O jornalista Oliver Bukerman acaba de lançar um livro intitulado Manual anti-ajuda.
Uma crítica ferrenha aos métodos motivacionais calcados na ideia do chamado pensamento positivo. "Por meio do humor característico dos britânicos, Burkeman foca sua
crítica nos conselhos comuns presentes nos inúmeros volumes de autoajuda
que concorrem nas prateleiras das livrarias" (http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/2014/02/1411101-autor-ingles-critica-a-industria-global-do-pensamento-positivo.shtml), revela notícia publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo.
Olha só: a crítica de Burkeman está longe de matar alguém de surpresa! Dizer que "a retórica da auto-ajuda é simples e falaciosa" é chover no molhado da existência humana. Aliás, é tão óbvio, que nem dá para ficar rico vendendo livro a este respeito. Ou será que dá?
Bem, deve poder. A notícia diz, ao menos, que o livro tem um mérito: ele "consegue, por fim, espantar a tristeza ao pensar a felicidade pela via oposta". A prova disso está na seguinte frase, atribuída a Bukerman pela notícia: "Criticar o poder da positividade é a prova de que você não o captou. Se
tivesse captado, não estaria resmungando sobre essas coisas. Aliás, não
estaria resmungando sobre nada".
Se bem que sob este ponto de vista, a obra de Bukerman não deixa ter lá seu quinhão de inovação. Livros de pensamento positivo não podem resmungar, sob a pena de traírem seu próprio princípio de positividade. Já o próprio Bukerman, este resmunga o tempo todo contra os manuais de auto-ajuda. A única diferença entre os resmungões é que este último faz rir ao ridicularizar, de maneira pessimista, o pensamento positivo.
Sinal dos tempos e de que o mundo anda mesmo às avessas...
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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