UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: O oitavo continente

sábado, 18 de fevereiro de 2017

O oitavo continente



De tempos em tempos, as fronteiras entre países são redefinidas. Nós mesmos, em priscas eras, já deixamos de ser a província de ultramar para nos tornarmos um país à parte (senão nas ideias patriarcais, pelos menos no traçado geopolítico).

Mas ninguém até então tinha pensado em fundar um novo continente. Ninguém mesmo?

Errado. Segundo notícia publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo, geólogos neozelandeses reivindicam o reconhecimento do oitavo continente  a ser chamado de Zelândia –  no sudoeste do Oceano Pacífico. Neste novo continente, as ilhas que compõem o atual país Nova Zelândia, mais o arquipélago Nova Caledônia (que nem chega a ser uma país totalmente independente, já que ainda mantém ligação com a França), nada mais seriam que "massas de terra visíveis" na superfície, isto é, cumes de montanhas que jazem submersas naquele ponto.

Não é nada, não é nada, "um artigo publicado a publicação científica 'Geological Society of America's Journal' afirma que a Zelândia tem 5 milhões de quilômetros quadrados – quase dois terços do tamanho da vizinha Austrália, que tem 7,6 milhões de quilômetros quadrados".

Mas o ponto polêmico no reconhecimento não é exatamente a extensão de terra do candidato a continente, mas qual porção dela pode ser vista acima do nível do mar, uma vez que "cerca de 94% desta área está submersa." Para além da quantidade de terra aparente na superfície, "os especialistas levaram em conta outros quatro critérios: elevação maior em relação ao entorno, geologia distinta, área bem definida e crosta mais espessa do que a do fundo do oceano." 

Apesar de não existir consenso sobre os critérios aplicáveis na definição de continente, os defensores do reconhecimento do "novo" continente argumentam que a reivindicação existe e não é de hoje. Ainda de acordo com a notícia da Folha, "o principal autor do artigo, o geólogo neozelandês Nick Mortimer, disse que os cientistas vêm se debruçando sobre as informações há mais de duas décadas para provar que a Zelândia é um novo continente."

Antes de encerrar o assunto (ao menos, por hoje), quero fazer duas considerações. A primeira delas é que, para que a Zelândia seja considerada, de fato, o oitavo continente de uma sucessão de outros já estabelecidos – África, Europa, Ásia, Oceania, Antártica - é necessário considerar as Américas como sendo duas: a do Norte e a do Sul. 

No entanto, os cientistas neozelandeses apostam justamente na continuidade existente entre as terras submersas e as visíveis para justificar seu reconhecimento. Segundo o autor principal do artigo, " 'o fato de um continente poder estar tão submerso e ainda não fragmentado' é interessante para a 'exploração da coesão e do rompimento da crosta continental' ".

Enquanto a comunidade científica reflete sobre a questão, findo a discussão com um singelo pedido: se alguém aí se lembra de ter feito campanha para que virássemos América do Sul, por favor, levante o dedo.

 

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