UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Dança com fitas

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Dança com fitas

"Como numa dança com fitas", disse o cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa,  Chao-Wei Tsai. Ele é o autor de artigo que será publicado semana que vem no Astrophysical Journal sobre descoberta recente realizada pelo observatório espacial infravermelho Wise.

Trata-se de dois buracos negros que parecem estar "muito próximos um do outro e gravitacionalmente ligados" no núcleo de uma galáxia denominada WISE J233237.05-505643.5. (http://oglobo.globo.com/blogs/sociencia/posts/2013/12/03/a-danca-mortal-de-dois-buracos-negros-gigantes-517069.asp). Frutos do choque entre galáxias, a novidade pode ajudar a explicar o surgimento dos buracos negros supermassivos, característicos do centro das galáxias: acredita-se que, "com os seus respectivos buracos negros centrais dando início a uma dança como a observada na WISE J233237.05-505643.5", a tendência é "que eventualmente se fundam em um único buraco negro".

"Acreditamos que o jato de um dos buracos negros está sendo desviado pelo outro, como uma dança com fitas", assim resume Tsai. Quem diria, pois, que a astronomia se prestaria à tamanha proeza poética? Não que o recurso explicativo das metáforas esteja pouco presentes nos textos de popularização da ciência. Mas a imagem da dança com fitas se prestou a mais de um propósito hoje: ela me lembrou daquelas situações da vida em que o impacto de duas forças devastadoras acaba sendo anulado e gravitacionalmente equilibrado pelo seu próprio potencial de destruição, numa espécie de "dança mortal", conforme descreve a notícia.

Bom... Pelo menos para quem assiste a 3,8 bilhões de anos-luz de distância, a dança com fitas entre os buracos negros é  metáfora rica e preciosa, que nos fala da essência da vida que alguns levam aqui na Terra, das nossas próprias lutas pela sobrevivência e pelo equilíbrio conquistado lá onde só caos teria lugar.

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