UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: Desafio poético - 2º dia

terça-feira, 7 de julho de 2015

Desafio poético - 2º dia

Depois do drama, a sátira. E ninguém melhor do que Juó Bananére, um joão-banana que fez da poesia brasileira um negócio mais alegre e engraçado.

Para quem não sabe (e eu mesma não sabia até ganhar o livro em questão), Juó Bananére é o pseudônimo de Alexandre Ribeiro Marcondes Machado que, em 1915, teve a brilhante ideia de escrever La Divina Increnca e tornar-se o pai do macarronismo no Brasil. Ao prefaciar a obra em 1958, Otto Maria Carpeaux explicou que macarronismo é uma "mistura intencional e literária de duas línguas para fins parodísticos" (p. xi).

O que Juó Bananére faz nada mais é do que misturar o italiano com o português para satirizar algumas coisas que faziam parte do seu universo: de um lado, a poesia parnasiana, com suas convenções e regras; de outro, os italianos recém-migrados para os subúrbios da cidade de São Paulo.

Com sua poesia satírica, Juó Bananére acende, portanto, vela para dois santos. Não vou me alongar mais nos comentários. Basta ler para rir. Espero que vocês se divirtam o tanto que eu me diverti com essa poesia tão saborosa quanto macarronada italiana!

Sodades de Zan Baolo

Tegno sodades dista poliçea,
Dista cidade chi tanto dimiro!
Tegno sodades disto çeu azur,
Das bellas figlia lá du Bó Ritiro.

Tegno sodades dus tempo pirdido
Xupano xoppi uguali d'un vampiro
Tegno sodades dos bigigno ardenti
Das bellas figlia lá du Bó Ritiro.

Tegno sodades lá da Pontigrandi,
Dove di notte se vá dá um giro,
I dove vó si spiá como n'un speglio,
As bellas figlia lá du Bó Ritiro.

Andove tê tantas piquena xique,
Chi a genti sê querê dá un sospiro,
Quano perto per caso a genti passa, 
Das bellas figlia lá du Bó Ritiro.

Tegno sodades, ai de ti - Zan Paolo,
Terra chi eu vivo sempre n'um martiro
Vagabundeano come un begiaflore,
Atraiz das figlia lá du Bó Ritiro.

Tegno sodades da garôa fria,
Assustada com o sopro du Zefiro,
Quano io durmia ingoppa o collo ardenti
Das bellas figlia lá du Bó Ritiro.

 
   
 



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário