UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Mercado paralelo

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Mercado paralelo

A histeria coletiva causada pelo avanço da dengue e do zica começa a alcançar o fundo no bolso dos latino-americanos. No país do tango, por exemplo, "o governo argentino promoveu a remarcação dos preços de repelentes em até 36%, mas os produtos são vendidos por até o triplo do valor usual".

Em resposta à alta de preços dos repelentes, um novo e promissor mercado começa a ser explorado. A notícia de que sites da Internet da Argentina estão vendendo rãs e sapos a 100 pesos a unidade (algo em torno de R$27) foi inicialmente disparada pelo jornal La Nación, mas já corre a boca miúda na imprensa brasileira. Neste novo contexto epidemiológico, a compra de anfíbios tem oferecido uma solução possível à inflação dos "repelentes e inseticidas, que estão em falta e cujo valor pode chegar a R$ 40".

Para piorar a situação, o crescimento do novo mercado vem à reboque das declarações do ministro da Saúde de lá, Jorge Lemus, que admitiu "que o mosquito Aedes aegypti sobrevive às pulverizações que estão sendo feitas em áreas que podem ser afetadas pelo zica." E com a eficácia dos repelentes e inseticidas sendo cada vez mais questionada, é chegada a vez de rãs e sapos serem reabilitados perante a opinião pública

O potencial transformador deste mercado para as relações historicamente estabelecidas entre o homem moderno e aquelas que já foram um dia consideradas "pragas" é vastíssimo. A notícia de que os predadores clássicos do Aedes aegypti podem voltar, triunfantes, à cena urbana dos países afetados pela dengue e pelo zica tem animado bastante aranhas e lagartixas, que já estão se mobilizando para pegar carona no novo filão. 

De qualquer forma, uma coisa é certa: com a possível ascensão das antigas pragas ao status de "animais domésticos", seu petshop preferido vai ficar mais parecendo uma casa de bruxa dos contos de fadas.

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