UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: O país do futebol é um país de sedentários

terça-feira, 23 de junho de 2015

O país do futebol é um país de sedentários

De quantas contradições vive este país?

Não sei, mas acabei de saber de mais uma para o nosso vasto repertório. Vejam só que o País das Mil e uma Plásticas é também o país dos sedentários precoces. É o que reza a Pesquisa Diagnóstico Nacional do Esporte, divulgada hoje mesmo pelo Ministério do Esporte: "Quase 90% dos brasileiros que abandonaram as atividades físicas e os esportes o fizeram antes dos 34 anos." (http://www.hojeemdia.com.br/horizontes/a-saude/brasileiros-tornam-se-sedentarios-antes-dos-34-anos-diz-pesquisa-1.326962).

Acham os dados pouco expressivos? Então lá vai: segundo a pesquisa, realizada conjuntamente pelas universidades federais da Bahia, do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro, de Goiás, de Sergipe e do Amazonas, 45% das pessoas que se tornaram sedentárias o fizeram entre os 16 e 24 anos.

O cenário traçado é dos mais preocupantes: "De acordo com a pesquisa, 58,8% das pessoas que não praticam esportes afirmam que não têm tempo e dão prioridade para outras coisas, como estudar, trabalhar ou cuidar da família. Outras 11,8% declaram que têm preguiça, desinteresse ou desmotivação e 9,5% alegam questões de saúde".

Mas é realmente uma contradição tão pouca atividade física em um país em que as pessoas parecem tão preocupadas com a aparência? Bem, em termos. Um país com um número tão elevado de cirurgias estéticas pode ser um indício de que as pessoas preferem resolver seus problemas de "adequação estética" pela via mais rápida, mas menos segura.

E quem já andava imaginando que a consciência do valor da atividade física estaria de alguma forma condicionada à distribuição do PIB ou do nível médio de escolaridade da população, enganou-se redondamente: a
 região sudeste é a mais sedentária de todas as regiões brasileiras, com "54,4% da população sem praticar atividades físicas ou esportes." A propósito: "o Centro-Oeste teve 45,1%, o Sul, 39,3%, o Nordeste, 38,5%; e o Norte, 37,4%". Se levarmos em consideração que a ausência de atividade física tem o potencial de agravar doenças crônicas e coronárias, então podemos ir dormir sabendo que uma expressiva proporção da população brasileira está optando por uma espécie de morte programada.

Foi o ministro do esporte, George Hilton, que captou a contradição, mesmo sem nomeá-la: "Onde está maior parte da população do país não há interesse em praticar atividades físicas. Isso tem que gerar um alerta, porque vai gerar um déficit na saúde pública. É uma conta que não fecha."

Lembremo-nos disso na próxima vez que formos culpar o Norte ou o Nordeste pelo atraso do país.

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