UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Trufas negras

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Trufas negras

Dizem que o segredo é a alma do negócio. Mas pode ser também sua derrocada, como mostra com propriedade essa notícia sobre o desaparecimento das trufas negras, publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo online (http://www1.folha.uol.com.br/comida/1204588-cientistas-afirmam-que-a-mudanca-climatica-esta-afetando-a-producao-de-trufas-negras.shtml).

Não, não estou falando daquele bombom de chocolate macio, mas, sim, do fungo do gênero Tuber, que cresce geralmente na raiz de certas árvores da região mediterrêna da Europa. "Apesar do avanço nas técnicas de cultivo, a trufa ainda é farejada por cães treinados e retirada à mão das raízes em que cresce. O custo dela, claro, é naturalmente alto", relata a notícia.

Com o aquecimento global, prossegue a notícia, tem chovido cada vez menos na Espanha e na França. Cientistas da revista Nature "acreditam que, com isso, as árvores hospedeiras e os fungos acabam competindo pela água e isso reduziria a produção". Por isso, o fungo está ficando cada vez mais raro nas regiões mediterrâneas, fazendo com que o preço fique ainda mais elevado a cada ano: "Em Paris, o pound da trufa negra (cerca de 0,45kg) está custando €2 mil (por volta de R$5.450)".

O problema é que, até bem recentemente, o segredo na produção/coleta de champignons raros era tido como algo altamente estratégico: não contar sua localização era uma forma de reserva de mercado, configurando uma prática que ainda conserva grau elevado de artesanalidade. Claro, "o fato de os produtores de cogumelos não compartilharem informações dificulta o trabalho realizado por eles".

Senhoras e senhores, coletores de champignon em geral: lembrem-se de que, se o mundo realmente acabar hoje, seguindo as (supostas) profecias maias, o segredo da localização das trufas negras vai para o beleléu junto com todo o resto.

Na minha humilde opinião, mais vale um gosto satisfeito, do que um gosto adiado. Portanto, senhoras e senhores coletores de trufas negras, convidem alguém de suas relações para compartilhar o paradeiro das trufas negras. Faça um macarrão ao molho de trufas, saboreiem uma bebida de seu agrado e olhem, juntos, para o firmamento: há muito mais coisas entre o céu e a terra do julga nossa vã filosofia. Depois, brindem o cosmos e se esqueçam das trufas: elas não valerão um centavo em um cenário de ficção científica.

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