Bem, na realidade, nem tão oculta assim, pois já se suspeitava que a desigualdade de gênero rondava as produções de Hollywood. Mas depois que Matt Daniels e Hanah Anderson, do site Polygraph.com, resolveram investigar "quantidade de diálogos atribuídos a atores e atrizes" em mais de dois mil roteiros, a diferença atribuído aos gêneros ganhou uma nova proporção.
"Ao todo, 1195 filmes têm entre 60% e 90% dos diálogos pronunciados por homens". Já o número de filmes com maior presença de mulheres nesta mesma faixa é de apenas 166. "Acima da faixa de 90%, a disparidade fica ainda mais dramática — são 306 filmes em que a maioria das falas é dita por atores, contra apenas oito títulos em que as atrizes se destacam". Em termos mais concretos, é como se nos déssemos conta, por exemplo, de que "mais da metade dos diálogos de 'Frozen: Uma aventura congelante' (2013) é dublada por homens", mesmo sabendo "que a produção se concentra em duas princesas".
Claro, os critérios de seleção e análise definem e limitam o corpus: em primeiro lugar, levou-se em conta a presença de diálogos escritos nos textos; em segundo lugar, "os personagens, independentemente do sexo, deveriam pronunciar pelo menos 100 palavras". Além disso, o fato de os homens ocuparem a maior parte dos diálogos não significa que a temática seja eminentemente masculina: "A maioria dos diálogos de "Mulan" (1998), por exemplo, é dublada por homens — o que não significa que a trama não gire em torno de uma personagem feminina".
Só que as estatísticas também sabem ser irônicas quando querem. Explico: o que ninguém parece ter notado é que essas mesmas estatísticas acabaram provando algo totalmente inesperado: elas mostram, na prática, que as mulheres falam menos, mesmo quando são maioria nos filmes.
Isso, sim, é revelar uma dimensão oculta daquilo que supúnhamos ser nossa realidade absoluta.
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