Vou ser sincera com vocês: não tenho lá muita paciência com blogs. Nem com o meu, para ser ainda mais honesta. Não fosse o ato de escrever uma necessidade que oscila entre a dependência química e o desvio de caráter, eu não teria nem tomado conhecimento da ferramenta. Que me perdoem, portanto, os amigos blogueiros, mas estou bem longe de ser uma ávida leitora de blogs.
Isto posto, foi com um misto de simpatia e irritação que li a notícia publicada hoje na Folha de S. Paulo online sobre a visita da famosa (e controversa) blogueira cubana, Yoani Sánchez. Segundo a notícia, a "blogueira e ativista política cubana Yoani Sánchez foi recebida com
protesto por um grupo de cerca de 20 pessoas no aeroporto internacional
de Recife, na madrugada desta segunda-feira."
Meu quinhão de irritação surgiu quando tomei conhecimento da reação esboçada pelos manifestantes ao longo do percurso percorrido por ela entre o portão norte e o portão sul: ainda conforme a notícia, "no caminho, os manifestantes leram
uma carta aberta na qual diziam que o blog dela é um meio de
desinformação e que faz uma campanha anti-Cuba. Eles também jogaram
dólares falsos na direção da blogueira".
Sem nunca ter lido uma única linha do blog da dita-cuja, declaro minha total simpatia pela blogueira. Obviamente, tal simpatia não decorre do fato de ela fazer (supostamente) propaganda anti-cubana e anti-comunista. Nem muito menos sou propensa defender a chamada "livre expressão" às custas de qualquer outra coisa, como, por exemplo, bom senso, caráter e dignidade.
Mas morro de preguiça de críticas como essa da "desinformação", independetemente do fato da opinião da blogueira ser acurada ou não. E acho o fim da picada alguém ser penalizado por estar "destruindo" expectativas alheias. Pois muito pior do que projetar a imagem que lhe apetece sobre seu obejto de desejo é alguém se indispor com quem quer que venha a contrariar um mísero aspecto desta projeção.
Meu quinhão de simpatia ficou, então, para a resposta da blogueira cubana, que brilhou pela elegância: "foi um banho de democracia e pluralidade, estou muito feliz e queria
que em meu país pudéssemos expressar opiniões e propostas diferentes com
esta liberdade." Um tapa de luvas de pelica na cara dos defensores do paraíso perdido.
Aliás, o próprio fato de estar ali, no saguão do aeroporto de Recife, já é em si uma grande conquista da ativista. Sua passagem pelo Brasil marca o ponto de partida de uma turnê mundial, na qual ela visitá a República Tcheca, Espanha, México, Estados Unidos,
Holanda, Alemanha, Peru, entre outros países. Sem dúvida, um prêmio pela perseverança: "Nos últimos cinco anos, Yoani
havia recebido mais de 20 recusas para poder viajar ao exterior", conclui a notícia.
Concluo também que, pelo sim, pelo não, o melhor é ir dormir, que amanhã o dia vai ser longo. Meu boa noite para quem fica!
A autora criou esse blog para divagar sobre o que lê diariamente nos jornais, com foco principalmente (mas não exclusivamente) na cobertura diária de ciência. Suas principais armas são a ironia de inspiração machadiana e um computador bacaninha (ela tirou o escorpião do bolso e comprou um de verdade). Ao citar alguma passagem, por favor, dê créditos para a autora: até para as grandes bobagens o direito autoral é inalienável.
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