A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
quinta-feira, 22 de junho de 2017
Pãozinho sideral
Que os jornais andam abarrotados de notícias tristes, estarrecedoras e desestimulantes, isto já está todo mundo cansado de saber. Raridade mesmo, nos dias hoje, é achar uma notícia que preste, ou seja: uma notícia cujo conteúdo proponha algo que inspire, motive, enleve ou ensine bons exemplos.
E para comemorar o fim do meu longuíssimo recesso criativo como cronista notívaga, consegui garimpar, lá no fim do cantinho esquerdo da página, uma única noticiazinha digna de menção. Peço desculpas, contudo, se ela é requentada e datada de, pelo menos, uma semana. Mas para quem não escreve por aqui há mais quatro meses, uma semana de atraso é café pequeno.
Aliás, a notícia selecionada fala justamente de um amigo bem próximo do café passado na hora: o pão quentinho. Segundo notícia publicada no jornal O Globo online, ele será convidado de honra no projeto Bake in the Space, o qual permitirá, em breve, que os astronautas da Estação Espacial Internacional se lancem no ramo da panificação.
A novidade pode até parecer trivial, mas o empreendimento é, na verdade, uma grande conquista nos campos da engenharia e da gastronomia: "além de um forno especial para que os pães sejam assados em órbita, o 'Bake in Space' (sic) irá desenvolver um tipo de massa que não crie migalhas, porque, ao flutuarem, elas podem danificar equipamentos," relata a notícia.
A própria NASA já havia sofrido com a avaria de equipamentos espaciais em consequência de migalhas de pão lá pelos idos de 1965. Além isso, existe ainda o risco de que as migalhas suspensas pela ausência da gravidade sejam aspiradas indevidamente pelos astronautas, uma razão a mais pela qual a nova atividade culinária seja executada com prudência e preparo técnico.
No final da contas, ganha-se lá e cá. Lá na Estação Espacial Europeia, quando o invento passará a integrar a missão Horizons no ano que vem, o pãozinho sideral proporcionará prazer gastronômico e convivialidade. Cá na Terra, ele poderá servir de inspiração motivacional para esses tempos difíceis e atribulados pelos quais o planeta está passando. Quando sua vida estiver virada de pernas para o ar, adote a estratégia de vida do pãozinho sideral: ignore a gravidade e não se contente com migalhas.
Fico por aqui, desejando bom proveito para os astronautas e torcendo para que, em breve, a manteiga seja também produzida no espaço.
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