UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Parece mentira, mas não é...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Parece mentira, mas não é...

Esse Brasil é muito maior do que a gente imagina. Mas o que aumenta mesmo com a distância é o desconhecimento que temos de certas realidades que grassam pelo país afora.

Vejam vocês que 112 possíveis formandos da Universidade Estadual do Amapá, primeira instituição estadual de ensino superior daquele estado, descobriram agora em março que não poderão receber seus diplomas de graduação porque "a universidade ainda não regularizou nenhum curso no CEE (Conselho Estadual de Educação) nem se cadastrou no MEC (Ministério da Educação)" (http://www1.folha.uol.com.br/saber/896948-na-colacao-aluno-descobre-que-diploma-nao-vale.shtml). "Para o ministério, a Ueap não existe", vaticina a matéria.

Apesar de estar em funcionamento há cinco anos, a instituição acabou naufragando no próprio processo de reconhecimento institucional. No âmbito local, o CEE argumenta paralisação do processo em função do déficit de pessoal qualificado para avaliar instituições de nível superior, sendo a maioria dos avaliadores trazidos de outros estados. No que se refere ao processo junto ao MEC, a coisa não anda nem de longe melhor: o reconhecimento também ainda não foi concluído e, ao que parece, nem tem prazo para ser.

O problema é que sem o devido reconhecimento do CEE e do MEC, a "Ueap não pode participar do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudante), que avalia os alunos, nem receber recursos de emendas parlamentares". Além disso, de acordo com a matéria, a UEAP está devendo o aluguel de um de seus dois campi desde o mês de outubro de 2010.

Mas para quem achava a desgraça já não era pouca, eis aqui a cereja do bolo: "Em cinco anos de existência, a Ueap nunca fez concurso para contratar professores. Os docentes são funcionários cedidos pelo Estado ou temporários". Melhor do que isso, só se os prédios fossem construídos com lego.

Em tempo: laudo técnico confirma que o urso Knut, aquele que fora rejeitado pela mãe e adotado por milhões de curiosos babões no zoológico de Berlim, morreu afogado em virtude de uma encefalia (http://www1.folha.uol.com.br/bichos/896967-urso-polar-knut-morreu-afogado-apos-inflamacao-no-cerebro.shtml).

A história de Knut foi marcadas por perdas precoces e trágicas. Depois de ser rejeitado pela mãe, Knut foi criado pelo seu tratador, um tal Thomas Doerflein. Só que este acabou morrendo também jovem, aos 44 anos, em consequência de uma parada cardíaca.

Interessados em prestar homenagem ao urso afogado, devem aguardar alguns meses até que seu corpo seja empalhado e devolvido à adoração pública; ou então, podem participar da manifestação prevista para amanhã, sábado, dia 02, e que está sendo organizada por milhares de fãs indignados, que tentam evitar que o bicho seja justamente empalhado para adoração pública. Para o grupo dos primeiros formandos da UEAP, ficam aí duas excelentes dicas de atividade para matar o tempo, já que eles não terão muito o que fazer enquanto as autoridades estiverem discutindo a regularização de sua universidade.

Para os futuros professores desta instituição curso, fica aqui o meu convite: dar aula em uma universidade fantasma (visto que não existe institucionalmente), ameaçada de despejo (já que não paga aluguel), subfinanciada (porque nem pode receber verba licitamente). Alguém se habilita? Candidatos interessados, favor encaminhar seu currículo à Terra do Nunca. Pois, como diria Fernão Capelo Gaivota, "longe é um lugar que não existe!"... nunca.

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