UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Utopia limpa

sábado, 9 de maio de 2015

Utopia limpa

Se tinha uma palavra que andava meio fora de moda era a tal da utopia. Muito provavelmente, isso se deve ao fato de ela ser o polo oposto do pragmatismo político dominante no País das Mil e Uma Plásticas (também conhecido como Brasil). 

Pois bem. Quando digo que ela "andava" é porque existem pessoas como o sul-africano Elon Reeve Musk que parecem dispostas a resgatar o termo do limbo e aplicá-lo às projeções de um futuro próximo. Musk é responsável pelo lançamento das chamadas Powerwalls no mercado norte-americano, que são baterias capazes de "aprisionar a energia limpa e ininterrupta do Sol numa caixa discreta e elegante" de apenas 130cm (http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2015/05/1626248-nova-bateria-promete-criar-casas-autonomas.shtml).

Fabricadas pela Tesla, as baterias de Musk são capazes não apenas de captar e armazenar uma quantidade excelente de eletricidade a partir da luz solar, como também de reinjetar o excedente de energia gerado no sistema elétrico geral. "Ao caprichar no preço e no desenho, porém, Musk pretende uma reviravolta tecnológica: a era da geração distribuída baseada em energia solar. De simples consumidores de eletricidade, todos viram também produtores", explica a notícia publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo.  

A versão de mundo utópica de Musk prevê que as "Powerwalls se espalharão pelo mundo conectadas com painéis fotovoltaicos, que convertem a luz solar em eletricidade". E ele não para por aí. O inventor da bateria acredita que  "2 bilhões de Powerpacks poderiam fornecer toda a energia hoje utilizada no mundo, o que cortaria emissões de CO2 e desaceleraria a mudança do clima".

Mesmo reconhecendo que 2 bilhões "é muita bateria" ou o equivalente ao número "aproximado de veículos automotores rodando no planeta", Musk acredita que "está no alcance da humanidade fazer isso". Faltou apenas ele explicar, contudo, qual o tempo de vida útil dessas baterias e que impacto ambiental resultaria de seu descarte, uma vez terminada a vida útil do produto. Afinal de contas, toda utopia que se preze tem lá o seu custo operacional...

Enfim, enquanto essas perguntas não são respondidas, fico por aqui me perguntando sobre o que é pior: viver em um mundo cínico e totalmente desprovido de utopia ou acreditar que ela possa ser restaurada pelas mais belas estratégias de mercado.

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