Pois é: bombou e eu abri.
Tudo começou com a leitura de uma manchete de jornal que me pareceu desproporcionalmente honesta, se comparadas com as demais. Aliás, trata-se simplesmente da melhor manchete lida no decorrer de toda essa semana. E ela está lá, disponível na edição de hoje jornal Hoje em Dia online.
"O que bombou na semana e não mudou a sua vida" é, paradoxalmente, o título mais honesto da notícia mais inútil de todos os tempos do jornalismo brasileiro. Ele é retrato fidedigno daquilo que anuncia e resume muito bem o conteúdo da notícia: uma lista infindável de baboseiras que deram o que falar nesta última semana, mas não fizeram de você uma pessoa melhor e nem te ajudam a pagar uma única conta no final do mês.
Sim, é verdade: caí na armadilha da manchete atrativa e li cretinices que não pretendo descrever aqui. Sim, sucumbi à tentação para ver do que se tratava a notícia e apenas constatei o esperado. Não, ainda não fiz lobotomia. Pelo menos, não que eu saiba.
Mas o mais interessante - e talvez, o único aprendizado útil que tiro de toda essa perda de tempo - foi perceber o que título mais honesto do jornal apenas anunciou algo cuja maior parte dos títulos busca disfarçar: a inutilidade de uma boa parte do conteúdo que nos é oferecido diariamente.
A bem da verdade, os demais títulos fazem algo que este, pelo menos, não fez: dar relevância a fatos triviais de pessoas sem nenhum impacto concreto na vida da maior parte das pessoas - exceto pelo tempo que você dispensou (perdeu, desperdiçou e nunca mais irá recuperar), lendo futilidades da vida pessoal dessas mesmas pessoas.
Há um ditado - bastante cínico, por sinal - que diz que "ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão". E quem tece longos comentários inúteis sobre notícia fútil: merece quantos anos de cadeia?
Depois dessa, vou dormir. Bons sonhos. E, por favor, não abram aquela notícia!
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
sábado, 24 de setembro de 2016
Conselho de amigo: não abra!
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