UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Criança travessa, futuro incerto

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Criança travessa, futuro incerto

Uma prova cabal do quanto nossa percepção nos engana é a distância existente entre a sensação térmica que experimentamos na epiderme e o aumento real da temperatura média da Terra nos últimos anos.

Se nos fiássemos na sensação de calor dos últimos dias, os termômetros teriam acusado temperaturas médias pelo menos 100 vezes mais altas do que o normal  - se é que se pode chamar as temperaturas dos últimos vinte anos de "normais".

Mas a verdade dos cálculos oficiais atestam um aumento infinitamente mais tímido do que a nossa vã filosofia. Em notícia publicada hoje no jornal O Globo online, o escritório britânico de meteorologia, Met Office, afirma que, "pela primeira vez, a temperatura média da Terra está mais de 1 grau Celsius superior à registrada antes da Revolução Industrial".

Mesmo objetivamente menor do que a sensação percebida subjetivamente, o aumento desregulado da média mundial pode colocar o planeta em risco: "De acordo com os cientistas, o aumento da temperatura média da Terra não pode chegar a 2 graus Celsius, sob o perigo de o homem perder o controle sobre o clima do planeta".


Para chegar a esta conclusão, o Met Office driblou a dificuldade de se conseguir dados objetivos das temperaturas em 1750 - período em que teve início a Revolução Industrial e, consequentemente, o uso de combustíveis fósseis - observando a média das temperaturas registradas entre 1850 e 1900, as quais "são mais conhecidas e acuradas."


Mas o rol de "notícias quentes" não para por aí. "Estima-se que, nos próximos meses, esta diferença será até superior, devido à combinação entre as emissões de carbono e o impacto do fenômeno climático El Niño." Some-se a isso o fato de que, neste ano de 2015, está se formando um El Niño de proporções inéditas, conforme declaração do diretor do Centro Hadley do Met Office, Stephen Belcher: "Um forte El Niño está se desenvolvendo no Oceano Pacífico, e ele provocará um impacto sobre a temperatura global."


Para coroar "de glória" nossa percepção sensorial do calor, parece que a coisa vai se complicar ainda mais no ano de 2016: "os cientistas acreditam que 2016 também está se configurando como um ano muito quente. É provável que nele a temperatura média da Terra também fique acima de 1 grau Celsius em relação aos índices vistos entre 1850 e 1900".


Diante das evidências apresentadas pelos climatologistas e da possibilidade de que estejamos caminhando a passos largos rumo a mudanças de grandes proporções climáticas, fica uma breve e singela lição: com o El Niño não se brinca; nem muito menos com os efeitos dos gases-estufa.

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