UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Literatura axilar

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Literatura axilar

Engana-se redondamente quem acredita que só os adeptos do culto ao corpo vivem no mundo das aparências. Os amantes do intelecto também pegam pesado - não na maromba, claro - mas na calcificação de uma imagem de si para o resto do mundo.

E como isso se dá exatamente? Uma pesquisa realizada no Reino Unido dá algumas pistas de como o culto à imagem de intelectual afeta significativamente algumas pessoas. Após consulta a 2 mil participantes, a pesquisa concluiu, por exemplo, que "a maior parte das pessoas - 60%, mais especificamente - mente sobre ter lido certos clássicos da literatura" (http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2013/09/09/60-das-pessoas-mente-sobre-ter-lido-certos-livros-aponta-estudo-509620.asp).

Mas esta não é a única estratégia. Vale também colocar na prateleira livros que nunca leu ou até disfarçar a capa de livros populares (geralmente, "aqueles adaptados para a TV e o cinema e utilizados nos currículos escolares"), cobrindo-os com outros de maior aceitabilidade entre a nata intelectualoide.

Achou pouco? Pois ainda tem mais: para parecer mais inteligente, vale "mudar a aparência, corrigir erros de gramática cometidos por terceiros, usar citações famosas em conversas e dizer ter um nível de fluência em idiomas estrangeiros maior que o verdadeiro".

Sinal dos tempos, minha gente, sinal dos tempos. Agir assim é como realizar o equivalente a duas mil aplicações de botox no cérebro ou entornar toneladas de litros de silicone nos interstícios da sinapse nervosa, na esperança de parecer o que (definitivamente) não se é: inteligente.

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