UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Azedume

terça-feira, 18 de março de 2014

Azedume

Azedume no Além, segundo as más línguas.

Inconformados, Pixinguinha, Nelson Gonçalves e Dorival Caymmi se unem ao vivíssimo Paulinho da Viola para entoar sua indignação com o fechamento, no dia de ontem, da loja de instrumentos Guitarra de Prata. Frequentado por esses e outros titãs da MPB, o Guitarra de Prata, um dos mais famosos estabelecimentos comerciais da cidade do Rio de Janeiro, funcionava no casarão 37 da Rua da Carioca há nada mais, nada menos do que 127 anos (http://oglobo.globo.com/blogs/blog_gente_boa/posts/2014/03/18/a-guitarra-de-prata-fecha-as-portas-na-rua-da-carioca-528038.asp). 

De acordo com notícia publicada hoje pelo jornal O Globo online, "as atividades no tradicional casarão 37 foram encerradas por conta de uma ação de despejo movida pelo [Banco] Opportunity." A ação de despejo veio na senda de uma jogada imobiliária do banco, o qual "comprou, da Ordem Terceira da Penitência, 18 casarões no lado ímpar da rua." O passo seguinte foi a proposição de um reajuste de mais de 100% no valor do aluguel, o que incidiu um aumento de R$ 7 mil para R$ 15 mil mensais.

É, pelo visto o banco desperdiçou uma grande "opportunity" de se lançar no seara do marketing cultural e apoiar 127 anos de história. Mas bancos não são instituições de caridade, dirão alguns. Certo. Mas bem que os bancos que podiam respeitar também o patrimônio cultural da cidade, já que "em junho do ano passado, o prefeito Eduardo Paes chegou a publicar um decreto criando o Sítio Cultural da Rua da Carioca, abrangendo toda a rua e tombando definitivamente nove imóveis", dentre eles o próprio Guitarra de Prata.

Depois disso tudo, fica no ar a dúvida: para quê, afinal, serve um banco? Na minha humilde opinião, só para se sentar nas pracinhas e ouvir boa música.  O resto... 

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