UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Macro/micro cosmos

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Macro/micro cosmos

3,2 bilhões de pixels.

Esta é a definição do sensor da câmera digital acoplada ao maior e mais moderno telescópio que está em vias de ser implantado no Chile. O telescópio, conhecido oficialmente como o Grande Telescópio de Levantamento Sinóptico (LSST), é financiado pela Fundação Nacional de Ciência dos EUA (NSF), em parceria com diversas outras instituições, e conta com a participação do Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (Linea), que irá ajudar no processamento e análise dos dados gerados pelo LSST.

Equipamentos com tamanha envergadura não poderiam deixar de gerar um volume elevadíssimo de dados, como atesta a notícia publicada hoje no jornal O Globo online: "A cada noite, o LSST produzirá mais de 30 terabytes de informações, ou o equivalente a 600 filmes em alta definição, emitindo 5 milhões a 10 milhões de alertas automáticos de variações em parâmetros como o brilho e a posição de objetos celestes". 

Se considerado ao longo do período de dez anos (que é o período de levantamento inicial no qual o Linea irá participar),  o volume de dados equivalerá a "15 petabytes (cerca de 15 mil terabytes) de dados e 0,5 exabytes (500 mil terabytes) de imagens sobre quase 40 bilhões de objetos". Obviamente, um volume de dados tão assombroso assim gera um impacto sem precedentes na forma de analisar objetos espaciais. 

De acordo com Luiz Nicolaci, coordenador do Linea, "o LSST representará uma nova forma de fazer pesquisas astronômicas, já que pela primeira vez teremos informações temporais do Universo dinâmico rapidamente acessíveis, numa mudança de paradigma da astronomia estática, em que se pede tempo de telescópios para observar objetos ou grupos de objetos uma ou poucas vezes."

Mas nem só a Astronomia vive interessada em observações precisas e detalhadas. O fato de que um jogador de um time da Série D do campeonato goiano tenha ganhado prêmio Puskás de gol mais bonito da temporada 2015, neste nascente ano de 2016,  nos leva a crer que a Federação Internacional de Futebol (FIFA) venha fazendo feito uso de equipamento igual ou superior ao LSST para rastrear seus candidatos em campo. 

De qualquer forma, o método de seleção da amostra ficou menos importante a partir do momento em que a votação pelo gol mais bonito foi aberta ao público no site da FIFA. Graças à votação maciça de internautas brasileiros, Wendell Lira, 27 anos, o autor do gol premiado, conseguiu deixar jogadores de renome na rabeira, comendo poeira cósmica: "Lira venceu com 46,7% dos votos, contra 33,3% de Messi e 7,1% de Alessandro Florenzi, da Roma."

Por ironia do destino, quando a lista de concorrentes ao Prêmio Puskás foi divulgada em novembro de 2015, Lira estava desempregado e, portanto, nem na Série D ele jogava mais. Sua premiação, contudo, há de deixar rastros de esperança no universo dos jogadores desempregados, dos peladeiros das várzeas, dos aspirantes ao panteão dos profissionais da Série A.

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