UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Detox inteligente

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Detox inteligente


Quanta contradição neste mundo!

Há alguns meses, muito foi falado em defesa das internações compulsórias para dependentes químicos que vinham sendo executadas pelas autoridades de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro (http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/05/sp-tem-primeira-internacao-compulsoria-de-dependente-de-crack.html). Até o dia em que um censo da Defensoria Pública da cidade do Rio de Janeiro revelou que a maioria dos moradores de rua não bebe nem usa drogas (http://odia.ig.com.br/noticia/rio/2013-05-16/censo-mostra-que-maioria-da-populacao-de-rua-nao-bebe-ou-usa-drogas.html).


Fato notório: o vício anda de mãos dadas com as contradições mal resolvidas. Não é para menos que as autoridades da Coreia do Sul estão cada vez mais preocupadas com uma adequada gestão do vício como forma de coibir determinados comportamentos tido como desviantes. O que não se podia imaginar, no caso desse país, era que os Smartphones, os famosos "telefones inteligentes", gerariam tamanha dependência a ponto de justificar uma intervenção enérgica da parte do governo local. 

As estatísticas estão lá para provar que a questão passou da esfera escolar para a de saúde pública: em um país cuja taxa de conectividade é mais alta do mundo, a constatação de que "quase 20% dos jovens estão 'viciados' em seus smartphones" já começou a preocupar especialistas dessas duas áreas (http://www.hojeemdia.com.br/noticias/ci%C3%AAncia-e-tecnologia/coreia-do-sul-quer-combater-o-vicio-dos-jovens-por-seus-smartphones-1.139516).

São sintomas de dependência dos tais telefones inteligentes: "ansiedade ou depressão quando não podem ter os aparelhos em mãos, tentativas frustradas de diminuir o tempo gasto com o aparelho e sensação de felicidade quando se está conectado". Isto porque, "80% dos estudantes sul-coreanos com idades entre 12 e 19 anos tinham um smarthphone (sic!) em 2012, o dobro do índice de 2011. Além disso, aproximadamente 40% dos donos desses aparelhos passam mais de três horas por dia no Twitter, conversando ou jogando, apesar de os professores apreenderem os celulares antes do início das aulas".

Mas a mais contraditória das contradições foi citada pelo ex-professor Kwon Jang Hee, um dos líderes de uma espécie de brigada nacional coreana contra o smartphone. Ele diz que "a rede de escolas Waldorf, nos Estados Unidos - cuja unidade do Vale do Silício, na Califórnia, é uma das escolas mais populares entre os pais que trabalham no Yahoo! ou no Google - aposta em um enfoque menos tecnológico e proíbe o uso de computadores em suas dependências".


Inspirados pelos californianos, as autoridades sul-coreanas apostaram em outro rol de atividades para recuperar sua juventude do vício dos telefones inteligentes: elas sugerem "uma parceria dos ministérios da Saúde e da Educação com as escolas, que organizariam cursos para prevenir a dependência da internet e acampamentos de férias para 'desintoxicar' os alunos viciados".

Com tanta contradição no ar, vou encerrando o assunto sem resistir ao trocadilho infame: "depois de usar burramente seu celular inteligente, nada como um Acampamento Waldorf Detox para voltar a ser gente". 

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