Eu hoje aprendi a origem da expressão "entre a cruz e a espada".
Diz-se que os índios não tinham opções lá muito louváveis durante os 14 anos de governo de Mém de Sá no Rio de Janeiro (1558-1572): ou bem eles se submetiam ao jugo dos portugueses recém-chegados e eram escravizados, aceitando jornadasde 12 a 14 horas de trabalho, 7 dias por semana (opção "espada"), ou bem eles corriam para as barras da saia dos jesuítas (opção "cruz") para acatarem jornadas mais brandas de 8 a 9 horas de duração, tendo os domingos livres para rezar.
Por mais acurada que seja a expressão com relação ao sentimento que ela descreve, ela não deixa de omitir outras alternativas. Existia uma "terceira via" para os povos indígenas que viviam na região do Rio de Janeiro naquela época: juntar-se a uma bandeira e desbravar o interior do país, capturando outros índios para trazê-los à escravidão. Nada mal para um projeto identitário endossado pelo dominador: esqueça quem você é e cace o seu irmão. Claro, uma quarta opção também era possível: lutar, resistir e se esconder. Mas essa dava muito trabalho e gerava mortes. Como punição, esta última alternativa será execrada nos livros de história da maior parte das escolas brasileiras durante muitos e muitos anos.
É, eu hoje vou dormir menos besta... graças ao Kaká Werá!
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Na terra dos caraíbocas, antes da CLT
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Que coisa interessante; nunca poderia imaginar que esta fosse a origem desta expressão. Considerando a época a que se refere seu artigo fico pensando que o tempo passa, as coisas mudam de feição mas as desigualdades e pressões sociais continuam existindo iguais: hoje, ainda há muita gente entre a cruz e a espada!
ResponderExcluirLuzia,
ResponderExcluirNem eu imaginava. Mas a atualidade da situação é que impressiona. Enfim, vivendo e aprendendo. : )