Projetos nascem e morrem todos os dias. Alguns deles, porém, ainda estão na gaveta esperando por dias melhores para se tornarem realidade.
Prova disso é um projeto de casa um tanto quanto inusitado, assinado pelo escritório grego OPA (Open Platform for Architecture). De acordo com a descrição apresentada na notícia publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo online, "a casa, que ficará perto do mar Egeu, é
subterrânea, tem 180 metros quadrados e uma piscina no teto."
Contudo, um olhar menos condescendente já vai logo avisando que a casa é uma toca incrustada num penhasco à beira do mar, só que com uma piscina no topo. Portanto, quem tem fobia de água, vazamento ou terremoto, pode ir esquecendo o projeto: não vai conseguir nem tirar um cochilo em paz.
A julgar pelo material utilizado nas paredes e tetos, não vai dar para tirar cochilo é nunca. Para se ter uma ideia, "o quarto de hóspedes fica sob uma laje de concreto com um canto de vidro", enquanto o quarto principal tem paredes "cobertas por espelhos para criar um jogo de luzes e sombras no ambiente". E nem adianta tentar dormir na sala: "O interior da casa é simples e minimalista, porque os protagonistas são a fachada de vidro e sua vista para o mar".
O material previsto para ser utilizado na construção só vem a confirmar a verdadeira vocação da "Casa Brutale" (nome com o qual o ela foi apelidada): ser um lar para os brutos. "A residência será construída com materiais simples: madeira, vidro e
concreto. Este último, usado com técnica de acabamento bruto (beton
brut), dá nome à Casa Brutale." Isso sem contar com os "detalhes de aço revestido de
preto e madeira envelhecida [que] completam a composição".
Animou? Tem mais: "a cama é feita com concreto e tem acabamento de madeira." Que bom! Ainda bem que ela não é de pregos!
Mas existem também aquela categoria de projetos que, mesmo depois de terem morrido, ainda nos fazem pensar sobre seu sentido. Exemplos abundam na engraçadíssima lista publicada hoje no jornal O Globo online, contendo os piores nomes de carros de todos os tempos. Chana, Kia Besta, JMC Pika, Ford Pinto e Mazda Laputa são alguns exemplos contundentes de que a sonoridade nunca deve andar divorciada do sentido - para o bem das vendas e para preservação da sua privacidade (afinal, nem todo mundo vai ter interesse em saber quantos quilômetros você andou rodando com sua Chana ou seu Ford Pinto por aí).
Bom, uma coisa é certa. Eu posso até não vibrar de alegria com as ilustrações do projeto, nem sequer querer levar um carro dessa lista para casa, mas não me resta mais nenhuma dúvida de que o paraíso dos brutos é mesmo neste planeta!
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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