarga das baterias e um jantar honesto e feliz.  E muita, muita gratidão por tudo o que pudemos ver e sentir.

No mais, boa contemplação!