UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Paraíso digital e utopia

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Paraíso digital e utopia

Prosaico esse mundinho digital! Ele é capaz de traçar para seu próprio ambiente prognósticos de um mercado de trabalho tão utópico que deixariam Thomas More totalmente basbaque.

O cenário - que, por sinal, não tem nada de modesto, foi delineado em um programa sobre digitalização exibido hoje na TV Folha. Segundo Luli Redfahrer, colunista da Folha de S. Paulo, "o empregado do futuro irá trabalhar 1 ou 2 dias por semana com muito mais eficiência do que a pessoa que sua sangue e 'se mata' no trabalho".

Neste novo mundo descrito como sendo de alta qualificação e menor número de empregos, parece não haver mais espaço para a exploração: "Você não vai mais sacrificar as pessoas. Trabalhar 6 dias por semana, 10 horas por dia. É muito tempo gasto no trânsito, sentado no escritório", afirma o especialista.

De fato, ninguém parece discordar de que passamos realmente muito tempo nesses dois ambientes. Mas qual seria a base de sustentação para um mundo do trabalho tão isento de sacrifícios? A resposta é dada por Renato Buselli, vice-presidente sênior da divisão Digital Factory da Siemens, em um discurso bastante alinhado com as proposições do colunista da Folha. Para ele, o "crescimento profissional de cada um vai depender ainda mais dos estudos e do aperfeiçoamento". E vaticina: "Educação vai ser mais nobre."

Ora, se o conhecimento há de pesar na balança desse fabuloso mundo do trabalho, você há de pensar que a educação se tornará, finalmente, uma prioridade nos investimentos empresariais e governamentais, certo? Errado! Ainda de acordo com Buselli, a chave do sucesso e da digitalização está assentada em outros "pilares sólidos" que são, a rigor, um "PIB industrial razoável e base automação e TI mais diversificada".

Resta ainda saber onde os profissionais do futuro (isto é, os poucos "eficientes" que não sucumbirem ao progresso da automação dos processos) buscarão os estudos e o aperfeiçoamento necessário para se manter nesse mercado sem sacrifícios.

Pelo visto, em meio a tantas utopias, a educação continua sendo a mais hardcore de todas!
O vaticínio veio do colo


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