UA-89169382-1 Crônicas de Juvenal: TV e fertilidade

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

TV e fertilidade

É do tempo do onça o comentário: "meus avós tiveram muitos filhos porque não tinham TV em casa". O que não se sabia até então é que a relação entre a ausência de TV/fertilidade poderia ter algum fundamento científico.

Pois é o que dá a entender, à primeira vista, este estudo publicado na revista online British Journal of Sports Medicine, segundo o qual "homens saudáveis que assistem a mais de 20 horas de TV por semana têm quase metade da contagem de espermas em comparação com homens que assistem poucas horas de programação" (http://oglobo.globo.com/saude/espermas-diminuem-50-em-jovens-saudaveis-que-assistem-20-horas-de-tv-por-semana-7490941).

O estudo analisou "a qualidade do sêmen de 189 homens entre 18 e 22 anos entre 2009 e 2010, todos de Rochestes, no estado de Nova York, EUA", revela notícia publicada hoje no Jornal O Globo online. No entanto, apesar do número de horas de exposição à TV ter sido um dos indicadores utilizados, o que se quis medir ao certo foi a influência do sedentarismo na produção de esperma e, possivelmente, na sua qualidade também, o que pode acarretar sérias consequências para a fertilidade masculina. 

Descobriu-se, entre outras coisas, que um maior número de horas dedicadas ao esporte aumenta o volume de esperma. "Homens mais fisicamente ativos (que faziam mais de 15 horas de exercícios físicos por semana) tinham mais tendência a uma dieta mais saudável que os que assistiam a muitas horas de TV e tiveram uma contagem de espermas 73% maior que os mais sedentários". Em contrapartida, "a TV teve resultado oposto: aqueles que assistiam a mais de 20 horas por semana tiveram a contagem de espermas 44% mais baixa que quem assistia por menos tempo."



No final das contas, a correlação entre sedentarismo e fertilidade acabou não sendo evidenciada, já que "os autores alertaram que a redução na contagem de espermas não necessariamente diminui a fertilidade masculina". Do ponto de vista qualitativo, também não se mensurou grandes variações no "mobilidade, formato ou volume das amostras" em função do maior ou menor número de horas ocupadas com exercício físico. O que se conseguiu medir, na verdade, foi que "as descobertas sugerem que um estilo de vida mais ativo pode aumentar a qualidade do sêmen".


Mas perigoso mesmo vai ser se a TV - e não os exercícios físicos - se transformarem no foco de atenção das políticas públicas de saúde. Em um mundo em que a população mundial cresce assustadoramente, usar a TV como método contraceptivo pode ser um "barato" que sai "caro". Afinal de contas, pode até ser que a TV diminua a quantidade de espermatozóides em homens sedentários que comem em frente à TV, mas, infelizmente, ela nada poderá fazer para elevar a "qualidade" do sêmen produzido pelos mais aficcionados. Se assim fosse, as novas gerações jamais continuariam a ver as mesma programação de baixa qualidade nas TV comercial que seus pais tanto prezaram. E seus avós rechaçaram... para o próprio bem da Humanidade.  

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