Quer explicar o que é cálculo político para uma criança de 5 anos, de forma clara e eficiente? Basta analisar as posições oficiais que os poderes Executivo e Judiciário de Minas Gerais vêm tomando com relação à onda de protestos que assola todo o país.
O exemplo dos protestos de rua é ilustrativo e demanda pouco poder de abstração, facilitando o entendimento até das crianças mais crédulas.
De um lado, temos o governador Antonio Anastasia que, "apesar de ter convocado a imprensa nesta terça-feira (18) para falar
sobre os protestos populares no Estado", acabou chovendo no molhado ao reafirmar "o
compromisso com a defesa da livre manifestação pacífica dos cidadão" (http://www.hojeemdia.com.br/minas/governador-defende-a-realizac-o-de-livres-manifestac-es-pacificas-no-estado-1.136740).
De outro lado, temos o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que "manteve a liminar do
governo de Minas que impede sindicatos de bloquear o trânsito durante a
Copa das Confederações". Ou seja, "o desembargador Antônio Sérvulo negou recurso
impetrado pelo sindicato da educação e da Polícia Civil e manteve a
proibição de protestos nas 853 cidades do estado" (http://oglobo.globo.com/pais/novo-protesto-fecha-avenida-proxima-ao-estadio-do-mineirao-8728969).
"Como explicar tamanha disparidade diante do direito de livre
manifestação?", perguntaria uma criança lactente minimamente curiosa.
Simples: o ocupante de um cargo é eleito por voto direto do povo e o
outro, não.
Agora, se quiser descobrir qual dos dois cargos é o eleito por voto
direto - e, portanto, mais afeito aos interesses eleitoreiros - eu passo
a vez. Sinto muito, mas eu teria de regredir no estágio evolutivo
humano e chegar ao estado primário da vida na famosa "sopa de
aminoácidos": só assim para explicar o óbvio de maneira tão simples.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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