Nem bem começou a estiagem e os jornais já começam a alardear a baixa no volume de água dos reservatórios que abastecem cidades como a Roça Grande: "depois de apresentarem altas consecutivas desde o final do mês passado,
os níveis dos reservatórios que abastecem Belo Horizonte e região
metropolitana começaram a sofrer uma ligeira queda, nesta terça-feira
(14)" (http://www.hojeemdia.com.br/horizontes/reservatorios-de-agua-em-minas-comecam-a-baixar-com-fim-do-periodo-chuvoso-1.311577).
Porém, como tudo é uma questão de perspectiva e um certo teor de otimismo cínico é necessário para seguir vivendo, temos que refrear os temores e pensar pelo outro lado. "Pensar pelo outro lado" significa, neste contexto, abandonar a ideia de que vivemos atualmente um período de estiagem.
Em primeiro lugar, a estiagem não se aplica ao presente cenário porque, a rigor, esta vem após um período honesto de chuva. Como nem isso tivemos este ano, melhor deixar a estiagem para lá.
Em segundo lugar, os prognósticos de chuva não são tão ruins assim. Eles estão apenas na média de chuva alcançada nos anos anteriores, de acordo com Claudemir Félix, meteorologista do Instituto PUC Minas ClimaTempo: "Em abril, normalmente temos uma precipitação de 61 milímetros. Em maio,
de 28 mm e, em junho, de 14 mm. Em 2015, vamos ficar nessa média mesmo", explica.
Em terceiro lugar, em que pese apesar esta experiência coletiva de insegurança crônica, ainda há margem para acreditar que ainda estamos vivendo no planeta Terra. Mas nada é tão ruim que não possa ser piorado (segundo reza a cartilha do otimismo cínico), pior seria se estivéssemos em Saturno, lá onde as grandes tempestades
levam de 20 a 30 anos para se formar: "A cada 20 a 30 anos, enormes
tempestades tomam a atmosfera de Saturno,
formando um cinturão de nuvens que chega a dar a volta no planeta",
o que permite a formação das chamadas "grandes manchas brancas." (http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/cientistas-explicam-misterio-das-supertempestades-frequentes-em-saturno-15860865).
A quarta saída para fugir do desespero climático seria: a) acreditar
em abdução; e b) rezar para que ela aconteça. E se acaso ela acontecer,
reze para: c) esbarrar em Júpiter e não Saturno, visto que as chuvas no
primeiro são mais frequentes, apesar de mais esparsas. Isto porque dados
fornecidos pela Sonda Espacial Cassini "indicam que o interior da
atmosfera de Saturno é mais úmido do que o de
Júpiter e é por isso que ele, o maior planeta do Sistema Solar,
apresenta tempestades menores, mas mais constantes, que o gigante gasoso
dos anéis."
Quinta
e última possibilidade: tornar-se o Senhor dos Aneis e, de posse do
Anel de Sauron, fugir para rincões mais genuinamente otimistas neste
universo.
Como
presente para o leitor exigente que eu sei que você é, deixo aqui um
leque de opções capazes de ventilar otimismo pelos meses vindouros.
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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