UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Amigo de fé

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Amigo de fé

"Para você, meu amigo de fé, meu irmão camarada: devo, não nego. Pago quando puder".

Deve ter sido essa a desculpa dada por Val Marchiori, socialite por profissão, para convencer o Banco do Brasil a autorizar uma transação financeira um tanto quanto inusitada: o uso de sobras de um empréstimo, concedido para a compra de caminhões, na aquisição de um Porsche Cayenne S 2014, avaliado em nada mais nada menos que R$ 400 mil (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/05/1625242-bb-financiou-porsche-para-socialite-amiga-de-bendine.shtml).
 
Em 2013, a nobre dama havia solicitado ao Banco do Brasil um empréstimo da ordem de R$ 3 milhões de reais para a compra de cinco caminhões: "Segundo documentos obtidos pela Folha, meses depois, Marchiori pediu para ampliar e usar o valor restante do limite de crédito, em torno de R$ 200 mil, para comprar um carro de passeio." 

Mas o leitor há de perguntar: por que cargas d'água o Banco do Brasil haveria de financiar um carro sport desse valor para fins estritamente pessoais? Fácil explicar tamanha liberalidade: a nobre dama era amiga pessoal de Aldemir Bendine,  presidente do Banco do Brasil à época do empréstimo.

Além do Porsche branco, viagens pessoais de Marchiori também podem ter sido financiadas com dinheiro público, sob os auspícios do amigo de fé Bendine. Ainda segundo a notícia publicada hoje na Folha, "a socialite hospedou-se no mesmo hotel em que ele duas vezes, durante missões oficiais do BB. Uma na Argentina, e outra no Copacabana Palace, no Rio, ambas em abril de 2010".

Uma amizade tão linda assim não poderia passar despercebida do Ministério Público Federal de São Paulo, que resolveu meter a colher e solicitar a abertura de um inquérito à Polícia Federal. É que quando a amizade é muita, o Ministério desconfia.

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