UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Falso positivo

sábado, 12 de outubro de 2013

Falso positivo

Neste mundo de aparências, em que nada é e tudo pode ser, fica difícil discernir o incerto do duvidoso. Não faltam, portanto, originais falseados em imitações de imitações. No final das contas, nunca dá para ter muita certeza do terreno onde estamos pisando. E as notícias diárias estão lá para nos prover de casos flagrantes de falsificação ou indefinição "identitária".

Assim foi com a interdição, hoje, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, de nove produtos com farinha de milho. "Os alimentos foram interditados preventivamente por 90 dias, por apresentarem teores de ferro inferiores a 4,2mg/100g. Ou seja, estão em desacordo com a legislação vigente e não contribuem para prevenir a ocorrência de anemia ferropriva, segundo informou a reguladora" (http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/anvisa-proibe-venda-de-nove-produtos-de-farinha-de-milho-10334735). Em outras palavras, os produtos até lembram o milho, mas, contudo, sem os benefícios agregados.

Ainda no campo das indefinições, a notícia desta vez causa espanto: pesquisadores estariam "trabalhando para identificar a carcaça de um animal encontrado em agosto em uma praia de Almería, na Espanha. A criatura tem chifres e mede entre quatro e cinco metros de cumprimento", explica a notícia (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/bizarro/pesquisadores-tentam-identificar-animal-encontrado-morto-em-praia-da-espanha-1.179959). O difícil reconhecimento do animal, já que ele foi achado em estágio avançado de decomposição, contrasta bastante com a rapidez com que pude perceber dois errinhos ortográficos em uma exígua nota que não excede cinco linhas: "fauna marina" e "indetificação". Valha-me Deus!

Pois a única felicidade autêntica que nos foi trazida pelas notícias dos jornais do dia de hoje foi a localização da estátua da Samaritana, peça de Aleijadinho desaparecida desde os anos 1970. "A peça esculpida por Aleijadinho (1737-1814) faz parte do conjunto arquitetônico de Ouro Preto e integrava um chafariz instalado nos fundos do casarão onde atualmente funciona o museu Casa Guignard", mas fora retirada do local de origem sem autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1355244-estatua-de-aleijadinho-desaparecida-ha-37-anos-e-encontrada-em-bh.shtml).

Agora, sobre a índole da Samaritana, pouco se sabe. Boa ou má, isto tem muito pouca importância; sabe-se, contudo, que mercadores e colecionadores de arte são os melhores artífices na identificação de falsificações. Se fosse o contrário, os herdeiros do interceptador final da Samaritana, o empresário e colecionador de arte Arthur Vale Mendes, não teriam tido que devolver ao Iphan nada mais, nada menos do que 28 peças sacras adquiridas ilicitamente, dentre as quais figuram esculturas de Aleijadinho e um quadro do Mestre Athaíde.

É mole?

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