No início era só uma reforminha no jardim do sítio para levar luz elétrica até o celeiro. Afinal, esse era o local onde os filhos do proprietário jogavam ping pong. Mas no meio do caminho não tinha uma pedra: tinham ruínas romanas de grandes proporções, reveladas durante as primeiras escavações para passar os cabos elétricos.
De acordo com notícia publicada hoje no jornal O Globo online, as obras levaram à descoberta de "mosaicos perfeitamente conservados a cerca de meio metro de profundidade", na vila de Tisbury, em Wiltshire (Inglaterra). Os mosaicos, ao que parece, são indícios claros da presença de romanos abastados nesta região da Inglaterra: "Com o desenvolvimento dos trabalhos, eles encontraram uma mansão de cerca de 1.500 metros quadrados. Os pesquisadores acreditam que a edificação foi construída entre os anos 175 e 220, mas ficou intocada desde o seu colapso, há cerca de 1.500 anos".
Acionada, a Historic England, agência governamental encarregada do patrimônio histórico do país, realizou escavações no terreno durante um pouco mais de uma semana. Além dos mosaicos, foram encontrados vários outros artefatos no local: moedas, broches, um poço romano, conchas de ostras, ossos de animais e até um caixão de criança.
Infelizmente, nada se diz na notícia sobre o destino da fiação elétrica e, consequentemente, sobre o jogo de tênis de mesa dos filhos do dono da propriedade, Luke Irwin. Designer de tapetes por profissão, este último soube tirar proveito da descoberta de maneira (literalmente) criativa: lançou uma linha de tapetes inspirados nos mosaicos romanos, destinada a dar uma ventilada contemporânea "nos antigos símbolos do luxo".
A consequência disso, claro, pode ser financeiramente proveitosa para seu idealizador. Afinal, poucos artesãos teriam, no quintal de casa, o local mais original e "talvez a maior [casa] de toda a Inglaterra". Estranho seria ter que explicar ao freguês desavisado o porquê do tapete estendido repetir exatamente o mesmo padrão do piso da casa.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
terça-feira, 19 de abril de 2016
Mosaicos inspirados
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