UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Magreza consciente

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Magreza consciente

Respire fundo! Tem moda nova no mercado das esperanças vãs.

A nova moda em questão toca em cheio uma das principais fontes de constrangimento e preocupação de um grande número de mulheres contemporâneas: o controle do peso por meio de dieta.

De acordo com notícia publicada hoje no jornal Folha de S. Paulo, o Centro de Medicina Integrada da Universidade de Duke desenvolveu a chamada dieta da consciência, dieta que ensaia métodos supostamente novos para uma das grandes preocupação do momento: "A ideia por trás da nova técnica combina psicologia com pesquisa nutricional para romper o ciclo do efeito sanfona." (http://ela.oglobo.globo.com/vida/dieta/dieta-da-consciencia-promete-magreza-eterna-15795096).

Contudo, entretanto, porém... não leva nem duas respirações diafragmáticas completas para tomarmos consciência de que o prazer aspirado, ao se adotar hábitos alimentares saudáveis, nada mais é do que um exercício de consciência plena do presente. Como bem relata a notícia, "tudo isso seria feito com o poder da consciência, por meio de uma técnica psicológica que pretende ensinar como estar 'presente' no momento da refeição e fazer um balanço das mensagens enviadas pelo corpo."

Por mais colada que a dieta esteja nas técnicas mais modernas da psicologia e da pesquisa nutricional, a semelhança com técnicas milenares de ioga e meditação fica evidente em trechos como o que se segue: "De acordo com o estudo da universidade, praticar algumas técnicas simples da dieta da consciência seria suficiente para construir autoconhecimento necessário para sair do automático a qualquer momento e avaliar claramente o que está prestes a ser colocado na boca".


O "problema" da dieta da consciência (se é que isso é realmente um problema) é que o tão almejado estágio avançado de atenção plena e autoconhecimento jamais ficaria restrito às opções alimentares e acabaria "invadindo" as demais áreas da vida dos seus adeptos (para o bem destes últimos, diga-se de passagem).  Em outros termos, sair do "automático" nas nossas relações e opções de vida pode envolver reavaliações mais profundas, inclusive quanto à necessidade real de uma dieta. Ou seja, se ela está sendo feita para gerar mais saúde ou se está sendo seguida para agradar a terceiros e se adequar a um padrão de beleza inatingível.

Isto posto, a única coisa realmente honesta e garantida nesta notícia é o seu título: "Dieta da consciência promete magreza eterna". Ora, se, no limite, o estado máximo de plena consciência de que se tem notícia é a própria morte, nada mais adequado que a magreza "eterna" seja uma conquista que só nossos esqueletos podem obter. Isto é: enquanto eles não virarem pó e ao pó não retornarem, sem maiores preocupação com o peso.

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