"Para você, meu amigo de fé, meu irmão camarada: devo, não nego. Pago quando puder".
Deve ter sido essa a desculpa dada por Val Marchiori, socialite por profissão, para convencer o Banco do Brasil a autorizar uma transação financeira um tanto quanto inusitada: o uso de sobras de um empréstimo, concedido para a compra de caminhões, na aquisição de um Porsche Cayenne S 2014, avaliado em nada mais nada menos que R$ 400 mil (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/05/1625242-bb-financiou-porsche-para-socialite-amiga-de-bendine.shtml).
Em 2013, a nobre dama havia solicitado ao Banco do Brasil um empréstimo da ordem de R$ 3 milhões de reais para a compra de cinco caminhões: "Segundo documentos obtidos pela Folha, meses depois, Marchiori
pediu para ampliar e usar o valor restante do limite de crédito, em
torno de R$ 200 mil, para comprar um carro de passeio."
Mas o leitor há de perguntar: por que cargas d'água o Banco do Brasil
haveria de financiar um carro sport desse valor para fins estritamente pessoais? Fácil explicar tamanha liberalidade: a nobre dama era amiga pessoal de Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil à época do empréstimo.
Além do Porsche branco, viagens pessoais de Marchiori também podem ter sido financiadas com dinheiro público, sob os auspícios do amigo de fé Bendine. Ainda segundo a notícia publicada hoje na Folha, "a socialite hospedou-se no mesmo hotel em que ele duas vezes, durante missões oficiais do BB. Uma na
Argentina, e outra no Copacabana Palace, no Rio, ambas em abril de 2010".
Uma amizade tão linda assim não poderia passar despercebida do Ministério Público
Federal de São Paulo, que resolveu meter a colher e solicitar a abertura de um inquérito à Polícia
Federal. É que quando a amizade é muita, o Ministério desconfia.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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