Engana-se redondamente quem acredita que só os adeptos do culto ao corpo vivem no mundo das aparências. Os amantes do intelecto também pegam pesado - não na maromba, claro - mas na calcificação de uma imagem de si para o resto do mundo.
E como isso se dá exatamente? Uma pesquisa realizada no Reino Unido dá algumas pistas de como o culto à imagem de intelectual afeta significativamente algumas pessoas. Após consulta a 2 mil participantes, a pesquisa concluiu, por exemplo, que "a maior parte das pessoas - 60%, mais especificamente - mente
sobre ter lido certos clássicos da literatura" (http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2013/09/09/60-das-pessoas-mente-sobre-ter-lido-certos-livros-aponta-estudo-509620.asp).
Mas esta não é a única estratégia. Vale também colocar na prateleira livros que nunca leu ou até disfarçar a capa de livros populares (geralmente, "aqueles adaptados para a TV e o cinema e utilizados nos currículos
escolares"), cobrindo-os com outros de maior aceitabilidade entre a nata intelectualoide.
Achou pouco? Pois ainda tem mais: para parecer mais inteligente, vale "mudar a aparência, corrigir erros de gramática cometidos por
terceiros, usar citações famosas em conversas e dizer ter um nível de
fluência em idiomas estrangeiros maior que o verdadeiro".
Sinal dos tempos, minha gente, sinal dos tempos. Agir assim é como realizar o equivalente a duas mil aplicações de botox no cérebro ou entornar toneladas de litros de silicone nos interstícios da sinapse nervosa, na esperança de parecer o que (definitivamente) não se é: inteligente.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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