Só mesmo um humor destilado com ironia para digerir a pataquada antidemocrática que o senhor Eduardo Cunha aprontou nesta ditosa semana. Da atitude golpista, ficou uma lição básica: só o humor inteligente é capaz de resgatar a moral de mulheres e homens de bem.
A melhor da semana, seguindo esta linha de autoajuda psicológica, ficou a cargo do Piauí Herald. De acordo com o factoide humorístico, "Eduardo Cunha articula para o Brasil jogar novamente contra a Alemanha" (http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/herald/brasil/eduardo-cunha-articula-para-o-brasil-jogar-novamente-contra-a-alemanha).
Ao que parece, depois do seu último golpe regado a inconstitucionalidade, Cunha já vislumbra um novo horizonte para o futuro da democracia no país: "Abri negociações para que o Brasil jogue diversas vezes com a Alemanha
pela semifinal da Copa do Mundo. Só estaremos satisfeitos quando
avançarmos para a final com, pelo menos, dois gols de diferença. Um
deles tem que ser do David Luiz, de bicicleta, com um passe do Firmino", teria dito o deputado em entrevista fictícia ao jornal humorístico.
Não muito atrás no quesito "humor autoajuda" foi a notícia do Sensacionalista, segundo o qual "Espermatozóide é preso por roubar a vida que seria de outro" (http://sensacionalista.uol.com.br/2015/07/02/espermatozoide-e-preso-por-roubar-a-vida-que-seria-de-outro/). Segundo notícia igualmente fictícia, "após a aprovação da redução da maioridade penal para a idade de
espermatozoide, a polícia prendeu o primeiro criminoso acusado de matar
milhares de irmãos."
Em tempo: as decisões por consenso são fruto de um aprendizado tão "difícil" que até os babuínos quenianos da espécie Papio anubis dão conta do recado. É o que sugere notícia publicada há umas duas semanas atrás na Revista Science processo decisório de locomoção e mudança de direção de babuínos foi analisado em profundidade, com o auxílio de colares GPS: "O resultado é que a probabilidade de certos movimentos arrastarem
consigo um grande número de seguidores não tem nada a ver com o sexo, a
idade ou a posição de cada babuíno na hierarquia do grupo. O fator mais
importante é a concordância entre diversos 'iniciadores' [indivíduos que lideram deslocamentos] - ou seja,
quanto mais babuínos indo mais ou menos para o mesmo lado, maior a
chance de outros macacos seguirem a onda." (http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2015/06/1644815-bandos-de-babuinos-tomam-decisoes-democraticamente.shtml).
E o que temos de aprender com eles? A forma mais racional de resolver dissensos decisórios. Segundo a notícia, quando não há concordância entre "iniciadores", "os seguidores tendem a esperar até
que surja um consenso ou, se os 'iniciadores' estão indo para direções
muito diferentes, às vezes os membros do grupo se dividem entre mais de
um 'iniciador'. Por outro lado, quando as direções não são exatamente
iguais, mas se aproximam, os macacos tendem a adotar um caminho
consensual entre uma direção e outra".
Isto posto, só consigo antecipar uma única saída honesta para homens e mulheres de bem deste país: presentear Eduardo Cunha com um colar GPS e mandá-lo para o Quênia!
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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