Vejam só: pureza agora é virtude em vias de extinção!
Pelo menos é o que dá a entender teste realizado pela Proteste - Associação de Consumidores. A entidade testou 19 marcas de azeite extravirgem e constatou que quatro delas "não podem nem ser consideradas
azeites, e sim uma mistura de óleos refinados", ao passo que apenas oito "apresentam qualidade de extravirgem" (http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/azeites-de-oliva-so-no-rotulo-10710633).
Segundo notícia publicada no jornal O Globo online, "os quatro produtos declassificados pela entidade são, na verdade, uma
mistura de óleos refinados, com adição de outros óleos e gorduras". São eles: Figueira da Foz,
Tradição, Quinta d’Aldeia e Vila Real.
O que faz, então, com que o azeite seja, de fato, azeite? Ora, ora: a
pureza. "As propriedades antioxidantes do azeite de oliva são o
principal
atrativo do produto, devido ao efeito benéfico à saúde. Mas para que o
azeite mantenha suas características, é importante que ele não seja
misturado a outras substâncias".
Como a pureza é virtude que já foi para as cucuias, o que sobrou no
mercado dos azeites foi esculhambação: "Os testes realizados indicaram
que os produtos não só apresentam falta
de qualidade, como também apontaram a adição de óleos de sementes de
oleaginosas, o que caracteriza a fraude". Do jeito que a coisa vai,
daqui a pouco estaremos regando a salada com óleo diesel. E o que é
pior: pagando caro pelo preço de azeite extravirgem. "A entidade
ressalta que o consumidor paga mais caro, acreditando estar
comprando o melhor tipo de azeite e leva para casa um produto de
qualidade inferior."
Moral da história: com tanta fraude no mercado, o sonho dourado do
consumidor brasileiro vai acabar sendo o de morrer, ir para o paraíso e
encontrar como recompensa sete embalagens de azeite extravirgem a preços
módicos, esperando por ele.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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