Dia 30 de junho de 2015 devia entrar para a história como um dia de eventos astronômicos marcantes e altamente populares.
Em primeiro lugar, nunca se falou tanto da conjunção Vênus/Júpiter como neste ano (http://www.climatempo.com.br/noticia/venus-vai-ficar-ao-lado-de-jupiter). Longe de ser uma raridade, o fenômeno conseguiu arrecadar muitos pescoços esticados para o céu e câmeras apontadas para o pôr do sol (inclusive o pescoço e câmera desta que vos escreve).
Em segundo lugar, nunca se falou tanto de instâncias internacionais como o Serviço Internacional de Rotação Terrestre, o Serviço Internacional de Rotação da Terra e Sistemas de Referência Saltar, a União Astronômica Internacional e a União Internacional de Geodésia e Geofísica, todas elas de alguma forma envolvidas na medicação do Tempo Universal Coordenado, que é o tempo tal como nossos relógios o registram. Tudo isso porque, além da brilhante e totalmente visível conjunção entre Vênus e Júpter no dia de hoje, seremos também brindados com um segundo a mais no nosso dia.
De acordo com notícia publicada no jornal Folha de S. Paulo online, este segundo a mais servirá para "compensar as pequenas variações que se acumulam ao longo do tempo e
produzem uma defasagem entre o período de rotação da Terra e as 24 horas
do dia" (http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2015/06/1649702-dia-30-de-junho-tera-um-segundo-a-mais-entenda.shtml).
Um ajuste desta natureza só foi possível com a criação de relógios atômicos nos idos de 1970, capazes de registrar pequenas defasagens "entre o Tempo Universal
Coordenado, que é o tempo atômico em que se baseia a hora dos nossos
relógios, e o tempo de rotação terrestre, que toma como referência a
posição do Sol".
O mais interessante, contudo, foi aprender que a inexatidão da rotação da Terra tem lá suas razões:"A necessidade de acrescentar um segundo adicional se deve a minúsculas
variações da duração do dia que se acumulam, por a Terra não ser um
sólido rígido. A rotação do globo é afetada pelo acoplamento de núcleo,
manto líquido, oceanos, atmosfera".
Para brindar este dia, que nos presenteia com uma segundo a mais, façamos uma reverência à fluidez, aos encontros e aos aprendizados luminosos. E que a seguinte questão nos guie a reflexão: "se nem mesmo a Terra não é rígida, por que eu hei de ser?"
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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