UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Paradoxos da vigilância

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Paradoxos da vigilância

Paradoxos: o universo está cheio deles. Uma parte deles cruza os ares e ameaça a segurança psíquica da Terra. Outros, rastejam pela terra e ameaçam a integridade física das crianças.

Dentre os que cruzam os ares, está o WT1190F, "um objeto espacial detectado no início do mês [que] está em rota de colisão com a Terra, com queda prevista para o próximo dia 13," a 65 Km ao sul do Sri Lanka. 

Mesmo sabendo que ele "tem entre um e dois metros de diâmetro" e que "deve queimar por completo durante a entrada na atmosfera do planeta", há um interesse destacado da parte dos astrônomos em acompanhar de perto sua rota nessas próximas duas semanas. A razão é simples: o WT1190F possibilitará uma oportunidade ímpar de treinamento para situações de risco, isto é, uma "oportunidade inédita de acompanhamento e [para] testar planos de esforços coordenados para uma situação de perigo real".

Ainda assim, sabe-se pouco do WT1190F. Acredita-se que ele seja oco e, possivelmente, um destroço de algum corpo artificial, como pedaços de foguete ou painéis perdidos em missões espaciais anteriores. Pouco importa: "a descoberta do objeto a apenas um mês do impacto indica a importância de se aumentar os esforços para a identificação de corpos que apresentem riscos de colisão."

A outra ponta do paradoxo, aquela que esteja pela terra, está localizada aqui mesmo nesse nosso Brasilzão de dimensões continentais. Mesmo rastejando, acabou interceptada pelas mãos de uma criança de 1 ano e cinco meses, que vive com os pais na cidade de Mostardas, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.

A ameaça, contudo, só foi detectada mesmo pela mãe da criança, que viu o pequeno Lorenzo mordendo a cobra, jp´com sangue na boca e nas mãos. "Percebi que ele estava muito quietinho e fui ver se alguma coisa havia acontecido. Mas ele já estava na sala, e com a cobra na boca, mordendo ela!"

Após o susto, a cobra foi retirada das mãos e boca da criança, mas acabou morrendo logo em seguida. Levado ao Hospital São Luiz, Lorenzo foi examinado e ficou em observação durante duas horas, até ser destacada a hipótese de intoxicação. 

Criança sã e salva, cobra morta, susto redobrado: chegou-se a pensar que se tratava de uma cascavel, tida como a cobra que mais mata no Brasil. Cascavel ou não, quando se trata de crianças, a necessidade de vigilância é redobrada. De qualquer forma, as duas pontas do paradoxo da vigilância não deixam de convidar à reflexão: tanto esforço para controlar as situações de perigo que grassam pelo universo afora e ainda nem conseguimos vigiar nem nosso próprio quintal.

De qualquer forma, em ambos os casos, quando a falha humana se apresentar, a recomendação deve ser a mesma: vigiai e orai!

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