UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Cabeça móvel

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Cabeça móvel


Lembra quando alguém dizia que estava prestes a "perder a cabeça" e fazer alguma bobagem? Pois saiba que, se essa pessoa perder mesmo, vai ter gente de olho no seu corpo: equipe de médicos chineses e italianos, liderados pelos médicos Ren Xiaoping e Sergio Canavero, anuncia para 2017 o primeiro transplante de cabeça da história deste asteroide pequeno que todos chamam de Terra.

Anunciada durante o encontro anual da Academia Americana de Cirurgiões Neurológicos e Ortopédicos, em Maryland (EUA), na semana passada, a cirurgia ainda depende de testes suplementares: "o procedimento só será realizado se testes e pesquisas preparatórias forem bem sucedidas", informam os pesquisadores. A cirurgia está prevista para acontecer na Harbin Medical University (China) e terá como protagonista Valery Spiridonov, um russo de 30 anos de idade, que "terá a cabeça separada do corpo e implantada no corpo saudável de um doador, que tenha tido uma morte cerebral".

 A procedência do doador, contudo, está no cerne dos debates éticos em torno da cirurgia. "Xiaoping, por exemplo, se recusou a dizer de onde viria o doador do corpo." Apesar do relativo grau de incerteza sobre quem será o doador e como ele será trazido até a equipe médica, esta última permanece otimista: "as chances disso funcionar são de 90%, mas é claro que existe um risco marginal. Eu não posso negar — afirmou Canavero".

 Spiridonov, que "sofre de atrofia muscular espinhal, doença degenerativa progressiva e sem cura", parece disposto a correr todos os riscos: "Ele é um homem corajoso, em uma condição horrível. Vocês precisam compreendê-lo. Para ele, a medicina ocidental falhou, não tem nada a oferecer". Vejamos, pois, o que medicina sino-italiana tem a oferecer. Uma coisa, contudo, é certa: uma pessoa prestes a ganhar um novo corpo, certamente pensará duas vezes antes de perder a cabeça.


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