Algumas empresas são hábeis em traçar novas artimanhas para aumentar seus negócios, promover seus produtos, fidelizar seus clientes. Mas outras só conseguem chegar a esses mesmos resultados por via tortuosas.
Este parece ser o caso da montadora de carros indiana, a Tata Motors. Previsto para ser lançado no início de 2016, seu novo lançamento - um carro de porte pequeno que havia recebido o prosaico nome de "Zica". A coincidência com o lançamento do carro com a expansão da epidemia do vírus da zika não poderia ter sido mais infeliz, o que fez com que o novo modelo tivesse que ser rebatizado para ganhar o mercado mundial.
Some-se a isso um segundo elemento de infelicidade suprema: o garoto propaganda da campanha era nada mais, nada menos do que o craque argentino Lionel Messi, originário de um país que há pouco menos de um mês acabava de confirmar seu primeiro caso de zika.
Diante da iminência de fracasso das vendas na América Latina e no resto do mundo, a montadora decidiu, no início de fevereiro de 2016, mudar o nome do carro, "em solidariedade com o sofrimento provocado pela recente epidemia do vírus da zika". Para tanto, a montadora realizou uma campanha mundial na Internet, com direito a votação online, para encontrar um novo nome para o carro.
A estratégia da mudança de nome surtiu lá os seus efeitos. Foram 37 mil nomes sugeridos por meio de mensagens associadas à hashtag #FantasticoNameHunt. Dentre os três finalistas - Tiago, Civet e Adore - Tiago foi o que saiu ganhador do concurso.
Bem, ganhador em parte. Quem ganhou mesmo foi a Tata Motors, essa ilustre desconhecida (pelo menos para mim), cujo nome remete mais a uma fábrica de brinquedos do que a uma montadora de carros. Se a empresa descobrisse o significado de "boi tatá" aqui no Brasil, certamente tentaria sua segunda chance com mais uma campanha de nomes na hashtag #FantasticoNameHunt.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
Zicamóvel
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