UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Os Gigantes Ratos do Bem

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Os Gigantes Ratos do Bem

As multidões de refugiados que partem em fuga desesperada de países em guerra foram o assunto da semana. E com razão: conflitos, violência, fome e uso de armas químicas têm sido as principais motivações de centenas de milhares de pessoas deixarem tudo o que pertencem para trás em busca da sobrevivência.

Se, por um lado, o problema das guerras é seu efeito prolongado, por outro, a solução pode vir dos lugares mais inesperados. Este parece ser o caso das minas terrestres, que vêm causando mortes de forma contínua, mesmo após o final declarado das guerras. Segundo notícia publicada hoje na Folha de S. Paulo, "resquícios de guerras civis das últimas décadas, minas terrestres, bombas de fragmentação e outros explosivos ainda são uma triste realidade em todo o mundo, mas principalmente em países da África".

As estimativas assustam: acredita-se que cerca de 56 nações contenham território minado. E o número de mortos e sequelados decorrentes da detonação das minas é subestimado, já que muitos casos são subreportados: "Segundo a Landmine and Cluster Munition Monitor, em relatório publicado em novembro de 2014, 3.308 pessoas morreram devido a essas armas em 2013". Dessas pessoas que perderam a vida, "a maioria das vítimas conhecidas era civis (79%) e, dos civis, 46% eram crianças. O número de feridos no mesmo período é de ao menos 226 mil".

Uma solução para os efeitos duradouros das minas terrestres foi encontrado pela ONG Apopo (do holandês Anti-Persoonsmijnen Ontmijnende Product Ontwikkeling, isto é, Detecção e Desenvolvimento de Produtos Antiminas Terrestres).  A ideia é treinar ratos da espécie Cricetomys gambianus, também conhecidos como "rato gigante da Gâmbia", que, graças ao seu faro e à sua longevidade e capacidade de adaptação às condições ambientais de países como Angola, Moçambique, Tanzânia e Camboja, são capazes de detectar os explosivos das minas terrestres.

Treinados na Universidade de Agricultura Sokoine, em Morogoro (Tanzânia), os ratos têm capacidade de "detectar e a sinalizar a presença de TNT (trinitrotolueno) no solo", mas com vantagem em relação aos seres humanos: "Cada rato tem capacidade para esquadrinhar 200 metros quadrados em 20 minutos —o trabalho, se feito por um homem, pode levar um dia inteiro para apenas 50 m2".

A bem da verdade, o Cricetomys gambianus tem muitas outras vantagens sobre os seres humanos. Além de eles não colocarem minas sob o solo de outras espécies e muito menos da sua própria, eles identificam e permitem a correção de erros produzidos pela nossa espécie.  Por estas razões, "os ratos recebem carinho de seus cuidadores, têm sua saúde monitorada e são alimentados de forma balanceada". Além disso, "também podem brincar uns com os outros, ainda que se evite deixar dois machos juntos, pelo perigo de brigas".

Ok, ok. Nem tudo é perfeito!

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