UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: A obra

terça-feira, 30 de outubro de 2012

A obra

Se as abelhas podem, por que você não pode?

É o que dá a entender a notícia veiculada hoje no jornal Hoje em Dia online sobre pesquisa da Universidade de São Carlos em parceria com a australiana Universidade de Queensland que comprova a habilidade das abelhas de reconhecerem uma obra de arte (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/bizarro/abelhas-conseguem-distinguir-obras-de-arte-aponta-pesquisa-1.50528).

Intitulada "Abelhas conseguem distinguir obra de arte, aponta pesquisa", a notícia tinha mais é que deixar de firula e propor logo algo como "A Obra de Arte na Era da Imbecilidade Técnica". Pois é assim que ela trata seu leitor potencial: "Um estudo realizado por cientistas do Brasil e da Austrália mostra que elas conseguem 'apreciar' obras diferentes, como o impressionismo de Monet ou uma pintura cubista do Picasso."

Claro que o termo "distinguir" aqui está sendo usado no seu sentido menos exigente: "No caso das abelhas, os pesquisadores isolaram um recipiente com açúcar atrás das pinturas, impedindo que os insetos sentissem o cheiro. Mesmo assim, eles conseguiram encontrar o alimento, por meio da associação às obras", relata a notícia.

Trocando em miúdos, graças a sua capacidade de processar informações visuais, as abelhas conseguiram chegar aonde queriam. Ótimo! Mas quem acreditou que as abelhas seriam capazes de fazer distinções estéticas elaboradas entre uma obra de arte "autêntica" e uma picaretagem estética qualquer, vai ficar a ver navios. Afinal, se a maior parte dos habitantes desta Roça Grande ainda não sabe distinguir nem "lá" de "cré", o que dirão as abelhas, que nunca foram credenciadas por nenhuma curadoria de arte.

Pois bem fazem elas ao se aterem à produção de mel: música açucarada anda dando muito mais Ibope do que música de câmara, por exemplo.

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