E essas surpresas que a vida nos reserva...
Se fosse apenas o tamanho da tempestade que a Sonda Cassini flagrou se formando no hemisfério norte de Saturno, ainda ia (http://oglobo.globo.com/ciencia/cassini-flagra-tempestade-em-saturno-11488560).
Não que tempestades dessa magnitude nunca se formem por lá: "sistemas climáticos deste tamanho costumam surgir uma vez a cada órbita
de Saturno em torno do Sol, que leva cerca de 30 anos terrestres." A novidade, contudo, da tempestade advém do seu extratemporâneo: "esta tempestade, porém, surpreendeu os cientistas, já que surgiu durante
a primavera no Hemisfério Norte do planeta ao invés do verão, estação
normalmente mais turbulenta na região".
A morte do documentarista Eduardo Coutinho não foi menos surpreendente do que a tempestade em Saturno. Aos 81 anos, Coutinho poderia ter tido uma morte da mesma natureza das tempestades de verão: naturais, conquanto indesejadas.
A morte do cineasta, contudo, veio em dia de sol quente, sem tempestades. Ela nos ensina, de um jeito um tanto quanto triste, sobre a fragilidade do sopro da vida. E mais: nos deixou a certeza de que as grandes turbulências da vida surpreendem ainda mais quando na ausência de nuvens carregadas.
Coração turvo em dia de céu limpo. Ao grande mestre, minha humilde reverência.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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