UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: As coisas de volta

terça-feira, 9 de outubro de 2012

As coisas de volta

Sim, estou de volta. E sim: o céu continua sendo o limite. Ou, pelo menos, o meu limite. Porque do limite do Outro eu nada sei - conquanto que este Outro me avise claramente.

Claro, não estou me referindo aqui ao limite ético entre dois seres que toda relação honesta deve respeitar. Estou me referindo apenas aos limites que cada um escolhe para si, como objetivo de vida. Em outras palavras, essa espécie de horizonte no qual fixamos o olhar para dizer: é até lá que eu quero ir.

Mas não quero entrar em detalhes sobre os limites alheio, nem reclamar de quem nunca levantou os olhos do próprio umbigo para almejar coisa maior e melhor. Não! Vamos falar de coisas boas que queremos ver de volta... no horizonte das nossas expectativas.

Por exemplo, vejo com grande simpatia a decisão das autoridades turcas de reclamarem seus tesouros históricos de volta. Segundo noticiou hoje notícia publicada no jornal Folha de S. Paulo online, "autoridades turcas abriram um processo criminal nos tribunais pedindo uma investigação sobre a escavação, que eles afirmam ter sido ilegal, de 18 objetos que estão na coleção Norbert Schimmel do Museu Metropolitano de Arte de Nova York (conhecido como Met)" (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1164834-turquia-exige-volta-de-patrimonio.shtml).

A briga comprada pela Turquia promete incendiar o debate mundial sobre patrimônios culturais e históricos, já que "museus como o Met, o Getty, o Louvre e o Pergamon (de Berlim) dizem que sua missão de expor tesouros artísticos globais está sendo atacada pelas táticas empregadas pela Turquia". No âmbito transnacional, os museus do Primeiro Mundo se amparam em "práticas aceitas pela convenção da Unesco", as quais permitem "que museus adquiram objetos que estavam fora de seus países de origem antes de 1970".

Mas a Turquia não está só em projeto de repatriamento cultural: "O Egito e a Grécia fazem reivindicações semelhantes, e em 2006 a Itália persuadiu o Met a lhe devolver uma tigela antiga conhecida como a cratera de Eufrônio", prossegue a notícia.

Também no rol das coisas queridas que são exigidas  de volta - conquanto bem menos polêmica - está a mais que bem-vinda iniciativa da Universal Studios de reeditar a obra do visionário multi-instrumentista  Frank Zappa, falecido em 1993. De acordo com notícia publicada no jornal Hoje em Dia online, "a maior parte de seus vários discos (são dezenas, gravados entre 1966 e o ano de sua morte) será relançada, graças a uma parceria entre a Zappa Family Trust e a Universal Music" (http://www.hojeemdia.com.br/pop-hd/musica/universal-relanca-maior-parte-da-vasta-obra-de-frank-zappa-1.42684).

Excelente notícia! Porque se dependêssemos do repatriamento dos artefatos turcos para sermos felizes, estaríamos reduzindo drasticamente o horizonte das nossas expectativas - um mal do qual eu não desejo jamais ser acometida.

Sendo assim, nada mais me resta do que dar meu "boa noite" e deixar quem quer que tenha decidido passar por este blog hoje em companhia de uma das minhas preferidas do finado Zappa: com vocês, a mântrica "Camarillo Brillo", uma canção que não me sai da cabeça há pelo menos seis meses, muito provavelmente pelos seguintes dizeres:  "Well, I was born to have adventure/So I just followed up the steps".

Ha! Nada mal para quem tem o céu como limite!


Fonte: http://youtu.be/CdBRbDdk2mg

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